Análise Filme Curral
Por: Anaelisa12123456 • 29/8/2023 • Projeto de pesquisa • 2.200 Palavras (9 Páginas) • 96 Visualizações
Introdução
O filme “Curral” de 2020, dirigido por Marcelo Brennand, apresenta uma visão crítica das tradições da política brasileira. O roteirista mostra, por meio de diversos personagens, a luta diária das pessoas para sobreviver em um contexto de profundas desigualdades sociais. A obra ocorre no interior do agreste nordestino, no município de Gravatá. Sob direção de Brennand, a narrativa cinematográfica retrata o período eleitoral do município que se encontra eleitoralmente dividido na disputa para o cargo de prefeito em dois lados: partido Vermelho e partido Azul. No que se refere ao partido Azul, o candidato para prefeito é o Aluísio e pelo partido Vermelho o candidato é o Vitorino, que está na corrida eleitoral para se reeleger.
A história é contada com enfoque no personagem de Chico Caixa, motorista da prefeitura de um caminhão pipa, que após ser demitido, se envolve na política a pedido de seu amigo Joel. O personagem Joel estava lançando sua candidatura ao cargo do legislativo municipal e em seu discurso, chamava a atenção para sua insatisfação com a gestão pública local e ausência de direitos básicos para a população. Sendo assim, Caixa assume a coordenação da campanha política de Joel, que era considerado o novo nome na política da cidade, pelo partido Avança Brasil. Ao conceder entrevista em uma rádio local, Joel afirmou ser “de um partido novo que não tem rabo preso com ninguém”. Baseado na sua experiência como defensor público, as suas principais bandeiras de Joel são: o acesso à direitos básicos e a fiscalização acerca da distribuição de água no município.
O filme denuncia a manipulação de políticos corruptos em busca de poder e interesses pessoais e que se utilizam da máquina pública para beneficiar determinados grupos de interesse e as oligarquias soberanas no local.[pic 1]
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O tema da escassez de água é abordado ao retratar, na cidade de Gravatá, como se tornou comum esquemas de compra de votos para se obter água. Isso é evidenciado no início da história, quando Suelen demite Chico por levar água à zona rural, que não apoiou o prefeito e, também, na cena que Chico é surpreendido por Suelen no bar. Ela dizia que já havia conversado com o candidato à reeleição e que se Caixa quisesse trabalhar na campanha
dele, ele poderia até colocar água para aquele povo que não iria se importar, se referindo às pessoas do assentamento da zona rural. Essa prática representa algo muito comum em algumas regiões do país.
A rádio local, no programa do Jota traz uma manchete de um jornal sobre a administração do atual prefeito e candidato à reeleição, Vitorino. Houve uma denúncia feita por servidores da cidade ao ministério público acerca de superfaturamento de contratos milionários de merendas escolares. O locutor que noticia é Vanildo do Forro, sendo um dos maiores opositores da atual gestão. Posteriormente, ele é assassinato brutalmente. Sua morte gera uma série de dúvidas sobre a motivação, com grandes desconfianças de ter sido movida por fatores políticos. Após a execução do maior cabo eleitoral da campanha e a falta de recursos, Joel se vê sem alternativa a não ser firmar uma aliança com Vitorino, o atual prefeito e candidato à reeleição. O protagonista, encontra-se dividido entre a necessidade de manter seu emprego e a ética de não compactuar com os comportamentos ilegais de candidatos que incluíam subornos, ameaças e manipulação da opinião pública.
Com isso, a obra cinematográfica traz reflexões acerca da importância da transparência e integridade nas instituições públicas e da participação do cidadão na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, além de provocar reflexões sobre a realidade política do Brasil e como ela afeta a democracia e a justiça social no país.
Desenvolvimento
- Ângela de Castro
Levando em consideração o texto de Ângela de Castro Gomes, é possível traçar um paralelo para assimilar a evolução e as influências do conceito de populismo no interior do Nordeste em algumas cenas do filme. No decorrer da obra, é evidente que Joel ganha confiança e realiza um discurso impactante, agindo de forma cativante para com os seus eleitores: citando nomes de alguns moradores da cidade, agradecendo o apoio e a confiança dos presentes. Joel, jogando o jogo político, agradece, também, seu assessor Caixa – que possui grande confiança por parte da população de seu bairro e de alguns moradores do assentamento na zona rural. Chico possui uma imagem de um líder populista que irá levar as demandas da população até a câmara municipal para pressionar o candidato a vereador para que ele tome as providências cabíveis.
Além disso, Caixa se mostra um líder populista em vários outros momentos da campanha, principalmente, durante as visitas realizadas aos moradores. Ao conversar com a comunidade, constatamos a descrença dos cidadãos perante a política local e a falta de esperança quanto aos candidatos. Nesse sentido, é possível perceber, com base no texto de Ângela de Castro, que a massa se vê sem esperança na política e Chico Caixa surge como um ator que irá promover, junto ao vereador, a mudança dessa realidade.
Percebe-se na cena onde o prefeito tem uma conversa comovente junto aos apoiadores de Joel uma forte presença de carisma. Vitorino passa a imagem de ser um homem que sofre tanto quanto os moradores da cidade, no cargo que até então ocupa, mas que mesmo assim, escolhe não abrir mão das “dificuldades" de sua posição na sociedade justamente pelo anseio de poder fazer algo em prol da população da cidade de Gravatá. Além disso, ele garante benefícios aos apoiadores de Joel para que o apoiem e os convencem de que estes benefícios não seriam ilegais, o que garante mais votos para a sua candidatura, assumindo também uma forma de manipulação.
Portanto, o momento difícil em que passa a população de Gravatá, com falta de água, escândalos de corrupção, descaso com a área da saúde, entre outros. Percebemos a articulação de líderes carismáticos em conquistar o apoio dos grupos em massa, através do carisma e dos discursos populares que convence o povo e os levam a ter esperança.
Raymundo Faoro
Na obra “Os Donos do Poder” de Raymundo Faoro, o autor demonstra que o Brasil
Colônia, o Brasil Império e o Brasil República constituíram uma classe política dominante[pic 5]
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