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Obsolescência Programada

Por:   •  13/11/2016  •  Artigo  •  2.958 Palavras (12 Páginas)  •  365 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – NOTURNO

A HISTÓRIA SECRETA DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

Elizabeth da Costa Henrique

    Este documentário, de Cosima Dannoritzer, fala sobre a obsolescência programada, o motor secreto da nossa sociedade de consumo, dominada por uma economia de crescimento cuja lógica não é crescer para satisfazer as necessidades, e sim crescer por crescer.[pic 2]

     A História Secreta da Obsolescência Programada revela como esta definiu nossas vidas desde 1920 quando os fabricantes começaram a diminuir a vida útil dos produtos para aumentar as vendas, época na qual engenheiros e designers se viram forçados a adotarem novos valores e objetivos, sendo obrigados a começarem novamente para criarem algo mais frágil, que durasse tanto quanto o tempo necessário para seu pagamento.

      É viável uma economia sem obsolescência programada? E sem seu impacto sobre o meio ambiente?

      O vídeo nos mostra como exemplo a lâmpada, uma em especial localizada em um centro de corpo de bombeiros de Livermore, Califórnia, que em 2001 comemorou 100 anos de duração. Sua importância histórica foi descoberta em 1972: ela funciona ininterruptamente desde 1901. Foi colocado uma webcam para transmitir seu funcionamento e duas já quebraram enquanto ela se mantém bem. Em 1881, Edison comercializou sua primeira lâmpada, esta durava 1.500 horas. A Lâmpada de Livermore foi fabricada em Shelby, Ohio, em cerca de 1895. Em 1924, se anunciava com orgulho um certificado de vida de uma lâmpada de 2500 horas. Mas, no natal de 1924, em Genebra, foi criado o primeiro cartel mundial com os principais fabricantes de lâmpadas que, visando uma maior vantagem econômica através da venda constante de lâmpadas, limitaram a vida útil destas em 1000 horas. O cartel foi chamado Phoebus e oficialmente nunca existiu, mas o documentário mostra que este é o ponto de partida do conceito de "obsolescência programada", que hoje é aplicado desde na última geração de produtos eletrônicos, como impressoras e iPods a até na indústria têxtil.

      O cartel impunha punições severas a quem descumprisse o acordo, de modo que, as empresas se viram obrigadas a fabricarem lâmpadas mais frágeis para atender à especificação das mil horas. À medida em que a obsolescência programada surtia efeito a vida útil das lâmpadas começou a cair, em apenas dois anos, passou de 2500 para 1500 horas. Nos anos 1940 o cartel já havia alcançado seu objetivo. Nas décadas seguintes dezenas de novas lâmpadas foram patenteadas, inclusive uma que durava 100 mil horas, porém, nenhuma chegou a ser comercializada.

      Em 1928, uma influente revista de publicidade advertia: “um artigo que não se desgasta é uma tragédia para os negócios”! O documentário continua, mostrando como com a produção em massa os produtos ficaram mais acessíveis e as pessoas passaram a comprar mais por diversão do que por necessidade, acelerando a Economia.

      Com a crise de 1929, os Estados Unidos enfrentaram uma profunda recessão econômica, o consumo se reduziu drasticamente e o desemprego chegou a 25%, provocando filas em busca de comida e emprego. De Nova Iorque, chegou uma proposta radical para reativar o consumo. Bernard London, um proeminente investidor imobiliário, sugeriu sair da depressão tornando obrigatória a obsolescência programada. Foi a primeira vez em que o conceito apareceu por escrito. London defendia que todos os produtos tivesse uma vida limitada, com uma data de validade, depois da qual seriam considerados legalmente "mortos". Os consumidores devolvê-los-iam a uma agência do Governo para serem destruídos. "Tentava-se equilibrar trabalho e capital. Assim sempre haveria mercado para novos produtos, sempre haveria falta de mão de obra e o capital teria recompensa." Bernard London acreditava que com a obsolescência programada obrigatória, as fábricas continuariam produzindo, as pessoas prosseguiriam consumindo e haveria trabalho para todos. De fato, a ideia de Bernard London não obteve interesse e a obsolescência obrigatória nunca foi posta em prática.

      Vinte anos depois, nos anos 50, a obsolescência programada ressurgiu, porém, com uma mudança crucial: já não se tratava de obrigar o consumidor... mas de seduzi-lo.

      Para Brook Stevens, apóstolo da obsolescência programada na América do pós-guerra, o que impulsionaria a Economia seria: "(A) obsolescência programada e o desejo do consumidor de possuir algo um pouco mais novo, um pouco melhor, um pouco antes do necessário". Esse elegante designer industrial criou desde eletrodomésticos a até carros e comboios, contando sempre com a obsolescência programada. Em sintonia com a época, os desenhos de Brook Stevens transmitiam velocidade e modernidade. Até sua casa era incomum.

      "Em vez do antigo objetivo europeu, que era criar o melhor produto e que durasse para sempre. Comprava-se uma boa roupa para levá-la desde seu casamento até ao seu funeral sem poder renová-la. O objetivo americano é criar um consumidor insatisfeito com o produto que já tenha desfrutado, para que o venda em segunda-mão e para que compre o mais novo, com a imagem mais nova."

Brook Stevens

      Brook Stevens viajou por todos os Estados Unidos promovendo a obsolescência programada em suas palestras e discursos. Suas ideias se desenvolveram e ecoaram amplamente. O design e o marketing passaram a seduzir o consumidor para que este desejasse sempre o último modelo. A obsolescência passou a depender do desejo do consumidor por novos produtos.

      "Liberdade e felicidade através do consumo ilimitado", o estilo de vida dos americanos dos anos 50 lançou as bases da sociedade de consumo atual.

      Hoje a obsolescência programada é ensinada nas escolas de designer e engenharia, sob o nome de ciclos de vida do produto, dentre outros; onde os estudantes são ensinados a desenhar para um mundo empresarial dominado por um único objetivo: compras frequentes e repetidas.

      A obsolescência programada está na raiz do considerável crescimento econômico que o mundo ocidental viveu a partir dos anos 50. Desde então o crescimento tem sido o "Santo Graal" da nossa economia.

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