Miliband: Controle de Leitura
Por: Toralles1 • 6/10/2020 • Ensaio • 413 Palavras (2 Páginas) • 402 Visualizações
Tomando como referência os textos de Ralph Miliband (“O sistema estatal e a elite do Estado”), e de Nicos Poulantzas (abaixo) responda a questão a seguir:
A POSSIBILIDADE DE GESTÃO DA ECONOMIA PELO ESTADO, REQUER CERTA AUTONOMIA ESTATAL EM RELAÇÃO À ESFERA ECONÔMICA? COMO OS AUTORES MARXISTAS RALPH MILIBAND E NICOS POULANTZAS SE POSICIONAM DIANTE DESSA INDAGAÇÃO? (Desenvolva a sua resposta)
Inicialmente far-se-á necessário contextualizar qual a perspectiva de Miliband a respeito do Estado. A concepção do autor é de o Estado não é uma coisa ou um objeto. O Estado deve ser compreendido como um conjunto determinado de instituições que, juntas, formam a realidade sistema estatal, sistema este que, por sua vez, está em constante interação interna.
Miliband pontua também que governo, administração pública, forças armadas, governos subnacionais e assembleias legislativas são as principais, mas não únicas, instituições desse sistema estatal. Segundo o autor, é nessas instituições que o poder estatal se apoia e é exercido, em suas múltiplas manifestações e que também está sujeito a quem se encontra no postos de poder de cada uma dessas instituições, que é o que o autor denomina de elite estatal.
Logo, Miliband tem o intuito de demonstrar como se desenvolvem as relações entre a elite estatal, que dirige as instituições do estado, com a elite econômica que, apesar de não estar necessariamente dentro do Estado e de se esforçar para manter um aparente distanciamento do mesmo, exerce profunda influência. Todavia, o autor reconhece que a elite econômica, apesar de não estar diretamente governando, ela domina o governo.
Nico Poulantzas, por sua vez, assinala uma situação importante para a manutenção dos interesses da classe dominante no que tange aos mecanismos do Estado. O autor sugere que, apesar da classe economicamente dominante ser também a classe politicamente dominante, a própria estrutura de dominação comportaria em sua gênese a possibilidade de garantir alguns interesse econômicos das classes dominadas.
Isso ocorreria porque é de interesse da classe politicamente dominante que haja uma espécie de conformação das classes dominadas para desorganizar sua luta política. Simplificando e reduzindo o pensamento de Poulantzas, pode-se dizer que eventuais concessões econômicas oriundas da luta de classes dentro do Estado não significam enfraquecimento da dominação pelas classes hegemônicas, pelo contrário, essas concessões são apenas instrumentos das classes dominantes para, no longo prazo, manterem sua hegemonia.
Referências Bibliográficas:
MILIBAND, Ralph. "O Sistema Estatal e a Elite do Estado." In: CARDOSO, Fernando Henrique; MARTINS, Carlos Estevam (orgs). Política e Sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1979, v. 1, p. 135-147.
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