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O Howard Gardner

Por:   •  25/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.351 Palavras (6 Páginas)  •  89 Visualizações

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BARBOSA, Camila Andrade ¹

Biografia e contexto histórico:

        

Howard Gardner nasceu em 11 de julho de 1943 em Scranton, Pensilvânia. Seus pais eram Ralph e Hilde Gardner, imigrantes judeus alemães que fugiram da perseguição nazista pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Eles se mudaram para os Estados Unidos com o filho Eric, de três anos, no dia 9 de novembro de 1938. A família desembarcou na cidade de Nova York com US$ 5 no bolso na Kristallnacht², a Noite dos Vidros Quebrados, quando muitos de seus parentes foram feridos ou mortos. Assim que chegaram, a família logo se mudou para Scranton, uma pequena cidade de mineração de carvão (Mineo 2022).

Quatro anos após se estabelecerem em Scranton e pouco antes do nascimento de Howard, Eric morre em um trágico acidente de trenó. O Holocausto e a morte de seu irmão mais velho lançou grandes sombras na infância de Howard e direcionou seus pais a terem uma postura mais protetora com o filho. Eles esconderam os horrores do Holocausto de Gardner, temendo que tomar conhecimento dessas atrocidades iria prejudicá-lo. Também não lhe contaram sobre Eric. Esses dois eventos, mesmo não sendo discutidos durante a infância de Gardner, tiveram um impacto muito significativo em seu pensamento e desenvolvimento (Mineo 2022).

 À medida que crescia, e descobria a “história secreta” da família, Howard começou a reconhecer que era diferente tanto de seus pais quanto de seus colegas. Gardner se conformou com a morte do irmão, e com os valores tradicionais judaicos de sua família (Winner 2010).

A educação era de grande importância para a família Gardner. Ralph e Hilde não tinham ensino superior, mas eram muito bem-sucedidos e tiveram um grande impacto no desenvolvimento de seu filho. Howard era um excelente aluno e se saía muito bem em matemática e ciências, mas seus principais interesses eram literatura, história e artes. Em setembro de 1961 matriculou-se no curso de história na Universidade de Harvard. Apesar de ser fascinado pelas Cruzadas e pela Revolução Industrial, não se importava com como os historiadores escreviam sobre isso e acabou transitando para relações sociais. Howard se interessava pelas ciências sociais, mas nunca fez um curso de psicologia. Enquanto em Harvard, no entanto, ele foi orientado por Erik Erikson, um psicólogo de renome mundial, que o introduziu no estudo da psicologia e ciências sociais (Mineo 2022).

O interesse de Howard Gardner pela psicologia e pelas ciências sociais cresceu (sua tese foi sobre uma nova comunidade de aposentados na Califórnia) e ele se formou com a maior das honras em 1965 (Winner 2010).

Posteriormente, Gardner trabalhou por um breve período com Jerome Bruner no famoso Projeto MACOS (‘Man: A course of study’). O trabalho de Bruner, especialmente em O Processo da Educação (1960), teve um impacto profundo em seus interesses subsequentes. Em 1966, Gardner se matriculou no programa de doutorado de Harvard e, no ano seguinte, integrou a equipe de pesquisa do Project Zero que estuda o ensino das artes. Em 1971, ele obteve seu PhD. (sua dissertação foi sobre a sensibilidade de estilo em crianças) e continuou em Harvard. Foi conferencista (1971–1986) e depois professor de educação, além de seu trabalho com o Project Zero, ele publicou seu primeiro livro, The Shattered Mind, em 1975, e outros quatorze livros. Howard Gardner foi professor pesquisador de Cognição e Educação na Universidade de Harvard e professor adjunto de psicologia na Universidade de Harvard e diretor sênior do Harvard Project Zero. Ele se aposentando de suas funções de professor no final de 2018-2019 (Winner 2010).

Contribuição para a educação e para o processo educacional:

Howard Gardner desenvolveu a teoria das múltiplas inteligências no início dos anos 1980 e a apresentou pela primeira vez em 1983, em seu livro Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences. Ela surge como uma crítica às visões psicométricas tradicionais de inteligência, que afirmam que existe uma única inteligência, medida pelo QI. Em vez disso, com base em evidências de fontes díspares, a teoria sugere que os seres humanos têm várias capacidades intelectuais relativamente discretas.

Inicialmente, Gardner criou uma lista de sete inteligências. As duas primeiras têm sido frequentemente enfatizadas em ambientes educacionais, as três seguintes são frequentemente ligadas às artes e as duas últimas são o que Howard Gardner chamou de "inteligências pessoais" (Smith 2008).

A habilidade de aprender novos idiomas, a sensibilidade linguística e a capacidade de utilizar a linguagem para atingir determinados objetivos são componentes da inteligência linguística.

A capacidade de conduzir operações matemáticas, conduzir análises lógicas de situações e conduzir trabalhos investigativos constitui a inteligência lógico-matemática.

A capacidade de executar, compor e reconhecer padrões musicais são exemplos de inteligência musical. Inclui a capacidade de compreender e criar ritmos musicais, tons e alturas.

A inteligência físico-cinestésica refere-se à capacidade de usar todo ou partes do próprio corpo para resolver dificuldades. É a capacidade de sincronizar o movimento físico com os processos mentais.

A capacidade de perceber e fazer uso de padrões tanto em espaços abertos quanto em espaços menores é chamada de inteligência espacial.

A inteligência interpessoal está relacionada com a capacidade de entender as intenções, motivações e desejos de outras pessoas.

A inteligência intrapessoal envolve a capacidade de compreender a si mesmo, de apreciar os próprios sentimentos, medos e motivações.

Desde então, Howard Gardner e seus colegas conduziram estudos adicionais e pensaram na possibilidade de três inteligências adicionais: uma inteligência naturalista, uma inteligência pedagógica e uma inteligência existencial (Smith 2008).

Howard usa a metáfora do computador ao contrastar as múltiplas inteligências com o conceito convencional de inteligências. Para ele, a crença em uma inteligência singular implica que os humanos possuem um único computador de propósito geral que pode funcionar bem (QI alto), medianamente (QI normal) ou mal (QI baixo). Já na teoria das inteligências múltiplas, os humanos têm vários computadores relativamente independentes, o alto desempenho de um computador não indica necessariamente o alto desempenho (ou baixo) de outros computadores. Em termos mais concretos, a inteligência espacial de uma pessoa pode ser alta (ou baixa), mas isso não garante que sua inteligência musical ou interpessoal também seja.

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