A INDÚSTRIA DA MODA

A INDÚSTRIA DA MODA

GODART, Frédéric. Sociologia da moda. São Paulo: Senac, 2010.

Por

Geiza Thauani Neves Alves^[1]

A moda surgiu no Oriente, nas cortes de Borgonha ou da Itália, nos séculos XIV ou XV. Porém foi durante a Renascença que ela se tornou um fator muito importante. Com o impulso do capitalismo nessa época, a burguesia emerge como uma nova classe social. Por meio de suas vestimentas, eles (os burgueses) podiam expressar sua força política, econômica e social. Logo, o inicio da moda está relacionado às elites, o que significa que a maioria da população que não faz parte dela, está excluída. O consumismo está presente na indústria da moda, esse ato de comprar roupas novas constantemente está relacionado com o princípio fundador da mesma, a ostentação. “A moda é o resultado da necessidade de uma diferenciação das classes superiores e da necessidade de imitação das outras classes.” (GODART, 2010, p. 27) Essa é a realidade, quando as classes superiores adotam um estilo, automaticamente, este é copiado pelas classes inferiores afim de participar do prestigio das classes superiores. A moda é um luxo, pois ela só existe porque os objetos, principalmente as roupas, tornaram-se mais que uma necessidade. “O luxo é a primeira expressão do capitalismo, porque ele gera a moda.” (Sombart, 1913). Essa indústria é um elemento essencial na construção da identidade dos indivíduos e grupos. Os góticos são reconhecidos pelas suas roupas pretas e por tecidos rendados; os emos pelas suas roupas pretas e coloridas. Dentro dos grupos, existem subgrupos que não são unidos só pelo estilo, mas também pela classe social, como os punks e os skinheads, se posicionam, respectivamente, em classes médias e operarias.

A moda é centralizada, ou seja, ela é definida por um grupo central (estilistas e designers) situado nas “capitais da moda”, como Paris e Nova York, que criam peças que são vistas em vários desfiles em várias cidades. Pode-se dizer que a moda é uma pirâmide: a alta-costura é a ponta da pirâmide, as peças se caracterizam por ser extremamente caras, pois seu modo de produção é manual e extremamente especializada, o que explica o seu preço, tudo é feito de forma artesanal e artística e seus ciclos de vida são breves, até um ano; abaixo encontra-se a expressão prêt-à-porter, que é dividida em três subdivisões, a primeira tem criações caras e de boa qualidade, porém não são exclusivas, a segunda, coleções intermediarias de difusão ampla e a preços menores que as anteriores; e a terceira, moda de massa, que são roupas de base ou roupas comuns, que são as mais baratas e algumas vezes podem não ter uma boa qualidade.

O autor entra então no assunto estilo, e afirma que o significado desse conceito depende do ponto de vista utilizado. De acordo com Godart (2010, p. 72):

Em primeiro lugar, existem os movimentos estilísticos que servem de referência aos criadores e consumidores. Esses estilos de referência podem ser combinados entre si, para formar novos estilos de referência. Em seguida, há os estilos próprios aos protagonistas sociais, que com frequência são combinações de estilos de referência, mas podem, por vezes, se tornar estilos de referência.

Atualmente a moda ainda sofre ataques, porém por motivos diferentes. Não é mais sobre criticar a suposta imoralidade da moda, mas sim de criticar especialmente as praticas das casas de moda (lojas) e dos grupos financeiros das quais elas participam. Por exemplo, as condições de trabalho nas fabricas, chegando a ser trabalho escravo, pois os trabalhadores recebem um salário baixissimo; a utilização de peles e subprodutos de origem animal na confecção das roupas também é muito criticada, pois a pele do animal é retirada com ele ainda vivo, uma prática cruel. A indústria da moda também é acusada de favorecer a anorexia em razão da perpetuação de um padrão irrealista do corpo feminino, há relatos da morte de várias modelos por anorexia nervosa.  Enfim, a moda é também acusada de gerar necessidades artificiais de consumo, como dito anteriormente.