Fichamento - As Regras do Método Sociológico
Por: Chunior Matos • 24/10/2019 • Resenha • 1.316 Palavras (6 Páginas) • 235 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH Departamento de Sociologia – HZ158 Sociologia de Durkheim[pic 1]
Nome: Edvaldo de Matos Júnior RA: 233770 Data: 06/06/2019 Resenha: As Regras do Método Sociológico
O livro “As Regras do Método Sociológico”, de Émile Durkheim, está inserida em contexto onde o ensino na França tomaria grandes proporções de expansão, então haveria a pura necessidade de que o estudo da sociedade se institucionalizasse, corroborando assim a função primordial do livro que é de esclarecer como dar-se-ia os estudos da sociedade, bem como seu método, podemos assim dizer que nascia a cadeira de sociologia. A obra foi de extrema importância para a legitimação da Sociologia enquanto ciência.
A obra apresenta dois prefácios, sendo o primeiro lançado juntamente à primeira edição do livro. Neste prefácio, Durkheim, apresenta alguns axiomas para legitimar o entendimento de seu método. Para Durkheim era necessário abandonar os pressupostos tradicionais para que a ciência das sociedades pudesse se desenvolver e ser aceita, como podemos ver neste trecho “[a ciência das sociedades] nos mostre as coisas diferentemente de como as vê o vulgo [preconceitos tradicionais]; pois o objeto de toda ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões aceitas.” (DURKHEIM, 1999, p. XI). O autor afirma ainda, que, a sociologia por se tratar de uma ciência não pode dar tamanha autoridade ao senso comum e o mesmo deve ser desconsiderado de todos os estudos sociológico e que essas pré-noções, pois isso nos impõe julgamentos de forma que nem percebemos, abandonado assim o caráter primordial da ciência que é fé na razão.
No prefácio à segunda edição, após críticas da primeira edição do livro, Durkheim, analisa de forma mais critica os axiomas que devem ser levados em conta para que assim a ciência das sociedades possa desenvolver-se de forma plena. Além de reforçar de forma sistemática três principais pressupostos, são eles: i) os fatos sociais devem ser tratados como coisas; ii) os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos; e iii) uma definição mais clara do que são os fatos sociais. A argumentação de que os fatos sociais são coisas é infundida porque, para Durkheim, tudo aquilo que não é “[...] naturalmente penetrável à inteligência [...]” (DURKHEIM, 1999, p. XVII) e que não podemos “[...] fazer uma noção adequada por um simples procedimento de análise mental [...]” (idem) e que para compreender é preciso “[...] que o espirito [...] saia de si mesmo” (idem) deve ser tratado como coisa. Ou seja, tudo aquilo que não podemos capturar a essência de maneira fácil e
clara deve ser considerado uma coisa. Durkheim defende ainda que “[...] todo objeto de ciência é uma coisa [...]” (DURKHEIM, 1999, p. XVIII) e que para o bom entendimento dessa coisa é necessário “ [...] ignora absolutamente o que eles são [...], suas propriedades características, bem como as causas desconhecidas de que estas dependem [...]” (idem).
Para defender que os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos, Durkheim, utiliza-se da ciência biológica para construir seu argumento. O autor defende que não são as partes das células [indivíduos] que determinam o funcionamento do sistema, mas sim o todo [sociedade]. Através da analogia de que todo sistema é composto de várias células, que em suas propriedades individuais são elementos mortos que não produzem vida, entretanto, um amontoado de células [sociedade] é capaz de produzir vida, logo, a resposta para o entendimento dos fatos sociais não está no individuo e sim na sociedade que ele está inserido, dando assim a noção de que os fatos sociais são dinâmicos e variam de acordo com a sociedade onde estão inseridos, trazendo ideais de relatividade.
A ideia do que é o fato social é explicada no primeiro capítulo do livro “O que é um fato social?”, logo, ele é fundamental para a compreensão dos outros capítulos, pois nele é definido a teoria do objeto de estudo da sociologia, o fato social. No capítulo, Durkheim, defende, veementemente, que os fatos sociais são exteriores, objetivos, imperativos, obrigatórios e gerais. Essa defesa é sustentada pelo uso da coerção e ela é motivo pelo qual o fato social torna-se visível. O fato social possui uma fisiologia, ligada ao fazer, e uma morfologia, ligada ao ser, e a morfologia é mais intrínseca ao indivíduo pois ela é mais consolidada. A repetição de comportamentos é fator para torná-los mais consolidados. Existindo, então, fatos sociais mais consolidados e fatos que apenas geram uma efervescência, ou seja, algo passageiro. Aplicado aos fatos sociais a variação de mais consolidados e menos consolidados.
A ausência de rastros impossibilitou que os fatos menos consolidados fossem considerados como fatos sociais no século XIX, sendo assim, os escritos de Durkheim só consideram como fato social os mais consolidados nas sociedades estudada [a francesa].
“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.” (DURKHEIM, 1999, p. 13)
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