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O Privilégio da Servidão: O Novo Proletariado de Serviços na Era Digital

Por:   •  21/9/2021  •  Ensaio  •  121.527 Palavras (487 Páginas)  •  89 Visualizações

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Sobre O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital

Michael Löwy

O conjunto da obra de Ricardo Antunes se distingue por uma rara qualidade: seu autor consegue combinar a pesquisa sociológica concreta, rigorosa e empiricamente fundamentada com um compromisso social intransigente, a saber, a tomada de partido pelos explorados e oprimidos. Isso vale também, obviamente, para O privilégio da servidão.

O livro que o leitor tem em mãos é de uma extraordinária riqueza, da qual o título só abarca uma expressão parcial. Aqui, Antunes estuda não só o novo proletariado, dito “informal” ou “digital”, do setor de serviços – vítima de precariedade e reificação –, mas também a tendência geral de precarização e terceirização do trabalho no Brasil: a “devastação do trabalho”, promovida pelo capitalismo global, tanto na indústria como no agronegócio.  Um processo com consequências dramáticas para os explorados – a “sociedade do adoecimento no trabalho” – e que se realiza, infelizmente, com a cumplicidade do “sindicalismo negocial”.

Como o autor aponta, com razão, tais tendências já vêm se desenvolvendo há vários anos, sem que a política de conciliação de classes promovida pelas lideranças sindicais e pelos governos de recorte social-liberal mostre-se capaz de reverter a degradação das condições de vida e de trabalho dos “novos proletários”. Entretanto, a devastação do trabalho conhece um salto qualitativo, que Antunes define como uma verdadeira contrarrevolução social e política, levada a cabo pela Sagrada Aliança de banqueiros, latifundiários e políticos corruptos liderada pelo presidente ilegítimo Michel Temer, no quadro de um verdadeiro Estado de exceção, no qual o espaço democrático se reduz dramaticamente.

A esperança de um novo rumo para a classe trabalhadora no Brasil reside no potencial de rebelião que revelaram os acontecimentos de junho de 2013 e nos germes de um sindicalismo de classe e de luta que se organiza na base. Só com a convergência dessas forças ainda fragmentárias e dispersas é que será possível, no futuro, a única saída autêntica para a crise capitalista: um novo modo de vida, isto é, o socialismo.

Cientista social marxista, Ricardo Antunes não esconde sua opção socialista. Esse é o horizonte revolucionário que dá a esta brilhante pesquisa sociológica toda sua potência crítica e subversiva.

Sobre O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital

Ursula Huws, professora da Universidade de Hertfordshire (Inglaterra)

Este livro é um importante marco para o entendimento da relação entre capital e trabalho. Ricardo Antunes combina duas qualidades raramente presentes na mesma pessoa: uma visão clara da dinâmica de reestruturação do capitalismo global e um discernimento profundo do que essas mudanças significam para os trabalhadores. Nesta obra, tais qualidades se combinam para iluminar as dramáticas transformações que o trabalho atravessa no século XXI. Sua análise demonstra os mecanismos pelos quais o trabalho tornou-se mais fragmentado e precário e os processos pelos quais os trabalhadores perdem poderes. Com humanidade e perspicácia, revela o impacto de tais mudanças sobre o bem-estar físico e psicológico dos trabalhadores e demonstra como isso leva a novas formações de classe. Ao fazê-lo, fornece um guia sobre as tendências futuras que pode ser usado tanto por acadêmicos quanto por militantes do trabalho.

Sobre O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital

Pietro Basso, professor da Universidade Ca’Foscari de Veneza (Itália)

Ricardo Antunes é um narrador lúcido e apaixonado do atual processo de transformação das condições de trabalho, existência e organização dos trabalhadores. Sua reconstrução  da  nova  morfologia  do  trabalho  é omnilateral, porque leva em conta o Norte e o Sul do mundo, “velhas” e novas tecnologias, trabalho manual e intelectual, material e imaterial, contratado e informal, qualificação e  desqualificação  do  trabalho,  trabalho  na  agricultura, na indústria e no setor terciário, visível e invisível, produtivo e “improdutivo”, assalariado e falsamente autônomo (as “cooperativas”, certo “autoempreendedorismo” etc.). Ele identifica a conexão sistêmica entre as variadas e heterogêneas concreções que o trabalho vivo apresenta em escala mundial com o fato de que este é, hoje, mais do que nunca, trabalho social, social universal, “mais complexo, socialmente combinado  e  intensificado  em seus ritmos e em seus processos” do que antes da era digital.

Sobre o autor

Ricardo Antunes é professor titular de sociologia do trabalho no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp). É autor, entre outros livros, de Os sentidos do trabalho (Boitempo; publicado também nos Estados Unidos,  na  Inglaterra,  na Holanda, na Itália e na Argentina) e Adeus ao trabalho? (Cortez; publicado também na Itália, na Espanha, na Argentina, na Venezuela e na Colômbia) e organizador de Riqueza e miséria do trabalho no Brasil, 3 volumes (Boitempo). Coordena as coleções Mundo do Trabalho (Boitempo) e Trabalho e Emancipação (Expressão Popular). Colabora em  revistas  acadêmicas  no Brasil e no exterior.

© Boitempo, 2018

Direção geral

Ivana Jinkings

Edição

Bibiana Leme

Coordenação de produção

Livia Campos

Assistência editorial

Thaisa Burani e Carolina Yassui

Preparação

Fábio Fujita

Capa

Antonio Kehl

(sobre “Reload”, grafite de Levalet, Paris)

Diagramação

Crayon Editorial

Equipe de apoio: Allan Jones, Ana Yumi Kajiki, André Albert, Artur Renzo, Carolina Yassui, Eduardo Marques, Elaine Ramos, Frederico Indiani, Heleni Andrade, Isabella Barboza, Isabella Marcatti, Ivam Oliveira, Kim Doria, Marlene Baptista, Maurício Barbosa, Renato Soares, Thaís Barros, Tulio Candiotto, Valéria Ferraz

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