Franz Boas e a Formação da Antropologia Americana
Por: Paula Somensari • 12/10/2016 • Dissertação • 1.834 Palavras (8 Páginas) • 1.827 Visualizações
Resumo de Aula – Antropologia I
Aula 2 – Franz Boas e a formação da antropologia americana
O culturalismo Norte-americano
- Franz Boas (1858-1942)
Boas, ainda que inserido num contexto evolucionista, desenvolve uma antropologia que contrapõe os ideais do evolucionismo da época.
Desenvolveu sua formação na Alemanha, como físico e geógrafo, e foi um dos primeiros pensadores do culturalismo. Seu principal objeto de estudo eram os povos que habitavam as terras frias, os chamados esquimós.
- Realização de Trabalho de Campo
Ao longo de sua vida, Boas desenvolveu uma forte crítica ao evolucionismo, principalmente à sua metodologia.
Os evolucionistas realizavam sua pesquisa a partir de relatos de viajantes, era a chamada antropologia de gabinete. Não havia pesquisa de campo, e os relatos eram trazidos por viajantes, e outras pessoas que não possuíam uma formação antropológica. Para Boas, era essencial que ocorresse expedições, pesquisas de campo, por parte do próprio antropólogo, sendo assim, a etnografia é iniciada por Boas.
- Postos centrais ocupados nos EUA
Boas lecionava em Columbia. Trabalhou no Museu do Homem, e escrevia à revista de Antropologia dos EUA. Portanto, era um homem de muita influência nos EUA.
Nos museus, Boas reorganizou a disposição das peças, de modo que os objetos deveriam ser colocados em conjunto, de acordo com o contexto, não mais posto da forma evolucionista em que o pesquisador colocava as peças de forma a hierarquizar as sociedades estudadas, não agrupando os objetos separadamente de acordo com a sociedade. Sendo assim, Boas foi responsável por modificar toda a forma de escrita das monografias e da disposição de peças em museus.
- Separação de Cultura e Raça
A antropologia de Boas é fundada na ideia de cultura em contraposição à raça. Raça, na época estava atrelada a um conceito biológico, Boas rompe com essa tradição e propõe que a raça está vinculada na verdade ao conceito de cultura, de forma a abranger a diversidade.
Boas estava na contramão do pensamento dominante à época na Europa e nos EUA, contestava a ideia de que a raça estava atrelada ao comportamento humano, lançando críticas ao evolucionismo e à raça como conceito biológico.
O evolucionismo atribuía aspectos biológicos na cultura. Boas separava Biologia de Cultura, rompendo com o determinismo biológico, que hierarquizava as raças de forma biológica – Negros, indígenas e caucasianos, e rompia também com a hierarquização de grupos, no sentido evolucionista, cuja ideia central era de apenas uma humanidade caminhando para o patamar mais elevado de civilização.
Ciência e Senso comum caminhando de mãos dadas e fomentando teorias racistas e etnocêntricas.
- O conceito de cultura formado por Boas
Boas partiu da ideia de relativismo. A cultura é tida, por Boas, como relativa e específica a cada grupo. Sendo assim, cada elemento de uma determinada cultura deve ser pensado dentro da cultura estudada, ou seja, tudo deve ser contextualizado, histórica e geograficamente, abrangendo as características especificas da cultura estudada.
Também partiu do pressuposto de percepção – cada grupo carrega um repertório de elementos que influenciam a forma de o indivíduo ver o mundo, como uma lente, que Boas chama de Valor Relativo, esse valor relativo deve ser apreendido a partir das lentes da própria cultura, daí a importância de ser realizado trabalho de campo.
A cultura é trabalhada de forma plural, ou seja, várias culturas
Aula 3 – Franz Boas e o Particularismo Histórico
As limitações do método comparativo/ Raça e progresso
- Crítica ao evolucionismo e ao método comparativo e às teorias racistas com viés biológico.
Boas lança grande crítica ao Evolucionismo por ser responsável por hierarquizar as sociedades, e ao racismo científico, com suas teorias raciais que hierarquizam as raças.
- As limitações do método comparativo
Boas critica de forma implícita o evolucionismo.
O método comparativo contava com pesquisadores de gabinete, que sistematizavam a coleção de relatos a respeito de outros povos, sem utilizar fontes de antropólogos ou outros pesquisadores treinados.
A ideia central da crítica de Boas, está pautada na defesa de que não há provas que os objetos semelhantes agrupados por pesquisadores possuem a mesma origem, isto é, os evolucionistas não contextualizavam o objeto/elementos das sociedades em sua totalidade, Boas defendia que elementos iguais de culturas diferentes podem ter significados diferentes, não necessariamente possuem a mesma origem. Para Boas, o método comparativo não abrangia a totalidade de um grupo, pois comparava elementos isolados.
O cerne de sua crítica está no método comparativo, ao criticar o método, a crítica estendia-se ao princípio.
Depois, Boas criticava também a forma de levantar dados, que, para ele, não eram válidos por estarem descontextualizados, a comparação de fenômenos não provaria a unidade da Humanidade, pois, de acordo com Boas, diferentes caminhos podem levar a fenômenos similares, assim como pode ocorrer com a forma oposta. Sendo assim, o método não era capaz de provar o princípio de que a mente humana obedece à mesma lei, em diferentes lugares. Boas defendia que a origem comum das variantes culturais deve ser investigada e não atribuída à priori, novamente, a defesa de contextualização da totalidade de um grupo.
- Raça e Progresso
Existe uma questão pessoal sobre a escrita de Raça e Progresso pelo fato de Boas ser judeu, portanto, definiu uma teoria que refutasse o determinismo biológico. Propõe um conceito de cultura que fosse capaz de explicar a diversidade humana.
Critica a ideia de raças miscigenadas como raças degeneradas, na verdade, Boas não acredita na ideia da existência de uma raça pura, até porque demonstra que as sociedades europeias são extremamente miscigenadas.
Boas questiona o argumento de que a guerra seria responsável por manter a pureza natural como forma de seleção natural.
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