Português Produção Textual

Hoje é um dia bastante especial. Algumas pessoas já acordam com um brilho diferente, em decorrência da grande noite que chegará, enquanto a outra parte parece não se importar muito com o que esta data proporciona. Se trata da véspera de Natal, um dia que faço questão de aproveitar ao extremo, e para isso, preciso chegar ao aeroporto o mais rápido possível, em razão de estar a ponto de perder o voo mais importante do ano para mim. Não posso passar o Natal sozinha, me recuso.

O trânsito é apocalíptico. Compreendo que todos, ou quase todos, estão com o mesmo pensamento que eu. Chegar logo em casa, encontrar a família, tentar colocar todos os acontecimentos de um ano extenso em apenas horas de conversas, e o mais importante de tudo, cear.

O motorista do táxi me deixou um pouco distante da entrada devido ao grande tumulto que se formara na frente do aeroporto, o que é até compreensível. Sigo na minha agitação tradicional tentando chegar ao check-in, e me deparo com a maior fila já vista por qualquer ser humano nesta terra. Compreendo por partes o motivo de certos tumultos pelo dia de hoje, mas não faz nenhum sentido estar caótico dessa forma. Algum acidente aconteceu? Os voos foram cancelados? Adiados? São tantas suposições que passam pela minha cabeça que me vejo paralisada, apenas encarando pontos fixos desse lugar como se estivesse tentando me lembrar se deixei a chapinha ligada em casa.

Me aproximo da moça a quem pertence o último lugar na fila, ela aparenta estar muito mais paciente do que eu, e pergunto se ela sabe o que está acontecendo. Ela me explica que uma confusão se instaurou a alguns minutos devido a uma denúncia de um possível passageiro estar disfarçado, e para isso, foi necessário levar algumas pessoas para um local reservado, e devido a isso, começou um grande tumulto. Algumas concordaram e seguiram para o tal local, outros recusaram-se e o caos foi estabelecido. Mas não por muito tempo. A polícia conseguiu identificar o suspeito e ele foi encaminhado para a delegacia.

Continuei na fila, atrás da moça com quem havia tirado minhas dúvidas. Com o passar do tempo, o alvoroço da entrada foi diminuindo, assim como a fila quilométrica em que eu estava para fazer o check-in. Começo a rir baixinho, pensando em como as coisas acontecem. Tive o dia mais corrido da minha vida, com um sorriso estampado em meu rosto desde que acordei devido à noite em que espero durante todo o ano para chegar, a fim de rever minha família, para um tal de Ângelo Donato achar que pode estragar isso. Quem sabe se fosse carnaval, talvez ele não passaria por isso.

Kayllanne Karla Gomes Guedes, 29/12/2022.