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A Expressão obrigatória dos sentimentos

Por:   •  8/11/2017  •  Resenha  •  547 Palavras (3 Páginas)  •  417 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

CIÊNCIAS SOCIAIS

Disciplina: Antropologia III – Noturno

Docente: Marcos Rufino

Aluna: Natália Moura Alcântara – 113024

Texto: MAUSS, Marcel. “A expressão obrigatória dos sentimentos”, in: Ensaios de sociologia. São Paulo: Perspectiva, 1981. p.325-335.

O texto trata sobre a observação da generalidade do emprego moral e obrigatório das lágrimas. Elas servem como meio de saudação. Tal uso está difundido nas populações primitivas, principalmente Polinésia e Austrália. Através do estudo do Ritual Oral dos cultos funerários ocorridos na Austrália o autor busca mostrar que em grande número de populações primitivas as lágrimas servem para numerosas expressões de sentimentos.

O foco será dado aos rituais orais funerários compostos por 4 categorias: 1º gritos e uivos (melódicos e ritmados); 2º Cantos fúnebres (voceros) executados por uma capideira; 3º seções de espiritismo; 4º conversações com os mortos; sendo as duas últimas processos evoluídos e pouco típicos, que possuíam caráter coletivo e eram cerimonias publicas regulamentadas que são capazes de nos mostrar sentimentos, ideias coletivas, fazendo compreender o grupo, a coletividade.

Já nos ritos mais simples, os gritos e cânticos não tem esse caráter público e social , pelo contrário, tem caráter de expressão individual de um sentimento experimentado, de maneira puramente individual. Há diversas narrações de grupos de mulheres que uivam, gritam e cantam, conjurando a alma de um morto. Estes gritos e cânticos são pronunciados em grupo.

Em Queensland Est meridional, há o “grito pelo morto”, que possui tempo e condições precisos designados. Porém, não só estes pontos da expressão coletiva dos sentimentos são fixos, os agentes também são. Tais agentes só realizam suas ações pois são obrigados. Eles não são parentes próximos do morto. Um ponto notável é que os consanguíneos são obrigados, em caso de herança, a manifestarem maior pesar. A natureza obrigatória de expressão da tristeza, ira e dor se demonstra pelo fato de não ser comum a todos os parentes.

Na Austrália os cultos funerários são reservados, quase sempre, apenas as mulheres. Porém só desempenham este papel, mulheres especificas por terem certas relações de direito. Todo o ritual é ao mesmo tempo obrigatório, social e por outro lado, natural e violento. Os gritos e sentimentos tem sua natureza social extraída do estudo de seu conteúdo e natureza. Primeiramente, por mais que estes berros e uivos sejam inarticulados, sempre são até determinado ponto, musicais e ritmados. Podendo por vezes tornarem-se refrãos, ritmando cânticos desenvolvidos. Até mesmo quando os gritos não são cantados, não significam apenas uma interjeição sem alcance.

Nos resta tratar dos cânticos, que possuem a mesma natureza dos gritos e são fortemente moldados no coletivo. Novamente são as mulheres que cantam o luto da morte e encantam o inimigo (causa da morte). Todos os cânticos, possuem textos que são redutíveis de um lado ao apelo ao morto e por outro o relato referente ao morto. Em geral, tratam-se de imprecações vulgares contra os mágicos.

O autor conclui então, que em numerosas populações, uma grande categoria de expressões orais de emoção e sentimentos não tem nada que não seja coletivo. Tal carater coletivo não prejudica a intensidade dos sentimentos. Todas as expressões coletivas apresentadas são um tipo de linguagem e não apenas simples manifestações. Por tanto, a pessoa não só manifesta seus sentimentos, “ela os manifesta a si mesma exprimindo-os aos outros e por conta dos outros. ” (MAUSS, 1981. pag 332)

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