A Resenha Crítica - O Jogo, a Educação Física e a Escola: É Possível Falsear as Implicações da Teoria Piagetiana?
Por: sallesma • 11/6/2019 • Resenha • 1.335 Palavras (6 Páginas) • 436 Visualizações
Nome: Matheus Sales Guedes RA: 203576
Data: 26/04/2017 Disciplina: Jogo
RESENHA CRÍTICA
KNIJNIK-DORFAN, Jorge; FRESSATO-SOARES, Marina . O jogo, a Educação Física e a escola: é possível falsear as implicações da teoria piagetiana?. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2002. I (I): 95-105
1 CREDENCIAIS DOS AUTORES
Jorge Dorfman Knijnik é formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Universidade de São Paulo.
Marina Soares Fressato é formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
2 BREVE SÍNTESE DA OBRA
O trabalho desenvolvido por esses professores põe em discussão a importância do jogo no desenvolvimento, principalmente cognitivo, da criança. Além disso, como o título já sugere, procura testar a validade das características apontadas para o estágio pré-operatório no interior do modelo científico de Estágios de Desenvolvimento Cognitivo, proposto por Jean Piaget. Para isso, realiza um jogo de regras chamado Pique Tesouro, com 12 crianças de 4 anos de idade atentando para todas as respostas que as crianças tiveram durante o jogo para que assim pudessem fazer uma reflexão mais completa, diferente das quais geralmente são propostas. Ao final do trabalho, os autores concluem que a teoria piagetiana ainda é pertinente, mesmo com as diferenças sociais e culturais entre a época em que a teoria foi proposta e a atualidade, momento em que o estudo foi realizado.
Os autores, de forma didática, estruturam o texto em 4 partes:
A primeira diz respeito à INTRODUÇÃO, onde é dado um panorama geral sobre a importância do jogo, um breve resumo da teoria piagetiana e suas possíveis variações e as suas posições quanto ao modelo discutido, além de apresentar as características cognitivas da criança na 1ª infância, conceituando o 1º e o 2º estágio do desenvolvimento cognitivo.
A segunda parte, 1. IMPLICAÇÕES DO JOGO, enfatiza o jogo como uma ferramenta pedagógica que contribui para o processo de socialização, mesmo
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que incipiente. Além disso, nessa parte do artigo os autores criticam o
ambiente escolar e o modo como o jogo é inserido na educação, defendem que há tipos certos de jogos para cada faixa etária (baseados na teoria piagetiana).
A terceira parte, 2. EXPERIMENTE: O JOGO PIQUE-TESOURO, preocupa-se em descrever o método do estudo. Explica as regras do jogo que foi realizado, as estratégias que foram usadas para isso, além de relatar as etapas aplicadas e a resposta que as crianças tiveram. Nesta parte os autores também iniciam uma breve conclusão, relacionando os resultados do método do estudo à confirmação da teoria piagetiana.
A quarta e última parte, CONCLUSÃO, encerra o artigo afirmando o que foi posto em questão no início. Faz algumas considerações sobre o título e explica o “fracasso” do jogo realizado. Além disso, apresenta o estudo científico da tese de doutorado da Barbel Inhelder, orientanda e colaboradora de Piaget, que ratifica o Modelo Piagetiano.
3 ANÁLISE CRÍTICA
O artigo em geral é bem estruturado. A introdução, à maneira que inicia uma discussão sobre a importância do jogo no desenvolvimento psicológico infantil, resume didaticamente o modelo piagetiano (um dos objetos de estudo da pesquisa) e conceitua os termos que são interessantes para o entendimento do estudo, apresenta da melhor maneira o tema discutido e explicita a sua importância para a sociedade: “[...] importante, porque, já na 1ª infância, é a criança que, ao se relacionar e ter experiências diversas com o mundo, constrói a sua inteligência [...]” (p.96) . Além disso, deixa claro que o objetivo do estudo era testar a validade das características apontadas para o estágio pré-operatório no interior do modelo científico de Estágios de Desenvolvimento Cognitivo, proposto por Jean Piaget, ponto importante para que o início da leitura do artigo não fosse prejudicado por falta de informação. É importante ressaltar a maneira como foi explicado os dois primeiros estágios do modelo piagetiano. As características que foram apresentadas serão importantes para o entendimento dos resultados da atividade realizada e a sua posterior reflexão: “Ou seja, se nos primeiros anos de vida (estágio sensório-motor) a criança é somente ação, com o advento da possibilidade da fala, esta ação já pode ser representada mentalmente, já é ação interiorizada, mas calcada na fantasia na qual a criança se encontra imersa no estágio pré-operatório. ” (p.97), “Outra característica importante dessa fase é o egocentrismo cognitivo – isso significa que a criança não consegue ainda considerar o ponto de vista das outras pessoas, tem dificuldade de descentrar-se do próprio pensamento e colocar-se no lugar dos outros [...]” (p.97).
É importante observar que durante todo o desenvolvimento do artigo os
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autores baseiam-se em pensadores e obras que têm grande importância e influência intelectual nos assuntos citados, tais como Deldime & Vermellan (1997), Ramozzi-Chiarottino (2002) e Rapport et al (1982). Uma citação desse tipo é utilizada para legitimar a importância do jogo. No tópico 1. Implicações do jogo, os autores relatam que “Kammi & De Vries (1991) utilizam jogos em grupo para mostrar como as crianças podem aprender e evoluir em seu aprendizado [...]” (p.97), ou seja, utilizam este argumento para discorrer sobre o jogo como uma ferramenta pedagógica que contribui na formação do ser humano. Além dessa citação, há a narração de um jogo de regras proposto por Carracedo & Macedo (2000), O Carimbador, o qual serviu de base para a criação do jogo que foi realizado com as crianças. Vejamos que até a atividade proposta no método de estudo teve base intelectual, não foi simplesmente inventado.
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