Uma visão geral sobre a obra de Emile Durkheim: a identificação da anomia social e suas solução institucional

Uma visão geral sobre a obra de Emile Durkheim: a identificação da anomia social e suas solução institucional

Durkheim escreve na segunda metade do século XIX e passagem do século XIX para o XX em uma França que perdera a guerra com a Alemanha. Em sua época o conflito de classes é explosivo e as tradições encontram-se desgastadas (o divórcio é legalizado, a educação tornada laica...). É um este um período de transição: tudo aquilo que fazia a ponte entre o indivíduo e a sociedade estava sendo erodido e nada havia se colocado no lugar em termos de instituições capazes de moldar o senso comum.

É nesse cenário que o autor identifica o que vem a chamar de anomia social. Seria ela o caos, a ausência de regulamentação social. Aqui, o indivíduo perde os parâmetros de orientação de sua conduta. É uma situação de divórcio entre as expectativas individuais e os meios para torna-las possíveis.

Tendo em vista a ineficiência, a desmoralização e o desmantelamento das instituições tradicionais supracitados, o autor busca meios de viabilizar o retorno da sociedade a um estado de normalidade. Defende para tal a adoção social de uma nova fora de solidariedade, que se daria por meio da atuação impositiva de novas instituições que deveriam surgir som o fim de organização social. É devido a esta crença de que as instituições seriam formas de condicionamento necessárias à orientação individual que o autor fora taxado de conservador.

Seu objetivo sociológico se pautava no vínculo do plano individual às possibilidades de escolha que limitam o livre arbítrio do indivíduo. De um ponto de vista moral, sua sociologia buscava ligar novamente a liberdade individual às instituições condicionadoras, sem que se voltassem às instituições antigas. De um ponto de vista político ele buscava entender como ligar o coletivo ao individual.

Quanto à sociologia como ciência, Durkheim cria o conceito de fato social, o que o marca ao longo da história como o pai da sociologia. São os fatos sociais as maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora da consciência individual. Eles exercem um efeito coercitivo, sendo de natureza coletiva e devem ser tratados como se fossem uma coisa. Aqui, observa-se o caráter positivista da obra do autor, o qual tem sua obra influenciada pelas ideias de Auguste Comte. Outra característica dos fatos sociais é a de que devem ser explicados com base em outros fatos sociais.

A divisão do trabalho é outra característica marcante de sua obra. Com o trabalho cada vez mais especializado, a sociedade torna-se cada vez mais diferenciada e os interesses individuais se sobrepõem aos coletivos. O problema da anomia social é, então, agravado pelo individualismo crescente. Afinal, como seria possível a sociedade moderna garantir um mínimo de coesão, de solidariedade, de forma que elas ultrapassem a esfera dos interesses sociais imediatos em um contexto de uma sociedade individualista?

O autor não acredita na possibilidade dessa sociedade produzir qualquer forma de solidariedade. Para ele, a solidariedade deveria resultar de um esforço institucional, pois que não se passaria automaticamente de uma solidariedade orgânica, baseada no grupo, no coletivo, para uma solidariedade mecânica, pautada na importância da diversidade social (na qual cada órgão contribui para o funcionamento do outro).

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