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Por:   •  8/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.450 Palavras (10 Páginas)  •  279 Visualizações

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Paradigma - A constituição do campo disciplinar da sociologia do ambiente enfrenta duas dificuldades que antecedem à sua própria formação:

- Por um lado o ambiente não parece requerer, em princípio, uma nova sociologia mas apenas a aplicação das teorias gerais a este domínio que não é propriamente novo

- Por outro lado o Ambiente propõe uma contradição ao modelo clássico de oposição entre as ciências, fundador da própria identidade da sociologia

A afirmação disciplinar da sociologia do ambiente surge como junção de um conjunto de diversas perspetival. Entre as principais destacam-se:

HEP - A sociologia continuou ainda, até há cerca de 40 anos, profundamente influenciada pela cultura ocidental tradicional marcada por um forte antropocentrismo que via o ser humano como totalmente separado do resto dos seres vivos e da natureza e com poderes excepcionais que lhe permitiriam dominar a natureza e usá-la para os seus próprios fins. Este optimismo nas capacidades excepcionais do Homem devia-se sobretudo ao contexto de expansão económica e tecnológica que caracterizava a visão ocidental dominante. Viviam-se momentos de prosperidade, que fundamentavam a crença na absoluta dominação do progresso e do poder económico, político e tecnológico do homem sobre a natureza. Considerava-se esta como uma fonte inesgotável de recursos e o ser humano como diferente e superior a todos os outros seres e como tal, capaz de dominar totalmente a natureza e resolver todo e qualquer problema que surgisse. No campo científico e nomeadamente na sociologia, assistia-se à impreterível necessidade por parte dos fundadores3 em autonomizar e legitimar o campo da disciplina, recorrendo para isso à absoluta distinção do seu objecto de estudo e recusando qualquer influência dos factores naturais ou biológicos na explicação de problemas sociais. Verificava-se deste modo um autêntico «divórcio» entre Sociologia e Ambiente.

O HEP assume pressupostos que se verificam agora ser irrealistas e que eram baseados num otimismo exagerado:

- Os seres humanos são seres únicos porque possuem a cultura;

- A cultura apresenta uma diversidade infinita e muda muito mais rapidamente que os traços biológicos.

- Muitas das diferenças humanas são produto do social e as diferenças desvantajosas podem ser eliminadas.

- A acumulação de cultura leva a um progresso sem limites fazendo com que os problemas sociais sejam todos resolvidos.

NEP - Riley Dunlap e William Catton apresentaram uma nova concepção na forma de olhar e analisar as interacções entre as sociedades industriais modernas e o ambiente, dado que para eles uma sociologia do ambiente deve ser “o estudo das interacções entre ambiente e sociedade” . Só se pode analisar e compreender verdadeiramente estas relações de determinação mútua, considerando o “ambiente como um factor que pode influenciar e simultaneamente ser influenciado pelas acções humanas” e portanto, tendo em conta o ambiente biofísico e não apenas o ambiente social. Para isso propõem um novo paradigma ecológico – NEP, que pretende ultrapassar o antropocentrismo presente no paradigma anterior (HEP), recusar a isentabilidade humana e admitir a relação de determinação mútua entre ambiente e sociedade.

O novo conjunto de características em que se baseia o NEP traduz-se na sua versão mais completa, enfatizam características igualmente excecionais do ser humano, e sublinha a força das leis ecológicas no enquadramento da atividade humana. Embora possua características excecionais os homens encontram-se no meio de muitas outras espécies, todas elas envolvidas no ecossistema global de forma interdependente as ações humanas são influenciadas pelos fatores sociais e culturais.

Os autores afirmam a interdependência reciproca de todos os fatores e dão forma ao seu complexo ecológico, através do qual equacionam a relação multicausal das interações entre população, tecnologia e organização social e que tanto serve à explicação das causas da degradação ambiental como das consequências ambientais sobre a sociedade portanto a natureza simultaneamente complexa e mista, dos problemas ambientais fica claramente assumida integrando na mesma forma de causalidade e de modo interdependente fatores biofísicos e sociais.

        Os argumentos de base consistem por um lado na construção da absoluta novidade dos atuais problemas ambientais e por outro lado no fato da sociologia como disciplina se ter constituído em grande parte num processo de diferenciação face às ciências da natureza e os seus modelos.

O desafio teórico do HEP ao NEP

Dunlap e Catton propuseram não só a integração dos dados ambientais, como a própria deslocação do paradigma dominante na sociologia, de modo a re-situar a oposição entre dimensões naturalísticas ou naturais e dimensões sociológicas. Impulso da reflexão critica sobre os fenómenos da modernidade ajudou a conduzir à formação de uma sociologia do ambiente - agora integrando teoricamente os problemas ecológicos na sociologia, enquanto factos sociais próprios da modernidade, - da sua complexidade, globalidade e risco - os quais a rede mediática intensifica e extensifica.

Assim, o ambiente surge nas sociologias contemporâneas por duas vias diferentes:

1. Nova relação entre o homem e a natureza

2. Sociologia do ambiente, a expressão crítica dos problemas da modernidade

Deste modo, o problema ambiental surge na sociologia mas foi evidente a diferença que certos fatores contemporâneos vieram marcar

1. Através da retroatividade potencialmente fatal sobre a própria vida humana à escala global, provocada pelos processos sociais derivados da crise ambiental

2. Através da reflexividade mediática como elemento essencial desta nova situação

Os problemas ambientais interessam então devido ao facto de serem efetivamente novos no que respeita a dinâmica social que adquirem, mas como não são efetivamente novos, a dinâmica social é que ganha uma nova perspetival onde eles se inscrevem para qual contribuiu um elemento decisivo: a mediatização do ambiente. O fundamento para a constituição de uma sociologia do ambiente não esta na problemática ancestral da relação do ser humano com a natureza mas sim na figura inédita dessa relação, ou seja, reconhece um impacto sem precedentes das sociedades humanas sobre o ambiente global e o efeito retroativo deste sobre as mesmas.

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