O Trabalho do Antropólogo: Olhar, Ouvir, Escrever

              RESUMO:O Trabalho do Antropólogo: Olhar, Ouvir, Escrever

Provável que a domesticação do olhar seja o passo inicial para uma pesquisa empírica, já que, no mo mentor em que põem um olhar disciplinado sobre o objeto a ser estudado, ele é previamente mudado pela maneira como foi visualizado. O olhar sozinho não é capaz de estabelecer um significado para as relações sociais sem que se saiba como aquelas pessoas estão ligadas. Para isso o estudioso terá que se utilizar de outros recursos para obter dados: o olhar e o ouvir são complementares, o pesquisador precisa dos dois ao seu dispor para que o caminhar na estrada do conhecimento seja, de certa forma, facilitado. A obtenção de dados cedidos pelos membros da comunidade que está sendo investigada permite que aconteça o chamado "modelo-ativo", que se refere a uma espécie de matéria prima para a compreensão antropológica.

Ainda que o pesquisador tente manter-se o mais neutro possível, ele exerce um certo controle do que está acontecendo no momento de sua pesquisa e de certa forma acaba por se tornar uma parte de sua pesquisa. Não chega a existir uma verdade interação entre o "objeto" de pesquisa e o pesquisador, o diálogo é algo ilusório e uma nova forma de interação é constituída entre eles.Durante a realização de uma etnografia pesquisa e pesquisador necessitam se ouvir mutuamente, fazendo com que o antropólogo seja aceito pela sociedade observada.

Para Geertz o antroplogo enfrenta um dilema entre o "estar lá" e o "estar aqui", ir para o campo e vivenciar sua pesquisa ou ficar no seu escritório escrevendo sua pesquisa. Ainda sobre Geertz em suas reflexões, é fora do campo que se cumpre sua mais alta função cognitiva, trazendo para a escrita o que foi visto e ouvido em campo.A singularidade do texto etnográfico em relação a outros textos da teoria social é sua articulação entre a pesquisa de campo e o texto a ser feito.No processo de escrita é onde os pensamentos ganham forma, encontrando maneiras de soluções que haveria poucas chances de serem "vistas" anterior a contextualização dos dados coletados na observação.

Na antropologia os atos de olhar, ouvir, escrever estão desde sempre ligados à forma de pesquisa específica dela. Louis Dumont chama isso de "idéia-valor", transformando assim em uma única expressão idéias que possuam cargas valorativas extremamente grande.Olhar e ouvir são funções utilizadas peculiarmente na antropologia, por meio das quais os pesquisador busca entender a sociedade e cultura do objeto de pesquisa, tentando ter o maior contato possível com o que lhe causa interesse e curiosidade.

O "estando aqui" tem extrema influência sobre a compreensão e interpretação dos dados trazidos do campo. Isso significa que o olhar, ouvir e escrever devem ser questionados enquanto etapas da construção do conhecimento pela pesquisa, a escrita sendo vista como parte indispensável das ciências sociais.

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