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Análise de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e Caio Prado JR

Por:   •  28/8/2018  •  Resenha  •  2.087 Palavras (9 Páginas)  •  373 Visualizações

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O módulo I do curso de Interpretações do Brasil introduz os clássicos do pensamento social sobre a formação nacional. Sendo assim, divaga-se sobre algumas das obras mais pertinentes de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior - Casa Grande e Senzala, Raízes do Brasil e Formação do Brasil Contemporâneo, respectivamente-. Ao longo do estudo sobre esses autores, em vista do contexto histórico no qual os pensadores atuaram,compreende-se que o conteúdo de suas falas não é o principal objeto de estudo, mas sim o impacto e a influência causada por suas obras - a invenção do brasil.

Gilberto Freyre é um culturalista e, portanto, cultura é pensada não só como um modo de produção mas também como vida social. Sobre esse viés, redige Casa Grande e Senzala, publicado em 1933, e choca-se contra as ideias racialistas do século XIX. Tais ideias, embasadas em um cunho científico, sustentam-se através de teorias como o Darwinismo social, uma aplicação da seleção natural que buscava atribuir à raça branca o status de superior e civilizadora, e a Eugenia, pensamento de que a mistura de raças, sem um controle adequado, pode gerar seres humanos de "pior qualidade", promovendo a necessidade da pureza da raça. Graças à sua graduação na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos e, ao seu contato primordial com Franz Boas, professor e antropólogo, Freyre destoa dessa influência racialista. Ao analisar a antropologia de Franz Boas, marcada pelo estabelecimento da autonomia do fenômeno cultural, compreende-se o peso de sua influência sobre Gilberto Freyre e a importância da cisão entre natureza e cultura, além da marca inovadora de Freyre, que cria uma nova forma de buscar, contar e registrar a história do Brasil. Casa Grande e Senzala sustenta-se na investigação de memórias, diários de colonos, incluindo a vida privada dos engenhos, cartas de viajantes estrangeiros sobre sua passagem no Brasil, canções e uma quantidade farta de materiais para a análise da cultura da época.

Assim sendo, Freyre constrói o primeiro capítulo de Casa Grande e Senzala, “Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida”. A princípio, a natureza é descrita como um obstáculo civilizatório, enfrentado pelo colono português, que veio à terra em busca de enriquecimento rápido e notoriedade. Impulsionados pelo comércio e exploração de terra, surge a necessidade de fixação, então, a fundação de espaços públicos, pelas poucas famílias que se assentam no começo da colonização, a nobreza da terra, consolida redes de relações e influência que atribuem ao Estado um papel secundário. Em 1532, quando surge o incentivo da Coroa, já se pré estabelece uma sociedade fundamentalmente exportadora, organizada em uma unidade de produção, a casa-grande, representação metafórica do Brasil colonial, núcleo da dinâmica social e política. Esse corpo social guiado pela atividade econômica, a monocultura açucareira, que fomenta uma sociedade patriarcal, agrária, escravista e mestiça. A mestiçagem, é adotada pelo autor como aspecto positivo da colonização portuguesa, e assim, discute a formação da sociedade brasileira a partir das contribuições das raças branca, índia e negra, entrelaçado aos conceitos de raça e cultura. O início da povoação é dado num clima de “intoxicação sexual”, em que os portugueses, movidos por uma cobiça predatória, entram em contato com as índias.

Em sua obra, os portugueses são retratados como tipo que devido ao contato com diversos povos na atividade mercantil, e à sua miscigenação prévia com os mouros, não apresentava como os demais povos europeus, uma consciência de superioridade racial, daí serem mais receptivos às demais raças e misturarem-se com facilidade. Freyre atribui tal aspecto uma das origens do sucesso da adaptabilidade dos portugueses nos trópicos. Outro ponto convergente da colonização portuguesa em relação às demais, com ressalva à espanhola, era a ausência de erros como o fanatismo religioso, afinal desde o início nem a pureza da fé e nem os votos de castidade foram respeitados pelo clero, não houve o catolicismo enrijecido como aglutinador social.

Num processo de equilíbrio de antagonismos, o branco e o negro se misturavam no interior da casa-grande e alteravam as relações sociais e culturais, criando um novo modo de vida no século XVI. Nos capítulos finais, discorre exatamente sobre o escravo negro na vida sexual e familiar do brasileiro. A falta de mulheres brancas e a sujeição do africano ao português, tanto nas relações de trabalho como sexuais-forçadas produziu a base do que seria a sociedade brasileira. Assim como o branco português, o negro africano também foi apresentado como colonizador, mas dentro da lógica da escravidão. A sua influência se daria através da criação de um mundo paralelo ao dos brancos, utilizando para isso a relação de submissão, necessária para sua sobrevivência, e as lembranças de suas tradições e sua cultura de origem, o autor até mesmo atribui a origem do jeito alegre brasileiro à matriz africana. Embora a análise de Freyre sobre a sociedade patriarcal e escravocrata seja vista como romantizada, a obra não nega a violência do sistema, ela aparece entremeada às relações no cotidiano dos senhores de engenhos e escravos. O menino branco da Casa-Grande, que aprendia desde a infância a ser cruel com os animais e seus “inferiores”, mulatos e negros. O moleque negro, visto como um saco de pancadas que sempre acompanha o menino branco é até mesmo exemplificado na literatura, com Prudêncio, negro e vítima de violência para o entretenimento de Brás Cubas, branco e autor da violência, na obra de Machado de Assis. Nesse laboratório para a violência patriarcal, o homem brasileiro herdou o costume de posse e exercício da violência em relação à sua mulher.Através da exteriorização da intimidade da sociedade colonial, revelou o contexto em que foram criados os antagonismos que compõem a ordem social no Brasil de hoje.

Também compartilhando da análise das determinantes psicológicas da expansão Portuguesa, e da descrição de sua docilidade comunicativa, Sérgio Buarque explora uma visão democrático-burguesa da história, num diagnóstico do caráter nacional,a partir de ideais weberianos e o conceito de patrimonialismo, uma contraposição às ideias marxistas ligadas ao Partido Comunista do Brasil, retomado posteriormente por Caio Prado. Essa análise, parte da avaliação do peso da herança do escravismo na sociedade brasileira e como a nossa reduzida capacidade de organização social é inclinada à anarquia e à desordem.

No primeiro capítulo de sua obra, Fronteiras da Europa, o autor dá enfoque à implementação

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