Transformando Em Arte
Exames: Transformando Em Arte. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: alvluiz • 22/9/2014 • 1.131 Palavras (5 Páginas) • 252 Visualizações
O Bicho
(Manuel Bandeira)
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Transformando em Arte
“Este é um cenário de esperança!” Essa foi a conclusão que chegou a gestora de uma escola da periferia de Belo Horizonte.
Tudo começou quando a E.E. “Deputado Álvaro Salles” foi convidada a participar de uma mostra cultural sobre a poluição da Lagoa da Pampulha e de seu entorno. Situada próximo à lagoa, cartão postal de Belo Horizonte, a escola recebe alunos das series iniciais do Ensino Fundamental até o terceiro ano do Ensino Médio. Em 2011, possuía 1.290 alunos.
A mostra trazia a proposta de construção de textos sobre a poluição da lagoa e seu entorno e de práticas inovadoras de intervenção, capazes de transformar a paisagem local. Nem todos professores concordavam que a escola deveria participar da mostra. Alguns alegavam já ter trabalho demais, outros que suas matérias não teriam relação com o assunto, outros ainda que não teriam tempo hábil para finalizar todas as atividades.
A diretora Wanessa não desanimou com as opiniões contrárias. Ela entendia que realmente tinham pouco tempo, mas acreditava no potencial de sua comunidade escolar. Estava determinada a buscar, na colaboração de todos, uma resposta eficaz de participação. E sabia que se a escola fosse vencedora, todos ganhariam com isso – os alunos, os professores e a escola. Seria um grande aprendizado.
Primeiramente, chamou as especialistas e alguns professores para lançar a proposta. Sabia da importância do trabalho em equipe e de contar com um grupo de apoio que lhe ajudasse a disseminar a ideia. Estava disposta a ouvir múltiplas abordagens para resolução do desafio. Procurou comunicar o projeto da forma mais interessante e atraente.
A ideia germinou e logo atraiu vários profissionais. O professor de artes se empolgou e trouxe contribuições de vários artistas que encontraram nos materiais recicláveis, peças para sua obra. Ressaltou o artista plástico Vik Muniz que transformou o lixo em arte. Citou Lucy Walker que buscou essa ideia e produziu o filme “lixo extraordinário”. Lembrou ainda de Joãozinho Trinta, o carnavalesco que transformou o lixo, em luxo. Além de vários outros artistas que registraram a importância e o drama daqueles que convivem com o lixo, tais como o fotógrafo Sebastião Salgado.
Pensando na problemática do lixo e no drama de seus catadores, o professor de literatura declamou o poema “O Bicho”, de Manoel Bandeira. Falou que poderia propor intervenções poéticas com os alunos. Talvez promover um sarau poético ou um painel com fotos sobre o assunto, ou quem sabe, uma exposição de pinturas sobre o tema. Pensou até em criar a Semana da Arte do Lixo, um paralelo com a Semana da Arte Moderna de 1922. A diretora da escola ficou tão encantada com todas aquelas propostas que buscou parcerias com empresas da região para investirem no projeto que estava nascendo. Pensou até em oferecer cursos de arte para comunidade, que seria uma forma de atrair os pais e a comunidade para escola. Tinha certeza de que o professor de artes era a pessoa certa para gerir o projeto. Percebia que a habilidade e a melhor performance da equipe está associada ao conhecimento e a uma atitude inovadora.
Uma ideia gera outras. Uma voz com vida, gera ações. Foi assim que alguns professores, com o incentivo da diretora, conseguiram conquistar e motivar seus colegas e juntos, despertaram o interesse dos alunos e a atenção da comunidade escolar. Para isso a gestora delegou algumas funções aos seus funcionários: confecção de cartazes, levantamento do material necessário para o projeto; questionando qual seria a prioridade de cada item e estabelecendo um prazo para cumpri-lo.
O tema da reciclagem do lixo virou o mote para uma onda de ações que transformaram a escola e a comunidade. Nada passava despercebido. O assunto, divulgado boca a boca, ou através de cartazes, panfletos, pelo rádio
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