O SISTEMA PRUSSIANO DE EDUCAÇÃO E A RELAÇÃO COM A REPRESENTATIVIDADE E REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA
Por: Yas ♉ • 8/9/2016 • Trabalho acadêmico • 4.275 Palavras (18 Páginas) • 2.544 Visualizações
Universidade de Brasília
Disciplina: Sociologia do Direito
Professor: Eurico Antonio Gonzalez Cursino dos Santos
Acadêmica: Yasmin Amany Khalil de Castro - 15/0152531
O SISTEMA PRUSSIANO DE EDUCAÇÃO E A RELAÇÃO COM A REPRESENTATIVIDADE E REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA:
DESDOBRAMENTOS E ALTERNATIVAS
- Resumo
O presente trabalho tem como objetivo a reflexão sobre a atual forma de ensino, baseada no Sistema Prussiano, que impera nas sociedades ocidentais e como esta influencia na maneira das crianças se relacionarem com o mundo e que tipo de adultos se tornam ao sair da escola. Também tendo um enfoque em como se dão as ideias de representação e representatividade da mulher negra, a partir desse modelo de ensino. O papel dos professores e dos pais também é essencial para a completa compreensão dessa lógica sistemática. Percebe-se, também, ao analisar mais profundamente esse modelo, que as minorias (que são, na verdade, maiorias) são, muitas vezes, silenciadas e ocultadas, ressaltando o espaço da mulher negra na educação.
Além disso, buscou-se pensar em formas alternativas ao modelo escolar atual, uma vez que este antiquado modelo traz uma série de problemas, tanto no âmbito intelectual, quanto psicológico e sociológico das crianças.
Usou-se como base para as conclusões a seguir, vários autores que abordam o sistema de educação vigente, a formação da mulher negra, sua representatividade e representação, a formação/transformação da sociedade através da educação, e também, leis e dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Além disso, as experiências próprias, tanto no nível secundarista quanto na graduação universitária, também auxiliaram na análise do atual sistema educacional, de representatividade e representação, seus problemas e consequências.
2. Introdução
O sistema Prussiano, utilizado como modelo de educação principal no Ocidente desde o século XVIII, enxerga as crianças como meros instrumentos de manipulação em uma esteira de produção acadêmica e laboral, a qual termina com a formação de um cidadão para o mercado de trabalho. Esse mercado de trabalho, competitivo e desigual, é um reflexo do que o modelo educacional aplica em suas crianças por meio dos docentes, que também aprenderam desse modo.
As crianças, como meros ouvintes das palestras intermináveis dos professores, acostumam-se a não questionar-se e a não descobrirem por conta própria os mistérios da vida. Os professores, por sua vez, são ensinados a não abrir espaço para que os alunos descubram as coisas sozinhos, e reprimem essas crianças sempre que seu comportamento destoe do considerado “normal”. Não há um real incentivo a esses dois pontos tão importantes na vida das meninas, futuras mulheres negras inseridas na sociedade: sua representação e representatividade nessa sociedade. Ou seja, quando a criança fala demais, não consegue ficar sentada durante 5 horas inteiras, questiona demais, é impaciente, entre outros, sempre justificando esse comportamento natural infantil, como distúrbio e patologias psicológicas.
Desse modo, as relações humanas baseiam-se não no afeto, na atenção e na escuta, mas na obediência e numa relação vertical, onde o professor é o único que tem autonomia para dizer o que é certo e o que é errado na vida. Os pais, que se sentem cada vez menos preparados para criar seus filhos no mundo contemporâneo, acreditam que a escola é quem sabe educá-los melhor, e acaba confiando e não questionando esse sistema, por ser o mais acessível e universal.
Dentro desse sistema, um grande problema que, porém, passa muitas vezes despercebido, é a exclusão de certos grupos e com isso, cria-se um abismo entre a ideia de representatividade e representação da mulher negra e o seu alvo, que é a criança, como já dito, futura mulher negra na sociedade. Nessa análise, foca-se no espaço tomado das mulheres negras na educação, tanto como alunas, quanto como mães, professoras, representantes e temas.
A fim de questionar e ajudar no melhoramento da educação e seu sistema, são apresentadas formas alternativas de educação. Estas, porém, ainda não chegaram à verdade: também são falhas e precisam se adaptar às diferentes realidades do mundo e de seu tempo. Porém, apesar dessas falhas, muitas buscam aprimorar-se e apresentar à sociedade a forma como veem a educação e como esse sistema atual pode ser prejudicial aos alunos.
3. Discussão
3.1 - Modelo Prussiano – “Prós” e Contras
Diversos foram os sistemas de educação adotados desde a Antiguidade. Alguns eram voluntários, os alunos aprendiam o que tinha vontade, como era o caso de Atenas e a Academia de Platão. Outros, por sua vez, eram obrigatórios e rígidos, como o caso espartano, que treinava militarmente desde a infância seus cidadãos homens. Com o passar do tempo, e enfaticamente durante os séculos XVII e XVIII, os povos ocidentais passaram a reivindicar uma educação pública, além de outras demandas ligadas a outras áreas. Em muitos casos, como na França, tais demandas resultaram em uma Revolução. Em outros, os governos, a fim de evitar os conflitos gerados por uma Revolução, tornaram realidade alguns dessas exigências como a educação pública. Porém, como era de se esperar, cada Estado adequou essa educação da maneira que lhe foi melhor.
O Estado mais notoriamente despótico da Europa foi a Prússia, e este também foi o Estado que desenvolveu o sistema educacional que prevalece até hoje. Esse sistema, baseado no militarismo da época, controla seus indivíduos para que sejam obedientes e prepara-os para satisfazer as necessidades estatais, trazendo mais poder ao governo.
O sistema prega uma relação vertical entre docentes e alunos, inclusive na disposição dos móveis dentro de sala de aula e na arquitetura das escolas, as quais se assemelham a fábricas e presídios, o que de certa forma prepara as crianças a estes ambientes hostis. As escolas são pintadas de cores frias, como branco, gelo, bege, entre outras. A mesa do professor é maior que a dos alunos, encontra-se na frente da classe e centralizada, enquanto as mesas dos alunos são pequenas e organizadas sistematicamente em filas de maneira que eles só possam olhar para o professor e o quadro negro, que fica atrás dele.
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