Resenha Capítulos 1, 2 e 3 de Coerção, Capital e o Estado Europeu de Charles Tilly

Nos três capítulos iniciais de "Capital, Coerção e Estados europeus" de Charles Tilly, sociólogo, cientista político e historiador norte-americano, o autor procura, apoiado em fatos históricos, responder à questão: Por que os estados europeus seguiram trajetórias tão diversas, mas acabaram convergindo no estado nacional.

No primeiro capítulo, "As cidades e os Estados na história do mundo", Tilly busca, ainda sem recorte específico, trazer as trajetórias históricas de formação de Estados múltiplos. Assim, não só comentando sobre a formação europeia, mas trazendo também exemplos orientais, como, os Chineses e os Mongóis. Ainda no primeiro capítulo, o autor traz respostas possíveis à questão central do texto, no entanto, conclui que as quatro linhas interpretativas são demasiado falhas uma vez que, por exemplo, excluem o fator da guerra como indutor e formador do Estado. Quanto ao aspecto moldador da guerra, Tilly comenta que as diferentes disposições dos meios coercitivos e da extração de capital geraram formas diferentes de organizações estatais coexistentes, assim demonstrando que o Estado nacional não é um estágio organizacional superior. O autor conclui o primeiro capítulo delimitando as bases da obra e adotando convenções e generalizações para fins científicos da mesma, como por exemplo, a acumulação de capital estar diretamente ligada à coerção, ao crescimento urbano, e consequentemente a consolidação do Estado.

Quanto ao segundo capítulo, "As cidades e o Estados europeus", Tilly agora utiliza de um recorte geográfico e histórico preciso: o de examinar a formação do Estados europeus em relação ao crescimento urbano. Além de aprofundar-se ainda mais em questões como a guerra enquanto formadora de Estados e as relações capital-coerção. O autor inicia o capítulo remontando político-historicamente a Europa pós-romana e afirmando que no decorrer dos períodos, a consolidação do número de Estados europeus atualmente (25 a 28 Estados) deu-se a partir de acordos militares, assim retomando a importância da guerra na formação estatal. Ainda no capítulo dois, Tilly delineia os processos de formação do aparato coercitivo estatal, ou seja, os exércitos, e também as relações entre capitalistas e monarcas, que podem ser sintetizadas em relações cidade-Estado, as quais contribuíram para legitimar as estruturas estatais, além de integrar os territórios possibilitando a consolidação de um Estado nacional. O autor conclui o capítulo comentando as questões relativas ao que impulsionou as variantes trajetórias de formação dos Estados europeus e exaltando a importância das cidades, financistas e do capital na zona de formação do Estados europeus.

Por fim, no terceiro capítulo, "Como a guerra fez os Estados e vice-versa", Tilly compromete-se a deixar as variantes geográficas da Europa de lado e ser mais objetivo na análise da relações político-econômicas, principalmente as ligadas à guerra, que impulsionaram a formação dos Estados europeus. O autor inicia o capítulo comentando sobre como, com o passar dos séculos, as guerras entre Estados consolidados diminuíram de número, como os Estados obtiveram controle total da coerção e como a guerra, em si, tornou-se um negócio. Ainda neste capítulo, Tilly também examina, como as novas tecnologias aumentam o custo do aparato militar para a realização da guerra, retoma a ideia da função consolidadora estatal da guerra e joga luz aos mecanismos de empréstimos, crédito e aluguel que surgiram a partir da necessidade da guerra. Averiguando esses mecanismos, o autor comenta então sobre a tributação como uma das formas de garantir uma renda Estatal para a guerra e conclui com colonialismo europeu, o qual foi uma fonte monetária a parte que sustentou todo aparato militar detentor da coerção.

...