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A Visão de Michael Apple e Ivor Goodson

Por:   •  7/1/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.673 Palavras (11 Páginas)  •  139 Visualizações

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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS (FCS)

Departamento de Ciências da Educação

Curso de Licenciatura em Ciências de Educação – 1º Ciclo

Unidade Curricular: Teoria e Desenvolvimento Curricular

Docente: Liliana Rodrigues

Ano letivo 2021/2022

1º Semestre

Currículo

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A visão de Michael Apple e Ivor Goodson

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RESUMO:

A discussão sobre o currículo tem importância em distintas pesquisas relacionadas à educação e dessa forma, verificamos que vários teóricos ao longo dos anos vêm apresentando diversas explicações sobre o currículo e a sua realidade escolar.

Abordaremos a perspetiva de Michael Apple e Ivor Goodson, as suas análises da política curricular e a importância da do papel da escola e da educação para o avanço das conquistas sociais.

Palavras-chave:  Currículo, Michael Apple, Ivor Goodson, Ideologia.

ABSTRACT:

The discussion about the curriculum is important in different research related to education and, therefore, we find that several researchers over the years have been presenting different explanations about the curriculum and its school reality.

We will talk about of Michael Apple and Ivor Goodsons’s perspectives, their analyzes of curriculum policy and the importance of the role of school and education in advancing social achievements.

Keywords: Curriculum, Michael Apple, Ivor Goodson, Ideology.

Introdução

Curriculum, termo que provém do Latim “Curriculum” que deriva do verbo “Correre” que significa caminho ou percurso a seguir.

        É um conjunto de práticas e assuntos que nos ligam ao processo de ensino, que orientam as atividades e o exercício para atingir uma meta. É um objetivo, um modo de ser, fazer e estar.

        Todo o currículo é composto por várias componentes fundamentais:

  1. As finalidades e objetivos, que visa analisar, sendo este um conjunto de saberes e conhecimentos.
  2. As matérias e conteúdos, que oferecem sugestões de estratégias para orientar.
  3. As estratégias e atividades, que são instrumentos de apoio para a aprendizagem e para a avaliação curricular.
  4. A avaliação, que permite saber se o currículo programado é funcional, se tem sucesso ou não.
  5. A filosofia orientadora, que é a coordenação entre todos os componentes acima referidos.

Ao criar um currículo é fundamental ter em atenção um grupo de elementos essenciais ao sucesso do mesmo, “como?”, como se ensina, como vai acontecer o processo de educação, “o quê, quem e o porquê”, é necessário entender quem serão os beneficiários de determinado currículo, o que irá apresentar e porquê ensinar este conteúdo desta forma.

A abordagem do trabalho começa com as contribuições que os dois teóricos deram à educação e a luta pela importância do papel da escola e da educação para o avanço das conquistas sociais, sendo importante compreender que o currículo não é somente um documento impresso das instituições de ensino, mas um documento que reflete todo um complexo de relações sociais de um determinado momento histórico (APPLE, 2006).

Já Goodson demonstra que o percurso histórico das disciplinas pode ser estudado a partir de três hipóteses acerca de sua constituição. Na primeira hipótese, as disciplinas não se constituem como entidades monolíticas. Elas são amálgamas mutáveis, ou seja, são compostas de múltiplos elementos, subgrupos e tradições que mediante controvérsia e compromisso, influenciam a direção de mudança (GOODSON, 1995).

Começaremos por conceituar o currículo com três perspetivas diferentes, para assim mostrar as diferentes formas e conceitos que o currículo tem.

Uma breve abordagem ao conceito “currículo” por diferentes teóricos

Primeiramente, podemos considerar o currículo como uma série de resultados, experiências e vivências que dependem do tempo e do espaço social em que são construídos e atribuídos.

De uma forma sintetizada, John Dewey entendia que o foco do currículo “está na possibilidade que dá ao educador, de determinar o ambiente, o meio necessário à criança, e, assim, dirigir indiretamente sua atividade mental” tendo grande importância na organização e sistematização de conteúdos. (PEDRA, 1997)

Franklin Bobbit, conceitua o currículo como um “conjunto de coisas que os alunos devem fazer e experimentar para desenvolver habilidades de que usufruirão na vida adulta”. (LIMA, 2011)

Já a conceptualização de Ralph Tyler, aborda o currículo como um caminho para conseguir objetivar os fins da educação. (PEDRA, 1997)

A visão de Michael Apple

Em meados do século XIX, durante a maior guerra do século XX, nasceu Michael Apple, nos Estados Unidos, em Nova Jérsei. Nessa época, o município sofria uma situação económica problemática sendo o desemprego, subemprego e pobreza crescente, decorrente, principalmente da evasão das indústrias da região.

Esse cenário determina à família de Apple uma condição económica de pobreza, porém aproxima seus pais, trabalhadores das poucas indústrias que restavam, do movimento político, de viés comunista local. Essa característica de luta constante contra as adversidades que assolam a sociedade permanece e intensifica‐se durante a vida de Michael Apple, o que baliza suas publicações, assim como as relações que estabelece com os movimentos sociais. (GANDIN, 2011).

Dado esta situação, Apple vê-se na “obrigação” de lutar pelos direitos dos trabalhadores e pela educação. Decide assim, defender os direitos da escola pública com um ensino de qualidade e democrático e vai em combate à tendência mercadológica das escolas privadas, tentando assim desmitificá-las.

Tentando combater o ensino privilegiado das escolas privadas, e mesmo as escolas públicas sendo desqualificadas, Apple defende que as escolas públicas são:

[...] escolas vivas, cheias de entusiasmo, mesmo em circunstâncias eventualmente tristes e difíceis. São escolas onde professores e alunos estão igualmente empenhados num trabalho sério que frutifica em experiências de aprendizagem ricas e vitais para todos. (APPLE; BEANE, 2001, p.12).

Além da defesa das escolas públicas e democráticas, as contribuições de Michael Apple para a discussão educacional centram‐se, principalmente, nas questões sociais, nos aspetos económicos, culturais e ideológicos que organizam a sociedade e que permeiam todo o ambiente escolar. Ele defende a ideia de que a educação não é uma atividade neutra, sem intenção, e que o educador está envolvido em um ato político (Apple, 2006, p. 35). Apple relacionava o poder com as ideologias do currículo. Questiona “que tipo de conhecimento vale mais?”, seria para o autor um debate político-ideológico. Acreditava que a maneira mais viável de resolver esta situação seria questionar o problema de outra forma, com a compreensão e resposta a outra pergunta: “o conhecimento de quem vale mais?”.

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