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Fichamento - As regras do método sociológico

Por:   •  28/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.624 Palavras (7 Páginas)  •  285 Visualizações

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Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

HZ158A - Sociologia de Durkheim

Fichamento dos Capítulos 1 a 4 de “As regras do método sociológico”, de Émile Durkheim.

Milena Tibúrcio Cicone, 184665

Em “As regras do método sociológico”, Emilé Durkheim discorre sobre os métodos que fazem da sociologia uma ciência propriamente dita. Para isso, é necessário, primeiramente, definir o que o autor classifica como fator social. Este se trata de toda e qualquer ação ou pensamento estabelecidos pelo costume ou pelas leis de determinada sociedade, sem que estejam diretamente ligados à vontade autônoma do indivíduo. Em suma, relaciona-se com os deveres pessoais da população, sendo estes estabelecidos a priori e externamente ao sujeito. Como se explica, no entanto, o caráter social desses fatores? E se o que é pregado pela consciência coletiva se afronta com a consciência individual, o que faz o indivíduo ceder a essa força externa?

A partir dessas questões o autor apresenta o conceito de coerção social, que seria uma “força imperativa” (Durkheim, 2007, p. 2) capaz de pressionar e implantar a vontade coletiva àquele que quebra com o que lhe é esperado. Essa força se faz sentir ao passo que o indivíduo se afasta da moral e dos costumes da sociedade e se torna insignificante quanto mais passivo são os membros de uma determinada sociedade – embora eles a sintam em seus primeiros desvios de conduta. Os fatores se fazem sociais, portanto, por se originarem de uma relação entre a sociedade e o indivíduo e entre a consciência de ambos. Dessa forma, a teoria durkheimiana se confronta diretamente com os ideais individualistas ao passo que quebra com a ideologia de um indivíduo que pense e aja por si só, de forma autônoma e livre.

É possível notar a concretização dessa teoria nos exemplos apresentados pelo autor. Ao observarmos a educação, por exemplo, evidencia-se seu caráter coercitivo, já que ela não passa de uma tentativa de construir um ser social que siga os padrões e as crenças da sociedade a qual ele está inserido. Essa coerção perde sua força conforme o indivíduo se forma e toma como uma opção pessoal aquilo que lhe foi imposto anteriormente.

Com esse exemplo prático em mente, é retomada a ideia da sociologia como uma ciência, ao passo que o autor discorre sobre como ela se dá e para que ela serve. A partir da afirmação de que a ciência vai “das ideias às coisas, e não das coisas às ideias” (Dukheim, 2007, p. 16), constrói-se o argumento de que, primeiramente, há a necessidade da reflexão e da criação de noções e conceitos sobre determinado objeto de estudo. A partir disso, a pesquisa é aplicada na prática, para servir o seu propósito inicial – geralmente urgente. Assim, o estudo do Estado, da família, da ética e da moral, por exemplo, são reflexões que evidenciam o caráter científico da sociologia.

Esse caráter se baseia, primeiramente, na noção durkheimiana de análise do fenômeno social como coisa. As noções concebidas pela sociologia não são, assim, estudadas a partir da ideia que os homens formulam em relação a elas. Segundo o autor, é necessária uma análise externa aos indivíduos que fuja da subjetividade proposta pela interpretação desses fenômenos por eles. A partir disso, seria possível apresentar concepções exatas e objetivas dos fatos sociais, tal como qualquer outra ciência. Com essa noção de coisa, é possível caracterizar este objeto de estudo de Durkheim como algo natural, comprovando-se, assim, sua força e sua autonomia em relação ao indivíduo.

No entanto, para que essa análise seja de fato objetiva e verdadeira, é necessário que, seguindo os passos de Descartes, negue-se toda e qualquer noção predeterminada sobre o assunto. Para construir uma ciência sólida, não se pode basear em regras ou conceitos antigos, mesmo que estes se remetam a crenças e ideologias pessoais. Feito isso, Durkheim argumenta sobre a importância de selecionar o grupo de fatos a serem estudados de acordo com seu caráter exterior. A criminologia, por exemplo, é responsável pelo estudo de crimes, que são todos os fatos que resultam na aplicação de uma pena.

Porém, a dificuldade da sociologia se encontra na regra citada acima. Por tratar-se de conceitos amplamente difundidos na sociedade, com o crime, a propriedade e a família, há um protagonismo da noção comum em detrimento do conceito científico. Ademais, dentro do agrupamento dos fatos com propriedades externas comuns, não são todos os fenômenos sociais que são abordados, seja pela crença na sua não naturalidade ou na sua inconstância ao longo da história. Em ambos os casos, essa seleção resulta em uma “noção subjetiva e truncada” (Durkheim, 2007, p. 40) do objeto de estudo.

Diante disso, é possível entender a necessidade de Durkheim de lutar pelo estudo mais objetivo possível. Quando mais próximo do indivíduo a análise se mantiver, mais subjetiva ela será. Isso explica, também, a preferência por basear as pesquisas a respeito dos fatos sociais em aspectos “isolados de suas manifestações individuais” (Durkheim, 2007, p. 46), diminuindo a probabilidade de uma conclusão equivocada. Assim, comprova-se a objetividade e a força da coerção social, uma vez que ela se dá de modo externo e anterior ao indivíduo.

Seguindo a tentativa de classificar a sociologia como ciência, Durkheim explica a distinção entre o normal e o patológico. Primeiramente, é preciso considerar que esses conceitos não são criados ou aplicados pela ciência em si, mas surgem de uma interação desta com o indivíduo. Por assim ser, ela apenas indica os fatos e as consequências de determinado estudo, enquanto o homem, após uma análise concreta da prática, atribui características patológicas ou normais ao que foi descoberto. Em um exemplo dessa divisão, o autor cita a doença e a saúde. Ambas são estudadas pela ciência, de modo objetivo, como coisas e é a sociedade que dá a uma o caráter de patológico – ao ver sua ação na prática -  e a outra, o de normal.

Há, no entanto, uma enorme dificuldade em definir fatos sociais de forma tão exata. Os objetos de estudos da sociologia são, em sua esmagadora maioria, demasiado inconstantes ou, melhor dizendo, variados de acordo com cada sociedade. Assim, definir uma linha de separação entre patológico e normal se torna uma tarefa difícil quando a análise deve ser feita considerando as características específicas dos indivíduos de determinada sociedade. Os fatos ficam sujeitos, portanto, à subjetividade de cada autor e sociólogo.

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