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O Conceito de cultura

Por:   •  17/3/2017  •  Resenha  •  2.528 Palavras (11 Páginas)  •  460 Visualizações

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Conceito de cultura

Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização.

Cultura é definida também em ciências sociais como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade.

Biologicamente cultural

O homem se distingue dos demais seres vivos pelo seu modo de vida cultural, que se caracteriza pela transmissão de informações de geração em geração e pelo uso da linguagem e representações simbólicas.

O contexto cultural permite a acumulação de informações que se refletem em crenças, práticas e rituais. A cultura dispensa o individuo de aprender por ensaio permitindo, assim, a adição de novas aprendizagens em consequência das experiências de cada um. Esta capacidade nos dá certo poder sobre as forças naturais e parece nos libertar de nossa própria natureza.

Embora a adaptação ao meio através de aprendizagem individual seja fato comum nos animais, e ainda que os primatas apresentem alguma tendência à aprendizagem social e à transmissão cultural, no caso humano alcançaram níveis extremamente diferenciados. Além disso, as relações entre natureza humana e cultura são muito complexas.

O modo de vida cultural impõe uma série de exigências para seu funcionamento, como, aumentar a importância da proximidade e das relações sociais, e também da inteligência. Pode-se pensar então, que a cultura ao aumentar as chances de sobrevivência de um grupo, também aumenta a sua dependência da cultura pra sobreviver.

Ao que tudo indica, assim que nossos ancestrais desenvolveram uma dependência da cultura para sobreviver, a seleção natural começou a favorecer genes para o comportamento cultural.

Cultural antes de ser humano

A partir dos primeiros sinais evidentes de uma “estratégia cultural diferenciada”, a análise do registro fóssil, mostra uma evolução da biologia e da cultura que esclarece o processo de estabelecimento da natureza cultural do homem.

O uso intensivo e padronizado de instrumentos manufaturados de pedra utilizados para o processamento de carne sugere um comprometimento do Homo habilis com um modo de vida sociocultural, o que representou um marco evolutivo.

O estabelecimento de uma determinada tecnologia de lascamento requer acúmulo e transmissão de conhecimentos.

No momento em que a sobrevivência é afetada pela cultura se exerce uma pressão que seleciona o comportamento cultural, criando um contexto de seleção natural. Ou seja, a partir de então todas as características favoráveis ao desenvolvimento e à transmissão de cultura são selecionadas.

O crescimento do cérebro dentro da cultura

A evolução do cérebro pode ser ilustrativa. Na evolução humana houve uma expansão cerebral superior á que seria determinada pelo crescimento geral do corpo. O processo de hominização foi marcado pela especialização cultural, porém a busca dos traços característicos mostra um amplo conjunto de adaptações que vão além do crescimento da capacidade cerebral e da inteligência.

Qualquer traço cumpre sua função dentro de um contexto que envolve ajustes e influências mútuas. O principio biológico de que características anatômicas, fisiológicas e comportamentais de uma espécie formam um complexo coadaptado. Exemplo: Voo dos pássaros.

Estrutura social e vínculos afetivos

Diferente dos padrões primatas, podemos identificar alterações globais na organização social, nas ligações afetivas e nas estratégias ontogenéticas (origem e desenvolvimento de um organismo desde o embrião), que formam um complexo coadaptado.

Todas estas características têm relações evolutivas com o contexto cultural: ao mesmo tempo em que foram selecionadas também propiciaram a evolução cultural.

A linguagem é uma característica biológica

Neste sentido, merece destaque o aparecimento da linguagem. Para falar não bata um aparelho fonador eficiente, inúmeras outras capacidades são requeridas: perceptuais, cognitivas, interacionais, tudo isso evoluindo dentro de um modo de vida em que falar seja vantajoso.

Aliás, a linguagem é um destaque para a ação decisiva da evolução sobre os comportamentos culturais. Logo, ela pode ser entendida como essencial à cultura, mas também está fortemente enraizada em propriedades biológicas ligadas à estrutura cerebral, anatomia do sistema fonador e à herança da capacidade linguística.

A aquisição da linguagem não é a imposição de um sistema arbitrário ou convencional por códigos e sim uma habilidade dotada de motivação própria para adquiri-la. O ser humano é biologicamente linguístico; nasce com os recursos cognitivos, motivacionais, fisiológicos e anatômicos para entender e usar a linguagem humana. Por sua vez, as línguas humanas são construídas, mantidas e transformadas por esses mesmos seres humanos que as adquirem a cada geração.

Ao lado das especializações anatômicas e fisiológicas, exemplificadas pela especialização do cérebro e do aparelho fonador, ao longo do processo de hominização os indicadores culturais foram ficando mais complexos. Pode-se dizer que uma coisa puxou a outra: um cérebro maior permitia novos desenvolvimentos culturais e um contexto cultural mais desenvolvido promovia a seleção de nova especialização cerebral. Todavia pode-se dizer que a biologia e cultura caminham juntas.

A própria cultura é uma característica biológica

O ser cultural do homem deve ser entendido como biológico. O homem é naturalmente cultural e é a um só tempo, criatura e criador da cultura.

À medida que vai crescendo a utilização de recursos naturais, aumenta-se a iniciação requerida dos jovens aos usos e costumes do grupo.

A predisposição dos bebês para a iniciação cultural

A evolução cultural não se deu só pelo desenvolvimento da inteligência e da capacidade simbólica, mas também pelo fortalecimento das vinculações afetivas, das trocas interacionais, dos compartilhamentos e da comunicação de um modo geral.

Algumas situações naturais envolvendo pequenas crianças têm revelado a presença de adaptações naturais para a interação social e para a formação de vinculações afetivas. Os bebês nascem com uma forte tendência para a vinculação afetiva.

Formam-se as ligações afetivas, determinadas pela quantidade e qualidade das interações-responder consistentemente aos sinais da criança e brincar adequadamente com ela são os fatores essencialmente determinantes da formação de laços afetivos (Bowlby, 1984). Ao mesmo tempo, ocorre o desenvolvimento cognitivo: a aquisição da linguagem, por exemplo, também se processa neste mesmo contexto interacional, de percepções compartilhadas, em associação a uma forte predisposição da criança para balbuciar e para igualar emissões vocais.

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