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Resenha: Tropa de Elite

Por:   •  15/4/2018  •  Resenha  •  2.341 Palavras (10 Páginas)  •  315 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Departamento de Ciências Humanas e Filosofia

Disciplina: CHF 246 – Sujeito e Sociedade

Docente: Acácia Batista Dias                            Semestre 2017.1

Curso: Psicologia

Equipe: Grabriele Rios, Marnyelle Paulino, Natalha Amor

Atividade referente ao filme Tropa de Elite

  1. Max Weber define quatro tipos de ação social: racional com relação a fins; racional com relação a valores, tradicional e afetiva. Identifique no filme exemplos de cada uma das ações sociais, fundamentando conceitualmente;

Max Weber compreende a sociedade não olhando para o conjunto social, mas sim para o indivíduo, dessa forma depreende-se que o objeto de estudo da sociologia weberiana, é a ação humana; Assim, o sociólogo define ação como toda atitude humana atribuída de sentido e essa só se torna social quando o indivíduo entra em contato com outro, afetando o seu comportamento, ou seja,  o indivíduo cria uma expectativa de que uma ação sua tenha determinada reação dos outros. Desta forma, Max Weber definiu quatro tipos de ação social, sendo elas: racional com relação a fins, racional com relação a valores, tradicional e afetiva.

No longa metragem, Tropa de Elite 2, pode-se observar a distribuição de cada ação social citada acima, embora exista a possibilidade da presença de todos os tipos de ação social, a classificação será feita a partir da predominância de apenas um. O BOPE - Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro, considerado uma equipe que possui policiais honestos, não corruptíveis pode ser enquadrado, em algumas situações, na ação social racional com relação a fins – ação que possui como finalidade um objetivo a partir de comportamentos estritamente racionais, utilizando todos os meios viáveis para se alcançar o resultado, mesmo que esses fujam dos valores morais e éticos. Uma das músicas que define a corporação e é cantada pelos guerrilheiros durante os treinamentos pode ser um bom exemplo dessa ideia, a partir de um trecho que diz “homens de preto qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpos no chão”. Na cena em que Coronel Nascimento narra às melhorias trazidas para o BOPE, após sua entrada na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, e mostra as invasões feitas pelo “Caveira”, juntamente com diversas matanças, tendo como missão somente uma: “limpar” a população brasileira eliminando os traficantes e ladrões da favela, sem levar em consideração a população inocente próxima, traz com excelência a presença da ação social racional com relação a fins.

       Outra cena que se encaixa nessa ação, é quando o professor de historia, Fraga, representante dos Direitos Humanos, entra no meio de uma rebelião que está a ocorrer no presídio Bangu I e tenta de forma coerente e prudente negociar o fim do tumulto junto à liberação de dois agentes penitenciários que foram feitos reféns, apesar de a situação em si não ter terminado conforme o planejado, a atitude do professor de se interpor na conturbação entre os presidiários, e sem colete, foi um ato estritamente racional e estratégico, a fim de obter, sobretudo, a confiança dos presidiários, pois esse tinha noção e consentia com o principal propósito dos direitos humanos, que é a preservação a vida.

A ação social racional com relação a valores – caracterizada por não ser orientada pelo fim da ação e sim pelo valor, ou seja, o responsável da ação orienta-se através de suas convicções pessoais - aparecem explicitamente em diversas cenas do filme, mas uma que demanda mais atenção é no início da trama, em que Fraga, explicita uma ideia que dá a entender que o mesmo não é conivente com a forma e a situação do sistema carcerário brasileiro. Embora em meio a população se perpetue a ideia de que com mais prisões se haveria menos violência, o professor traz um cálculo para comprovar sua tese, orientando, assim, o sentido de sua ação de acordo com o que acredita ser correto. Além desse episódio, André Matias, capitão do BOPE, apresenta a ação social com relações a valores no momento em que desobedece a ordem do Tenente Coronel Nascimento e interrompe a negociação de Fraga com o detento Beirada, e encontrando um momento oportuno dispara um tiro “certeiro” que mata o presidiário, seguindo algo que foi instruído por sua corporação: “bandido bom é bandido morto”.

A ação afetiva possui como bússola de seus atos as emoções e os sentimentos, sem dar à importância aos meios serão utilizados para alcançar os objetivos, e uma cena que pode representar bem essa ação, é quando o Major Rocha, um corrupto agente policial, manda um soldado dar um tiro nas costas do Capitão André Mathias, a partir do momento que esse o afronta e dar dois tapas em seu peito, dessa forma, nitidamente movido pela ira e vingança o major mata covardemente o capitão do Bope. A ação afetiva também é notada quando Coronel Nascimento, movido pela raiva e preocupação, devido ao fato de seu filho Rafael ter sido baleado durante uma tentativa de homicídio ao professor Fraga, organiza uma blitz em frente ao condomínio do politico Guaracy, batendo no mesmo e o ameaçando dizendo: “... se meu filho morrer, eu vou matar todo mundo”.

Por fim, a ação tradicional é caracterizada por ser pautada em hábitos e costumes alicerçados na vivência do sujeito. Na cena em que o Coronel Nascimento é convocado a comparecer a delegacia por Rafael ter sido pego com uma quantidade de maconha juntamente com a colega de trabalho explicita uma ação tradicional relacionada à família. A partir do momento que Nascimento entra na delegacia, esse não se aponta mais como “o Tenente Coronel” ou como “o Subsecretário de segurança pública” e sim como Roberto Nascimento o pai de Rafael, agindo em conformidade com essa função.

  1. Analise cenas que demonstram tipos de dominação legítima, tradicional e carismática, contextualize a resposta;

O filme Tropa de Elite 2 é totalmente calcado em uma relação de poder e dominação, isso pode ser percebido no meio político, dentro das favelas e até mesmo nos presídios. Por exemplo, os traficantes dependem dos policiais da milícia “máfia”, os quais se submetem aos políticos corruptos, esses por sua vez dependem do voto do povo alienado que assim se subordinam muitas vezes aos traficantes, criando dessa maneira um círculo vicioso.

Max Weber define dominação como: “Um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência), podendo essa ser classificada em carismática, legal e tradicional. Como dominação carismática, pode-se citar o episódio quando o Coronel Nascimento entra no restaurante para falar com os Deputados Formoso e Guaracy – os quais estavam anteriormente conversando sobre a exoneração do mesmo do Bope - a respeito do acontecimento em Bangu I, só que para sua surpresa todos que se encontravam no restaurante se colocaram de pé e começaram a aplaudi-lo, devido o comando do mesmo à rebelião dentro do presídio, e assim Coronel Nascimento cumprimenta-os.

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