FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Por: Andressa Rodrigues • 11/11/2018 • Resenha • 2.499 Palavras (10 Páginas) • 260 Visualizações
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
1 DEFINA E EXPLIQUE O CONCEITO DE CLASSE PARA MARX
O conceito de classe social em Karl Marx se baseia nas relações de produção, então a classe social é definida, não pela renda, mas pela posição que a pessoa ocupada na estrutura de produção; ou ela não possui os meios de produção e pertence à classe operária, os produtores diretos da riqueza social, ou possui e pertence à classe capitalista, os apropriadores do excedente econômico. Sua análise do modo de produção capitalista articula-se com o estudo das classes sociais, dividindo-as como “os proprietários de simples força de trabalho, os proprietários de capital e os proprietários de terras, cujas respectivas fontes de receitas são o salário, o lucro e a renda do solo, ou seja, os operários assalariados, os capitalistas e os latifundiários, formam as três grandes classes da sociedade moderna, baseada no regime capitalista de produção” (MARX, K. O Capital). No entanto, ele entende que em todas as sociedades, capitalistas ou anteriores ao capitalismo, sempre há uma classe dominante, que controla ou influencia o controle do Estado, e uma classe dominada, que reproduz a estrutura social ordenada pela classe dominante e assim perpetua a exploração.
2 POR QUE E COMO EM DURKHEIM SE DESENVOLVE UMA SOCIOLOGIA DA MORAL
Comte é considerado o pai da sociologia, porém ela tem em Émile Durkheim uma de suas grandes expressões. Seguindo a linha positivista de Comte, Durkheim aspirava consolidar a sociologia como saber científico. Para isso, interessava a esse grande teórico definir o objeto, métodos e aplicações dessa nova ciência.
Assim, Durkheim definiu como objeto de estudo da sociologia os fatos sociais, que consistiam na experimentação do individuo de uma realidade preexistente, exterior e independente a ele. Desse modo, podem ser consideradas três características dos fatos sociais: seu caráter coercitivo, sua exterioridade ao indivíduo e sua generalidade.
A primeira das características, a ‘coerção social’, remete a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos, induzindo-os a agir e conformar-se as regras da sociedade na qual vivem. Essa força mostra-se mais ativa quando algum membro da sociedade tenta se rebelar contra suas regras, quando são impostas algumas sanções, que podem ser legais (definidas por lei) ou espontâneas (reação da sociedade a transgressão). Durkheim dizia que um desvio deveria ser regulado através de punições, sanções e não julgado. E para isso há uma variação das penas que se alteram de acordo com o impacto moral.
A exterioridade, a segunda característica do objeto de estudo da sociologia, diz respeito à existência e atuação dos fatos sociais sobre os indivíduos, independente de sua vontade ou consciente adesão. Diferentemente do conceito de fenômeno social que em alguma medida as pessoas acreditam ser o justo, o correto, tornando-o natural.
E por fim, a generalidade dos fatos sociais, que versam sobre o seu caráter repetitivo. Sendo social todo fato que é geral, ele se repete na maioria dos indivíduos, em diferentes sociedades e em diferentes momentos.
Para Durkheim, a educação –formal ou informal- exerce papel muito importante na adequação dos indivíduos à sociedade da qual fazem parte. Por meio dela, as regras são internalizadas transformando-se em hábitos, que passam a ser considerados como pessoais. Durkheim também falava dos efeitos causados pelas instituições sociais que através de leis, normas, regras simbólicas e dogmas religiosos mantêm a sociedade coesa e produzem uma forma de pensar e agir, uma consciência coletiva. O indivíduo é agregado à sociedade por essa consciência. Durkheim está preocupado com a moral educacional (adesão à consciência coletiva), pois esse comportamento também mantem a sociedade coesa e assegura a ordem, não importando a índole individual. Durkheim compara a sociedade ao corpo humano e por isso ele é considerado um funcionalista.
Essas instituições são ideais, morais, pois instituem formas de pensamento, entretanto nas sociedades modernas essa consciência coletiva emanada das instituições é mais rarefeita, embora as instituições jurídica e estatal regulem a sociedade de modo mais concreto.
A Sociologia de Durkheim não é baseada no conflito, mas no consenso, uma sociedade equilibrada. O conflito não é um motor da sociedade como afirma Marx, é apenas algo que acontece na sociedade e dependendo do caso ele é anômico ou não. É oportuno dizer que mesmo crimes não são anômicos, eles contribuem de certa forma para a integração da sociedade, pois eles pressupõem sanções, fazendo funcionar a legislação, o direito.
Na divisão do trabalho social, ele fala como a sociedade organiza seu trabalho, no qual ele deriva conceitos de solidariedade orgânica e mecânica. A sociedade é um todo que tende a ser integrada através do trabalho, pois ele divide as riqueza e as tarefas. A solidariedade mecânica é presente nas sociedades simples, primitivas nas quais a diferenciação social é baixa, com poucas classes, a solidariedade é linear, de ponto a ponto. Já a Solidariedade orgânica é presente nas sociedades modernas e complexas e é típica das cidades industriais. Como o trabalho é dividido e existe uma alta diferenciação social, a necessidade de integração e solidariedade entre as partes é maior, pois todos dependem de todos. Isso se liga ao conceito de fato social na medida em que ambos se referem à sociedade como um todo harmônico.
A consciência coletiva também é um fato social. Durkheim faz uma relação entre a consciência individual e a consciência da sociedade (consciência coletiva) que diz no que as pessoas devem acreditar, o que devem fazer. E necessariamente é mais forte nas sociedades de solidariedade mecânica, pois nesta não há grande diferenciação social, mas isso não a exclui das sociedades cuja solidariedade é orgânica, ela apenas é mais fraca devido à individualização trazida pela industrialização.
Nessa concepção, as mulheres, por exemplo, deveriam controlar o ambiente doméstico, pois naquela época tinham mais aptidão para a vida afetiva e os homens para a vida intelectual. Desde cedo, a própria família introduz crenças e valores na vida das crianças e isso é a reprodução da divisão sexual do trabalho, não é aleatório que as mulheres se inclinem as áreas do cuidar, que é uma função moral da mulher. Os indivíduos se vinculam através das funções morais.
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