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Fichamento: O que é sociologia - Carlos Benedito Martins

Por:   •  4/3/2018  •  Resenha  •  2.365 Palavras (10 Páginas)  •  1.808 Visualizações

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Introdução

O fichamento em questão faz referência ao livro O que é sociologia de Carlos Benedito Martins. O autor exerceu atividade docente na PUC-SP durante vários anos, onde concluiu sua graduação e mestrado na área das Ciências Sociais, sendo também, coordenador do Departamento de Sociologia no período de 1977 a 1981.

Realizou doutorado em Sociologia pela Universidade de Paris V (Rene Descartes) e Pós-Doutorado em Sociologia pela Universidade de Columbia (2006-2007). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília – UnB, atuando nas áreas de Teoria Sociológica e Sociologia da Educação. É também pesquisador do CNPq.

No livro O que é sociologia, Martins explica e esclarece acerca dos principais elementos da sociologia, procurando apresentar, de maneira sucinta e objetiva, o contexto histórico ao qual se deu o seu surgimento como ciência, passando pela sua formação até o seu desenvolvimento. Procura também demonstrar que a sociologia sempre deu margem a interpretações diversas, servindo tanto como fundamento teórico para revoluções, como também pode ter ideias que estejam a serviço da classe dominante.

O autor também trata a sociologia como sendo um resultado de uma tentativa de entender as novas situações sociais trazidas pela recém-criada sociedade capitalista. Estando, portanto, em uma constante tentativa de dialogar com essa nova sociedade, porém, em paralelo a isso, sempre almejando interferir significativamente nos rumos da nossa civilização.

 Desse modo, é apresentado nessa obra até onde a sociologia realmente se empenha nos embates da sociedade capitalista e até que ponto os seus conceitos e teorias são responsáveis por alterar de alguma forma ou mesmo manter as relações de poder que já existem na sociedade, se mostrando como um grande instrumento de transformação social.

O surgimento como ciência

A sociologia pode ser compreendida como uma das manifestações do pensamento contemporâneo. Com a evolução do saber cientifico, o mundo social passa a ser estudado pela sociologia, área que ainda não havia sido incorporada à ciência. Isso tudo se dá em um momento da história onde a sociedade feudal está se desagregando e uma nova civilização se consolida, a capitalista. Não se pode atribuir a sua criação a um único pensador ou cientista, visto que vários foram os filósofos que se esforçaram em tentar compreender as novas situações em tal sociedade. Nesse contexto, pode-se dizer que o século XVIII foi referencia para o surgimento da sociologia e para a história ocidental.

Trazidas pelas Revoluções Francesa e Industrial, varias transformações econômicas, politicas e culturais trouxeram novas e inéditas preocupações ao ser humano da época, principais responsáveis pelo surgimento da sociologia, apesar de só ter sido adotado o uso dessa palavra para se referir à nova ciência social cerca de um século depois, em 1830. A revolução Industrial significou, acima de tudo, o sucesso da indústria capitalista, que se baseava em converter seres humanos em meros trabalhadores que não gozavam de quaisquer privilégios.

Novas formas de organizar as atividades sociais foram introduzidas, de modo que a maneira a qual as pessoas estavam acostumadas a viver foi desaparecendo, assim como o modo de fabricação independente. Uma disciplina rígida foi adotada, prolongadas horas de trabalho foram impostas e o modo de vida foi ficando completamente diferente do que era vivido anteriormente. A sociedade estava cada vez mais industrial e urbana, com o fim da atividade artesanal e crescente emigração do campo, mulheres e crianças também se engajavam em exaustivas jornadas de trabalho, ganhando apenas o suficiente para sobreviver.

As consequências dessa grande e impactante transformação na sociedade não tardaram a explodir. Um grande crescimento demográfico sem uma estrutura capaz de suprir as necessidades dessa nova e numerosa população faz com que haja um aumento exorbitante da prostituição, dos suicídios, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade e surtos de epidemias como o tifo e a cólera. Porém o surgimento do proletariado foi um dos fatores de maior importância. Os trabalhadores enxergavam o socialismo como alternativa de mudança.

Devido todos esses problemas já listados, a sociedade se tornou um plano de análise e alguns pensadores ingleses desejaram introduzir algumas modificações na sociedade. Esses precursores da sociologia foram recrutados entre militantes políticos, indivíduos que participavam ativamente de debates ideológicos e se envolviam profundamente com os problemas da sociedade. Podem ser citados como tais pensadores Owen (1771-1858) Willian Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832). Toda a pesquisa realizada por eles foi fundamental para constituição de um saber sobre a sociedade.

A sociologia constitui, portanto, uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. É a formação de uma estrutura social muito específica – a sociedade capitalista – que impulsiona uma indagação social, sobre as transformações e crises da nova sociedade.

Enfatizar a importância de instituições como as autoridades, a família e a hierarquia social era elementar para que houvesse uma restauração da família como “unidade social básica”, instaurando equilíbrio em uma sociedade afundada pelos conflitos de classe.

Comte, um dos principais fundadores da Ciência Social, a orientação da sociologia deveria seguir no sentido do que ele denominava de “leis imutáveis da vida social”, deixando de abordar até mesmo a questão da igualdade, justiça e liberdade, lema da revolução francesa. Desse modo, segundo a sua concepção, a nova ciência deveria proceder de tal forma:

O desmoronamento do antigo sistema social, ao instigar a reflexão à busca de um remédio para os males de que a sociedade padecia, incitava-o por isso mesmo a aplicar-se às coisas coletivas. Partindo da ideia de que a perturbação que atingia as sociedades europeias resultava do seu estado de desorganização intelectual, ele entregou-se à tarefa de por termo a isto. Para refazer uma consciência nas sociedades, são estas que importa, antes de tudo, conhecer. Ora, esta ciência das sociedades, a mais importante de todas, não existia; era necessário, portanto num interesse pratico fundá-la sem demora (DURKHEIM apud MARTINS, 1982, pág. 29-30).

Esta sociologia de inspiração positivista procura se separando apenas da filosofia negativa, mas também da economia política, atendo-se apenas ao estudo único e isolado da sociedade.

Formação e evolução

Nesse segundo capítulo, Martins inicia fazendo referência ao matemático francês Henri Poicare, que afirmou ser a sociologia apenas uma ciência de muitos métodos e poucos resultados. Relacionando com os dias atuais, onde poucas pessoas têm dúvidas acerca dos resultados alcançados pela sociologia.

Existiam interesses opostos aos da sociedade, que penetraram e estiveram presentes durante toda evolução científica da sociologia. Diferentes tradições sociológicas foram originadas devido aos diversos entendimentos que se tinha sobre o objeto de estudo.

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