DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA CONTRADIÇÃO DE TERMOS?
Por: Josi Santos • 10/4/2021 • Artigo • 1.498 Palavras (6 Páginas) • 175 Visualizações
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA CONTRADIÇÃO DE TERMOS?
DE HELOÍSA SOARES DE MOURA COSTA
Belém (PA)
2021
Disciplina: Planejamento Regional e Urbano
Professor: Dr. Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior
Acadêmica: Me. Elloane Carinie Gomes e Silva; Me. Josiane Santos da Silva
Turma 2 – Manhã | Semestre 1º/2021
Belém, 29 de março de 2021
Fichamento nº 2: COSTA, H.S.M. Desenvolvimento urbano sustentável: uma contradição de termos? Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s.l.], n. 2, p. 55-71, nov. 1999. Doi:10.22296/2317-1529.2000n2p55.
- Ideia central da obra: Tecer uma análise acerca das origens e evolução do pensamento “urbano” e “ambiental”, evidenciando formulações teórico-conceituais e propostas de intervenção para debater as possibilidades de convergência em favor do desenvolvimento urbano sustentável.
- Informações sobre a autora: Heloisa Soares de Moura Costa é Professora Titular no Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais e Editora Executiva da Revista da UFMG. Obteve o doutorado em Geografia na mesma instituição (1995) e pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Berkeley (1997/1998). Coordena três grupos de pesquisa registrados no Diretório do CNPq e realiza estudos tendo como principais áreas: planejamento urbano; geografia urbana; políticas públicas e implicações socioambientais[1].
- Palavras-chave: planejamento urbano; desenvolvimento sustentável; meio ambiente; política urbana.
- Objetivo(s): debater alguns aspectos da fragilidade teórica e conceitual do desenvolvimento sustentável, buscando superá-la e, assim, vislumbrar uma alternativa para o futuro.
- Síntese esquemática da obra: o artigo foi produzido no ano de 1999, com base em uma revisão de abordagens recentes, à época, onde a autora argumenta que a partir da economia política e, com a incorporação de elementos da ecologia política e pós-estruturalismo, a noção de desenvolvimento urbano sustentável (ou de cidades sustentáveis) detém alguns conflitos teóricos de difícil reconciliação, mas que podem ser analisados a fim de superá-los.
A autora divide o texto em duas partes, a primeira delas aborda o conflito entre a trajetória da análise ambiental e a da análise urbana, as quais foram originadas em áreas de conhecimento distintas, convergindo recentemente na proposta de desenvolvimento sustentável, mas com objetivos, às vezes, divergentes. Como segue:
5.1. Conflito entre Urbano e Ambiental: enquanto a “questão urbana” acompanha, desde os anos 70, uma perda de interesse da chamada teoria social crítica, a “questão ambiental” experimenta uma multiplicidade de campos de estudo que alargam as suas bases conceituais.
5.1.1. No que se refere à análise dos processos que ocorrem nas áreas urbanas, a dimensão ambiental fica restrita a alguns redutos, como os aspectos técnicos e objetivos a serem tratados, por exemplo, vertentes legais ou sanitárias, práticas políticas a respeito de temas sociais e ambientais urbanos, como lixo, água, poluição, entre outros. Em contraponto, nos estudos ambientais, a dimensão espacial/urbana permanece subestimada ou mesmo inexistente. É a partir desse “ponto cego” que a autora tece suas análises.
5.1.2. “Existe uma associação entre a generalização do processo de urbanização e a consolidação de um determinado projeto de modernidade” (COSTA, 200, p.58). No entanto, a questão ambiental surge de um amplo conjunto de reações contrárias ao desenvolvimento dos modos de produção capitalista e estatista que caracterizam a implementação do projeto de modernidade. Neste ínterim, a análise ambiental questiona também, em suas distintas vertentes, o modelo de organização territorial associado ao projeto.
5.2. Os estudos urbanos contemporâneos: as novas mediações da análise social crítica trouxeram níveis de conscientização e orientação da ação política, no entanto, diante de uma generalização da questão urbana, as suas “velhas questões” – habitação, saneamento básico, controle do uso da terra, mobilidade, entre outras – tiveram seu escopo de análise redefinido, constituindo a distinção entre os problemas urbanos das economias industrializadas e nos países do terceiro mundo.
5.1.2. Desde os anos 80, a questão urbana continuou, de certa forma, na linha de frente dos estudos sociais por meio dos chamados “novos movimentos sociais” ligados pincipalmente à provisão, e ao acesso aos então denominados, “meios de consumo coletivo”. Posteriormente, na pulverização de abordagens dos estudos urbanos o indivíduo é redescoberto.
5.2.3. A contribuição importante ao debate vem de Castells (1996) com o entendimento da busca da identidade como o princípio organizador da sociedade atual. Assim, as análises urbanas passam a ser mal definidas, pois o “ser urbano” deixa de ser uma característica em torno do qual se constroem as identidades dos grupos. Atualmente, é dada uma importância maior aos processos sociais urbanos (culturais e ambientais) que traduzem novas formas de sociabilidades e uso do espaço.
5.2.4. Dentre as perspectivas que surgem no campo, existem aquelas que acreditam que a prática do planejamento urbano tende a manter o status quo e reforça um projeto de modernidade no qual há pouco espaço para diferenças. Existem ainda visões mais progressistas que contrapõem ao pós-modernismo conservador a necessidade de estratégias pós-modernas que incluem, dentre outras coisas, novas políticas culturais.
5.3. O debate em torno do conceito de sustentabilidade e a análise ambiental: Nos anos 70 os enfoques da problemática ambiental eram considerados conservacionistas, mas hoje buscam associar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental, consagrando a ideia de sustentabilidade. As mudanças de enfoque trazem importantes implicações para a formulação de políticas e propostas de intervenção. Nesse sentido, as críticas feitas pela ecologia política – por meio da visão holística da relação entre a sociedade e natureza – ou pela vertente do pós-estruturalismo são importantes contribuições para o debate contemporâneo.
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