Resenha Durkheim - Um toque de Clássicos
Por: Valesca Sperandio • 28/7/2017 • Resenha • 2.319 Palavras (10 Páginas) • 1.306 Visualizações
Introdução
Emile Durkheim foi um dos pensadores mais importantes para a sociologia. E suas ideias refletem o momento conturbado em que vivia a Europa. Além disso, suas ideias estavam embasadas na Revolução Francesa e Revolução Industrial, bem como em alguns autores da época.
Durkheim acreditava que a humanidade avança na direção do progresso. E com advento da era industrial, ele acreditava que deveria haver a criação de um sistema científico e moral que pudesse se adequar a este momento.
Outro ponto significativo é a visão da vida coletiva, que diferente da individual, apresenta um aspecto complexo, distinto. Este seria o objeto pelo qual as ciências sociais irão procurar analisar e entender, utilizando-se do método positivo, apoiando-se na observação, indução e experimentação.
Durkheim por um lado é influenciado por outros pensadores, e por outro lado, faz algumas criticas relativa a tendências intelectuais de sua época, como a própria ideia do individualismo utilitarista de Spencer, no qual atribui que o indivíduo visa atender a seus interesses particulares.
A especificidade do objeto sociológico
A sociologia para Durkheim é “toda crença, todo comportamento instituído pela coletividade”, que terão como objeto de estudo os fatos sociais, no qual ele caracteriza como “maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem”, podemos dizer que é tudo o que acontece com o individuo na sociedade, e externos a ele, independe de sua vontade.
Para Durkheim, a sociedade não é apenas uma soma de indivíduos, é mais do que isso, é um conjunto de elementos que geram um fenômeno, com suas peculiaridades. Ou seja, segundo o texto “o grupo possui, portanto, uma mentalidade que não é idêntica à dos indivíduos, e os estados de consciência coletiva são distintos dos estados de consciência individual.”. Por isso que dentro da visão durkhemiana os fatos sociais são melhores compreendidos na coletividade, e não em seus participantes.
De acordo com durkheim, existem fatos que estão fixos na sociedade como as formas de agir, de se comportar, as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas financeiros, as vestimentas de um povo e suas inúmeras formas de expressão. Que são impostas de uma forma coercitiva, e são externas a esses indivíduos de uma dada sociedade. A internalização desses fatos fixos na sociedade, ocorre por meio de um processo educativo, onde se educam os filhos de acordo com as regras do meio social que estão inseridos. O individuo em se habituar a regras, impostas pela sociedade, deixa de percebê-las como coercitivas. “Por isso a educação “cria no homem um ser novo”, insere-o em uma sociedade, leva-o a compartilhar com outros de uma certa escala de valores, sentimentos, comportamentos.”
Para Durkheim o individuo precisa estar sempre submetido às regras daquela sociedade, se por ventura ele não as catar é passível de sofrer sanções cabíveis de acordo com seu ato.
Segundo o texto, para haver mudança precisa de um consenso coletivo. Mas, esse consenso depende da relevância para a sociedade do que se quer modificar, e de sua respectiva coesão social.
O método de estudo da sociologia segundo Durkheim
Durkheim ao analisar qual método de estudo que se deve utilizar para o estudo da vida social tinha uma preocupação, para que este método fosse estritamente sociológico, no entanto baseado nas ciências naturais.
Para a observação dos fatos sociais, algumas regras são estabelecidas por Durkheim, em primeiro momento faz-se necessário considerar os fatos como coisas, e em seguida “afastar sistematicamente as prenoções; definir previamente os fenômenos tratados a partir dos caracteres exteriores que lhes são comuns; e considerá-los, independentemente de suas manifestações individuais, da maneira mais objetiva possível.”. A postura de um investigador da área deve se como de qualquer outro cientista. Do contrario, seu trabalho investigativo não terá um valor científico, por isso ele deve se libertar das falsas evidencias, e não se deixar influenciar com prenoções, sentimentos, e etc, ou seja, com a sua subjetividade.
Dualidade dos fatos morais
Para Durkheim a dualidade dos fatos morais é vista em dois momentos, ao mesmo tempo em que ela coage, dá aos membros dessa coletividade uma segurança. A coerção social visa sempre à organização e o funcionamento da sociedade, objetivando o bem estar coletivo. Segundo o texto o fato moral “apresenta, pois, a mesma dualidade do sagrado que é, num sentido, o ser proibido, que não se ousa violar; mas é também o ser bom, amado, procurado”.
Para Durkheim, “A sociedade refaz-se moralmente, reafirma os sentimentos e ideias que constituem sua unidade e personalidade. Isso garante a coesão, vitalidade e continuidade do grupo, e assegura energia a seus membros.”.
Coesão, solidariedade e os dois tipos de consciência.
Durkheim foi um dos pensadores que elaborou conceito de solidariedade social. E para que ela se realize deve haver uma coesão entre os membros dos grupos, que vai depender, sobretudo do modelo da organização social de cada sociedade, ou seja, se os interesses não forem comuns, voltados para um objetivo coletivo, não vai haver a solidariedade social. Para explicar melhor Durkheim elaborou dois conceitos de consciência: “Uma é comum com todo o nosso grupo e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, mas a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra, ao contrário, só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de nós um indivíduo”.
Para Durkheim a instrução publica tem um papel de desenvolver a consciência comum em um indivíduo libertá-lo, inclusive, de visões egoístas e dos interesses materiais.
E ainda enfatiza que a interdependência é um ponto relevante para a solidariedade, sobretudo aquela baseada na especialização de tarefas, constituindo assim fortes laços que unem às sociedades orgânicas a seus membros.
Os dois tipos de solidariedade
Durkheim definiu a solidariedade em dois tipos: orgânica e mecânica.
Na solidariedade mecânica o individuo não tem uma existência própria, é indiferenciado dos outros membros de uma sociedade, ou seja, “é considerado como uma coisa que a sociedade dispõe”. Como características desse tipo de solidariedade, encontramos: educação difusa (não há mestres); a propriedade de bens não pode ser individual; o estabelecimento de um poder absoluto, que encarna a extraordinária autoridade emanada da consciência comum, cujo objetivo é de unir os membros à imagem do grupo que ele próprio representa; são visto como uma massa homogênea (que é um tipo de sociedade simples ou não organizada).
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