O Impacto das Ideias Iluministas Sobre a Revolução Francesa
Por: Renato Rocha • 26/11/2019 • Trabalho acadêmico • 1.685 Palavras (7 Páginas) • 172 Visualizações
A fenomenologia de Alfred Schutz e a etnometodologia de Harold Garfinkel e sua influência nos estudos de microsociologia.
Introdução
As cidades e, mais precisamente as grandes metrópoles, concentram uma grande variedade de indivíduos de diferentes nacionalidades, etnias, práticas religiosas e variadas formas de expressão cultural. Aliado a isso e, consequentemente, com a intensificação de uma interação social marcada pela multiplicidade de costumes e hábitos, novas formas de sociabilidades são estabelecidas obrigando os indivíduos a se relacionarem baseando suas ações numa relação dialógica, a partir de um enfrentamento entre o que se crê como correto e o que o outro acredita ser o mais ajustado.
Neste trabalho, pretendo relacionar duas das principais teorias sociais que influenciaram o pensamento sociológico e se tornaram base teórica importante da disciplina sociológica americana com o que ficou conhecido como microsociologia ou sociologia do indivíduo. Conhecida dessa forma, essas teorias (ou metodologias) se diferem da macrosociologia pois partem das ações e reações dos atores sociais em interação, enquanto as teorias macrosociológicas têm nos processos amplos da sociedade, as classes socias, governos, economia, etc a sua maior atenção.
O trabalho busca estabelecer algumas relações entre as obras dos autores Harold Garfinkel e Alfred Schutz, destacando suas aproximações e distanciamentos procurando construir uma análise ordenada a respeito de suas propostas metodológicas e do que cada autor considera ser essencial na análise dos fenômenos sociais. Para isso, são utilizados os trabalhos "Estudos em etnometodologia", de Harold Garfinkel, e "A construção social da realidade", dos autores Peter Berger e Thomas Luckmann.
A proposta de análise a partir da utilização dos autores como referência surge das leituras dos textos citados e discussões realizadas nas aulas da disciplina de “Sociabilidade e Interação Social”, ministradas pela professora Aline Marinho. Na busca de construir reflexões teóricas relevantes sobre práticas e técnicas de pesquisas que têm no indivíduo e as relações travadas por ele a sua origem, onde temas como a interpretações, simbolos e significados, além do cotidiano dos indivíduos e como eles dão sentido a suas ações, o interesse principal é o de demonstrar como esses temas se tornam objeto de apreciação e compreensão. Dessa maneira, o trabalho se preocupa inicialmente em apresentar e desenvolver as teorias dos autores citados, concluindo com a contrução da relação entre a fenomenologia e a etnometodologia.
Fenomenologia de Alfred Schutz
A fonomenologia sociológica tem origem com o trabalho de Alfred Schutz. Um austríaco que emigrou para os Estados Unidos antes da Segunda Guerra Mundial, tentando usar a fenomenologia de Edmund Hursserl para reedificar a sociologia compreensiva de Max Weber em bases mais sólidas. Essa nova sociologia foi divulgada extensamente no livro A construção social da realidade, de Peter Berger e Thomas Luckmann, que desenvolve de forma mais acessível as principais idéias de The phenomenology of the social world, de Schutz. (BERGER; LUCKMANN, 1983; SCHUTZ, 1967).
Na concepção de Schutz, a interpretação do mundo se dá pela mediação de categorias e construtos do senso comum que são largamente sociais na sua origem e que representam recursos com os quais os agentes interpretam suas situações vividas de ação e interação da vida social. Para o autor, os objetos através dos quais os agente se orientam são ativamente construídos no fluxo das experiências por intermédio de um conjuto de operações subjetivas, tendo o conceito de construção (ou constituição) um significado particular nesse contexto. Tanto para os objetos naturais como para os sociais tal construção/constituição é continuamente atualizada por meio de sínteses de identificação que são indefinidamente renovadas. Para ele, é dessa maneira que os obejtos são sedimentados como objetos auto-mesmos, apesar das possíveis mudanças nas perspectivas físicas a partir das quais eles são vistos e, no caso dos objetos animados, a despeito de suas formas mutáveis e de suas variadas manifestações comportamentais.
A partir desse processo, os objetos são construídos no interior de uma estrutura de familiaridade e pré-convivência fornecida através de um estoque de conhecimentos à mão que é essencialmente social em sua origem. Esse estoque é mantido através de uma forma tipificada constituíndo, com isso, um conhecimento tipificado à luz do qual os agentes interpretam o mundo social de maneira aproximada e revisável servindo como recursos para a organização da ação. Levando-se em conta que esse processo ativo não acontece isoladamente, mas sim no plano social, Schutz propôs que a compreensão intersubjetiva dos atores se dê por meio de um processo ativo no qual os participantes admitem a tese geral da reciprocidades das perspectivas, a qual significa dizer que apesar de perspectivas diferentes, trajetórias e motivações que levam os agente a terem experiências de mundo diferentes, eles podem, apesar disso, tratar suas experiências como idênticas para todos os fins práticos.
A etnometodologia
Harold Garfinkel apresenta a etnometodologia nos anos de 1960, com a publicação do seu trabalho "Studies in Ethnomethodology" (1967) que reúne uma série de pesquisas realizadas ao longo da década de 1950.
No seu livro, Garfinkel (1967) defende que estudos em etnometodologia prestam-se a analisar as atividades do cotidiano dos indivíduos como sendo "[...] métodos para se fazer essas atividades visíveis, racionais e reportáveis para todo os propósitos práticos. Em outras palavras, relatáveis, como organizações de atividades diárias comuns". Além disso, a reflexividade própria desse objeto é "um elemento singular das ações práticas, das circusntâncias práticas do conhecimento de senso comum das estruturas sociais, e do raciocínio sociológico prático". É importante deixar claro que os estudos em etnometodologia não buscam um caráter prescritivo dos fenômenos sociais aos quais eles se debruçam, ou seja, não formulam soluções para as ações práticas a partir de julgamentos de valores sobre elas.
Para o autor, a análise da lógica racional prática a qual é objeto da etnometodologia, é compreendida através do caráter multifacetado que uma atividade prática reúne. Sendo, sobretudo, um acontecimento contínuo e contigente, o autor busca destacar o aspecto processual, que situa no tempo e no espaço tal acontecimento, envolvendo
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