Tema/ Educação Musical na Maturidade
Por: Viviane Lima Fernandes • 24/9/2016 • Artigo • 2.151 Palavras (9 Páginas) • 208 Visualizações
Fichamento
Ezenice Bezerra
Educação musical na maturidade |
Assunto: Tema/ Educação Musical na Maturidade |
LUZ, C. Marcelo. Educação na Maturidade. São Paulo: 2008. 146p |
Resumo/ Conteúdo de interesse: Profissionais da educação devem estar cientes dos mitos e estigma relacionados a educação musical para idosos, pois esses mitos são inibidores da capacidade dos idosos viverem suas próprias experiências. Zimerman (2000, p. 21-25) ressalta que as alterações físicas são naturais ao longo do tempo e que a sociedade precisa trabalhar na transformação desse olhar preconceituoso, para uma visão mais abrangente e compreensiva, no que diz respeito ao processo de envelhecimento e ainda lembra da individualidade biogenética. Já Mercadante (2003), sugere que a identidade do velho com todos os seus significados depreciativos está relacionada a relação pelo outro e com o outro e construção individual e social. Para se trabalhar com idosos é necessário considerar uma realidade, confrontando com vários mitos e estigmas. Uma abordagem clara de Mister é que se observe a forma como os idosos são apresentados pela mídia, pois infelizmente, quase sempre aparece de uma forma caricata e estigmatizada e de inferioridade. Para o enfrentamento dessa realidade é necessário que se admita e busque meios de se a enfrentas. Para Messy (1999, p. 13) a gerontologia não terá futuro se não reintegrar o indivíduo e a velhice na história de uma vida inteira. Em nossa sociedade admitir novas aprendizagens na velhice trata-se de um desafio de enfrentamento dos preconceitos em relação as capacidades dos seres na maturidade sempre medida a partir da capacidade dos jovens. Morangas (1997, p. 66) referindo- se a negação da possibilidade da aprendizagem a terceira idade, adverte que com esse condicionamento adverso é difícil propor, de maneira favorável, a aprendizagem na velhice. |
A aprendizagem musical do idoso na atualidade. P.22 A fim de garantir relevante relação entre prática e teoria na aprendizagem musical, entende-se que o músico/educadores, conservatórios, escolas livres de música, projetos no terceiro setor e escolas oficiais de educação básica que tenham incluído música como um de seus componentes curriculares, precisam, de fato, atentar a essa problemática que pode comprometer segundo Beyer (1999, p.10), o verdadeiro sentindo da Sensibilização Musical e, como consequência, o de fazer música musicalmente. Este paragrafo se refere a uma sensibilização musical como prioridade e por consequência o fazer música. |
P.23 Apesar da dificuldade de se romper efetivamente com as práticas tradicionais, há propostas alternativas que reformulam os antigos paradigmas que regiam o tradicional processo de Educação Musical Contemporâneo refuta as concepções anteriores e aponta uma nova perspectiva desse tipo de formação, inclusive possibilitando a alfabetização da linguagem musical, independentemente de requisitos de ordem social, intelectual ou etária. Esse parágrafo diz que a alfabetização musical, não está relacionado a faixa etária, tema que está sendo tratado nesse livro, muito menos ordem social ou intelectual. |
Fundamentação pedagógica P.27 Edgar Biles (1890-1978) pesquisou, aplicou e sistematizou uma das mais importantes metodologias difundidas em vários países europeus e latino americanos. Seu trabalho fomentou uma corrente internacional de Educação Musical chamada “ movimento “willemsiano”, cujas ideias permitiram uma nova compreensão do significado da aprendizagem musical, remetendo o educador a trabalhar, sempre da forma mais musical possível. Em sua obra, Willems (1970, pp. 7-8), considerano a Educação Musical como um instrumento propiciador do desenvolvimento das faculdades humanas afirma que: Atualmente, toda cultura tende a considerar a Música como um fator importante da formação Da personalidade humana; não apenas porque Ela cria um clima particularmente favorável ao Despertar das faculdades criadoras, mas ainda Pode vivificar a maioria das faculdades humanas E favorecer o seu desenvolvimento. Segundo o método willemsiano a música tem a capacidade de desenvolver as funções do ser humano de uma forma muito ágil. |
Envelhecimento e Educação Musical- Mitos e estigmas P.34 Os profissionais da Gerontologia e da Educação não podem ignorar que, em nossa sociedade, os conceitos de Envelhecimento e Educação Musical trazem em seu bojo mitos e estigmas que, infelizmente, funcionam como elementos dificultadores ao desenvolvimento de determinadas habilidades e como inibidores da capacidade dos idosos viverem novas experiências, dentre elas, novas aprendizagens.
P. 37 O enfrentamento dos mitos, sobre o processo de envelhecimento, rebate a ideia de que, com a velhice, o momento da incapacidade chegou. Sabe-se que ocorrem inúmeras alterações no aspecto físico, social, econômico, familiar, além de mudanças de atitudes e outras relacionadas à autonomia de ser e de viver. É preciso fazer um enfrentamento aos mitos que envolve os idosos como a educação musical. |
O Perfil do Educador Musical para trabalhar com idosos. P. 45 Atualmente, sabe-se da existência de muitos autônomos atuantes no mercado de trabalho e inseridos em projetos que envolvem, de alguma forma, a prática musical e consequentemente, a aprendizagem musical direcionada ao público idoso. Tal realidade aponta questões que precisam ser observadas por esses profissionais: a complexidade do processo do envelhecimento, a prática musical de idosos, além de conhecimentos específicos sobre a terceira idade. O Importante é saber que o idoso além das questões relacionadas ao físico, tem também o emocional que precisa ser cuidado. |
Caracterização e aspectos históricos da pesquisa O perfil dos idosos P. 57 As primeiras atividades de aplicação da proposta metodológica de Educação Musical com idosos foram realizadas no período de fevereiro de 1998 a dezembro de 2000, destinados a um grupo aproximadamente de 90 participantes. Denominado “ Clube das Vovós”. O resultado obtido superou as expectativas iniciais, tendo –se revelada a amplitude dessa proposta de Educação Musical, quando aplicada a pessoas da terceira idade. P.58 Numa segunda fase de aplicação (de fevereiro 2001 a dezembro de 2002), movido pelos resultados alcançados com o grupo inicial, tomei a decisão de realizar duas novas experiências com os grupos menores. Nessa fase, objetivava comprovar a existência de diversidade. Os resultados alcançados com a aprendizagem musical nesses grupos menores, onde os integrantes puderam ser observados numa perspectiva mais individualizada, apontaram para a mesma realidade de aprendizagem constatada no trabalho desenvolvido com o grupo maior, em que os participantes apresentaram um desenvolvimento musical amplo, consciente e específico, no que tange as habilidades sensoriais, motoras e cognitivas da velhice. O resultado tanto do primeiro quanto segundo experimento são satisfatórios, observando que o segundo, sendo um grupo menor apresenta um melhor desempenho. |
A proposta metodológica de Educação Musical P.65 Inclui entre seus princípios a abolição de mitos e estigmas relativos à impossibilidade do idoso aprender a linguagem musical e, portanto, o fazer música. Desenvolve-se por meio de encontros semanais em que o participante vivencia duas etapas principais que devem constituir o processo de educação musical Sensibilização e Iniciação/ Alfabetização da Linguagem Sonora. Na etapa de Sensibilização são promovidos exercícios vivenciais dos elementos que constituem a música como uma linguagem sonora e expressão cultural numa determinada sociedade, incluindo componentes do cotidiano popular. A segunda etapa é a que promove o raciocínio da linguagem sonora; desenvolvimento do pensamento lógico e crítico, ou seja, a etapa da Iniciação /Alfabetização Musical. Nela introduz-se o trabalho com elementos teóricos e os códigos simbólicos de notação da linguagem encontrados ao longo do desenvolvimento da leitura musical. Essa Etapa tem por objetivo transformar a música em sinais concretos. Essas fases são importantes da forma que foram constituídas pelo desenvolvimento do processo. |
Etapa de Sensibilização a Linguagem Musical Trabalho com o Fenômeno sonoro e as propriedades do som P. 82 Iniciou-se o trabalho, estabelecendo uma reflexão da música como uma forma de expressão e de manifestação artística, concreta e subjetiva da humanidade, que nasce do fenômeno acústico e se transforma numa forma de linguagem podendo ser expressão de uma determinada cultura, no caso a ocidental. Estudar o fenômeno de como ocorre despertou um grande interesse nos participantes. A partir das reflexões realizadas e da quebra dos antigos paradigmas com o grupo, resultantes das vivencias e de leituras das suas obras indicadas, os participantes conseguiram elaborar uma definição de música que na essência, coincide com a ideia defendida por Schafer (1991, p. 35) “ música é uma organização de sons (ritmo, melodia etc.) com a intenção de ser ouvida”. O interesse dos participantes é gratificante e a capacidade de organização do que é som, é fruto dessa metodologia. |
Sensibilização Rítmica P. 99 “ O ritmo é um elemento de vida, particularmente de vida fisiológica, cuja origem surge prática se acha no corpo humano”. P. 100 Quando se trabalhou com elementos de pulso, andamento e acento com os idosos, iniciou-se um processo de sensibilização lúdica a partir de uma escuta sinestésica, da seguinte forma: ao se colocar uma música no aparelho de som, solicitava-se para que os participantes caminhassem, manifestando com o corpo o principal elemento percebido – que estivessem realmente sentido. Nessa vivencia podia observar que alguns participantes caminhavam no pulso e outros no acento. Os que possuíam uma maior mobilidade caminhava mais depressa, no pulso, os outros caminhavam de forma mais lenta. Com isso, conseguiu-se concretizar a percepção dos idosos desses dois elementos, dado seu envolvimento prático. |
Dança e a expressão corporal p.106 Nessa proposta metodológica de Educação Musical da Maturidade, o desenvolvimento da percepção, da consciência corporal e da apreciação musical dos idosos, se deu através da dança e da expressão corporal, como um instrumento facilitador da sensibilização a Linguagem Sonora. Dançar também funcionou como instrumento fixação da sensibilização ao ritmo e ao som, desenvolvida com os idosos. |
Etapa de iniciação Algumas particularidades sobre ritmo e métrica na iniciação musical com maturidade P.130 As atividades de sensibilização que incluíam o desenvolvimento do ritmo e da métrica, sem a leitura da notação, foram resgatadas na etapa de Iniciação à Linguagem Musical, com o objetivo de repassar a experiência anteriormente vivenciada e impulsionar o reconhecimento dos elementos gráficos que constituem a notação rítmica musical. É relevante registrar que, inicialmente os exercícios propostos não continha uma organização em compassos, mas, apenas uma organização sequencial e simétrica de figuras rítmicas. Tal prática permitiu conectar dois mundos que anteriormente eram disjuntos para os idosos, o mundo do cotidiano musical e o mundo da decodificação dos elementos estruturais. |
Considerações finais Com esse livro foi possível ver o trabalho desenvolvido com os idosos e todo o processo metodológico juntamente com o rendimento. Também é possível ver a necessidade de sensibilidade para trabalhar com esse público que sofre preconceitos. |
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