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Resenha: A Interpretação das Culturas Um jogo Absorvente

Por:   •  13/11/2019  •  Resenha  •  487 Palavras (2 Páginas)  •  265 Visualizações

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Penas, Sangue, Multidões e Dinheiro

Gueertz compara a briga de galos a poesia ao afirmar que ambas são incapazes de “fazer algo acontecer”. O status social não é modificado ao perder ou ganhar uma briga, o dinheiro também não é redistribuído de forma relevante, os participantes apenas gozam da sensação momentânea que a briga agrega, sendo a briga real apenas aos galos que de fato derrubam seu sangue.

O autor considera a briga de galos de Bali uma forma artística de expressão já que por meio dela temas, presentes na dinâmica social Balinesa, como raiva, masculinidade, morte, pena, etc, são “exibidos”, se tornando mais tangíveis:

“[...]a briga de galos é um meio de expressão; sua função não é nem aliviar as paixões sociais nem exacerbá-las (embora, em sua forma de brincar-com-fogo ela faça um pouco de cada coisa) mas exibi-las em meio às penas, ao sangue, às multidões e ao dinheiro.”

Mas o autor explica que as brigas de galos não se tratam de uma representação da realidade social Balinesa, e sim um exemplo dela, uma forma de exteriorizar a subjetividade Balinesa por meio desses animais.

A agressividade parece ser um aspecto contraditório, entretanto apesar dos Balineses serem tímidos e não costumarem brigar abertamente, a rinha de galos não se trata de como as coisas são na realidade e sim como elas são do ponto de vista do imaginário Balinês, como são sentidas, ou seja, essas rinhas são mecanismos que ajudam a regular e compreender emoções tais como agressividade.

O status é um elemento importante em diversas esferas sociais balinesas, e é por meio da briga de galos e de seu carácter “vida ou morte” em que um sai vencedor e o outro perdedor que os sentimentos vindo com essas estratificação são postos em evidência.

Por fim, o autor afirma que a importância da briga de galos não está em reforçar a discriminação do status social, já que isso já acontece naturalmente, ela é uma leitura Balinesa da experiência Balinesa, uma história sobre eles contadas por eles mesmos através dos galos.

Dizer alguma coisa sobre algo

Na última parte, o autor situa a briga de galos como uma forma de dizer alguma coisa sobre essa sociedade, como um texto, que reunido a outros textos formam um retrato da cultura Balinesa. Essa cultura é absorvida e objetivada por meio dos galos.

Segundo Gueertz, a briga de galos revela as emoções com as quais a sociedade Balinesa foi construída e seus indivíduos reunidos: “Assistir a brigas de galo e delas participar é, para o balinês, uma espécie de educação sentimental. Lá, o que ele aprende, é qual a aparência que têm o ethos de sua cultura e sua sensibilidade privada (ou, pelo menos, certos aspectos dela) quando soletradas externamente, num texto coletivo.”. As brigas de galo são uma espécie de texto escrito coletivamente que relevam aspectos culturais importantes aos balineses, e mais que isso, são uma forma de externalizar emoções que não costumam ser aceitáveis naquela cultura.

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