Resenha do Livro Cultura: um conceito antropológico

Roque de Barros Laraia concluiu seu bacharelado em História na UFMG, fez parte do curso de Especialização em Teoria e Pesquisa em Antropologia Social na UFRJ, conquistou seu doutorado em Sociologia pela USP.  Atualmente é professor da UnB e membro do Conselho Nacional de Imigração. É reconhecido principalmente por suas questões envolvendo as etnias indígenas, inclusive já foi membro da FUNAI. Escreveu obras como Los índios de Brasil, Tupí: índios do Brasil atual, Organização Social, e em parceria com Roberto da Matta,  Índios e Castanheiros, além desses, o livro em questão Cultura: Um conceito antropológico.

O livro está dividido em duas partes que são formadas por capítulos sintetizados que abordam os conceitos culturais em diversas sociedades com exemplificações que permitem um melhor entendimento da obra.Sendo assim, a primeira parte do livro de Laraia, tem como principal objetivo situar sobre o entendimento dos antropólogos ao longo do tempo, com suas diversas teorias e conceitos sobre "cultura". Abrange de forma sintetizada e didática, de maneira a não ser uma leitura pesada, permitindo que os conceitos sejam absorvidos por qualquer leitor, inclusive os iniciantes no assunto.

A primeira parte traz o título “Da natureza da cultura ou da Natureza á cultura", ela introduz de forma abrangente as questões culturais no âmbito da diversidade, usando como exemplos os costumes de algumas sociedades, como as tribais, para que se der continuidade nos próximos capítulos.

Sendo assim, o  primeiro deles "O determinismo biológico" busca desmistificar questões que incluem a generalização de diversos povos como se fossem costumes passados geneticamente e não por meio a tradição, que segundos exemplos citados no livro, é fundamental para o comportamento cultural dos povos.

Com a mesma linha de raciocínio é dada continuidade para o segundo cápitulo, - O determinismo geográfico -  onde é  explicado que a cultura age seletivamente de maneira que é comum ter culturas diferentes em um mesmo ambiente, assim como também é comum ter culturas parecidas em ambientes distintos, logo o ambiente não o principal  determinante da cultura.

Outrossim, no terceiro capítulo, é abordada a história do conceito de cultura cronologicamente e como a mesma foi sendo aprofundada e até refutada ao longo dos séculos, até chegar ao  conceito mais aceito do que é cultura, no qual foi incluído conhecimentos como crenças, religiões, artesanatos, costumes , entre outras coisas, aludindo assim, que tal teoria é uma síntese de vários pensadores com a mesma linha de raciocínio e que mais abrange o originador cultural.

No capítulo quatro, intitulado de "O desenvolvimento do conceito de cultura" traz um quadro do evolucionismo cultural, que mostra como eram estudados os processos culturais, dessa maneira, foi estabalecido uma escala de civilação, ao encontro do Darwinismo, utilizando como superior e logo o estágio de evolução cultural a ser alcançado, a  cultura europeia, apontando já o conceito de etnocentrismo. Entretanto, traz Franz Boas com críticas ao evolucionismo cultural no qual procura trazer métodos comparativos a partir do particularismo histórico, onde segundo ele, a cultura é designada de acordo com eventos históricos enfrentados por cada sociedade.

Ademais, no mesmo capítulo mostra também as contribuições de Kroeber, que procurou ampliar o conceito de cultura colocando o ser humano como único ser capaz de criar seu próprio processo evolutivo superando o orgânico, ou seja, ao invés de mudar o seu aparelho biológico para se adaptar a determinado ambiente, o homem adaptaria o mesmo por meio da cultura. Assim, o ser humano conseguiu transformar todo o planeta em um habitat viável para a sua sobrevivência, sendo assim, o autor inferi com a supervalorização do homem que nessa conjuntura a cultura surge junto as necessidades e possibilidades para perpetuar a vida do ser humano.