AS ETAPAS DOS PENSAMENTOS SOCIOLOGICOS

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Tradução de Sergio Bath.

OS FUNDADORES

Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu

Aron inicia seu texto colocando Montesquieu na égide da sociologia, interpretado como sociólogo, por conhecer cientificamente o social enquanto tal. Ao autor, pontuando as divergências historiadores, Montesquieu é um foi um escritor, um jurista, um filósofo da política e, por vezes, um romancista. Aron, para começo de conversa, afirma que a “intenção de O espírito das leis é evidentemente sociológica” (ARON, 1999, p. 17), inserindo sua obra no cânone da sociologia.

O autor entende que Montesquieu tinha como objetivo de suas análises sociológicas a transposição de um dado incoerente para uma ordem inteligível, ou seja, fazer com que a história – por meio de costumes, ideias e hábitos - se torne inteligível, um processo puramente sociológico. É por meio de (1) uma certa causalidade dos eventos históricos, e nunca pelo acaso, que a ordem inteligível parecerá visível ao sociólogo, observando de longe a irracionalidade dos acontecimentos. Aron formula numa sentença o que seria uma resposta à explicação dessa ordem inteligível de Montesquieu: “é preciso captar, por trás da sequência aparentemente acidental dos acontecimentos, as causas profundas que os explicam” (ARON, 1999, p. 18). Outra resposta (2) que Montesquieu formula à ordem inteligível confere na organização da diversidade de hábitos, costumes e ideias a um número reduzido de tipos (conceitos), afastando-se da causalidade profunda de eventos e acidentes, pondo um intermediário “entre a diversidade incoerente e um esquema universalmente válido” (ARON, 1999, p. 19). Desse modo, diz Aron, com a variedade de leis explicadas, entende-se que leis específicas de cada sociedade, determinadas a uma causa, atuam sem que se tenha consciência de suas influências.

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