10 razões possíveis para a trsiteza do pensamento
Por: MarianaLopes98 • 28/4/2019 • Ensaio • 1.616 Palavras (7 Páginas) • 467 Visualizações
Escola Superior de Artes e Design
“Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento”
George Steiner
Caldas da Rainha
2016/2017
Mariana Lopes, 1ºano de Artes Plásticas
Introdução:
Neste trabalho, vou analisar a obra “Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento” de George Steiner, nomeadamente as primeiras cinco razões.
Francis George Steiner nasceu a 23 de Abril de 1929 em Paris, é um crítico literário, filósofo, romancista e professor, que escreveu extensivamente sobre a relação entre a literatura, a sociedade e a linguagem. Steiner, através deste livro, pretende debater as razões possíveis de Friedrich Wilhelm Joseph von Scheling para a tristeza do pensamento.
Com isto, no início da obra, começa por citar Scheling:“Tal é a tristeza inseparável de toda a vida finita, uma tristeza, porém, que nunca se torna realidade e serve tão-só para dar a alegria eterna de a superar. Dela vem o véu de pesar que se estende sobre toda a natureza, a melancolia profunda e indestrutível de toda a vida.”pg 9, tentando transmitir que toda a vida humana é acompanhada de uma tristeza fundamental provocada pela consciência e pelo conhecimento que todos nós, humanos, temos.
Desta forma, tanto a consciência, como o conhecimento têm como base o pensamento e, de acordo com Sheling, todo este processo mental está acompanhado de uma tristeza inexplicável: “A existência humana, a vida do intelecto, significa uma experiência desta melancolia e a capacidade vital de a superar. Nós somos, por assim dizer, criados «entristecidos»”pg11.
1ª Razão:
Relativamente à primeira razão, Steiner começa por afirmar que o pensamento é ilimitado, ou seja, que podemos pensar sobre qualquer coisa e, aquilo que fica “para além do pensamento é rigorosamente impensável.” Pg.15.
Desta forma, podemos afirmar que o pensamento não tem fim, não tem uma demarcação, um limite, podendo, assim gerar qualquer tipo de cenário, de universo, com leis próprias, como podemos visualizar em filmes de ficção científica.
O pensamento possibilita “o domínio do homem sobre a natureza e, dentro de certas limitações, tais como a enfermidade e o sofrimento mental, sobre o seu próprio ser.” Pg 17 provocando, muitas vezes o suicídio, ou seja, a interrupção voluntária do pensamento sofrido.
A infinidade do pensamento pode ser ou não incompleta, visto que nunca poderemos saber e provar até onde este vai, ou seja, não sabemos se a tal imensidade do pensamento não passa de algo bastante pequeno e irrelevante. Com isto, Steiner afirma que as civilizações, as ciências e as artes, resultam do pensamento, deste impulso que os seres humanos têm de se questionar.
Para além disto, podemos afirmar que, ao longo da nossa vida, nunca vamos conseguir chegar a uma resposta satisfatória, conclusiva, mesmo que o processo de pensamento seja organizado, individual ou coletivo, filosófico ou científico.
Desta forma, a primeira razão trata-se da inquietude, da frustração, da insatisfação do pensamento, pois, por muito que este seja infinito, estará sempre sujeito à dúvida ou à contradição interna para a qual não há solução, criando uma espécie de infinidade incompleta do pensamento: “Experimentem escutar atentamente a torrente do pensamento e, no seu centro inviolável, irão ouvir dúvida e frustração.”. pg18
2ª Razão:
No que diz respeito à segunda razão, Steiner começa por afirmar que “O pensamento é incontrolável.” pg19, ou seja, que por muito esforço que façamos, controlar o pensamento é algo bastante raro, bastante difícil de atingir, pois, até mesmo quando estamos a dormir a “…corrente segue o seu curso.” Pg19.
Desta forma, como o pensamento é algo incontrolável, também é inexplicável, intraduzível, tornando-o confuso e quase impossível de partilhar.
Assim, Steiner afirma” A cada instante, atos do pensamento estão sujeitos a intrusões.” Pg20, pretendendo transmitir que tudo o que está à nossa volta, tudo o que nos rodeia, tudo o que sentimos, altera os nossos pensamentos, baralhando “…qualquer desenvolvimento linear do pensamento…”pg 20. Até um pequeno som ou uma experiência tátil, um sentimento de fraqueza ou de tédio, podem alterar a linha do pensamento, podendo até modificar a conclusão, o fecho deste mesmo.
Com isto, ao afirmarmos no nosso dia a dia que o pensamento nos “escapou”, estamos a tentar transmitir que a linha do nosso pensamento, naquele momento, foi quebrada, foi modificada por elementos externos ou internos.
Por conseguinte, Steiner questiona se “É realmente possível «pensar direito»?” pg20, se podemos treinar o pensamento organizado, a linha inquebrável, através da disciplina e da concentração.
Assim, após fazer esta questão, chega à conclusão de que a concentração máxima no pensamento é algo bastante raro de atingir e só algumas pessoas o conseguem, apenas por um curto espaço de tempo, como os cirurgiões, os matemáticos, os mestres da meditação, os relojoeiros, os músicos: “… o matemático parece conseguir isolar-se e abandonar o mundo (…) ou o cirurgião, enquanto opera, suspendem toda e qualquer distração (…) os mestres da meditação e seus acólitos, dão testemunho da ocorrência de períodos (…) de um recolhimento da psique…”. pg21
Steiner afirma que “… a concentração total comporta não apenas exaustão temporária como colapso mental de longa duração…” pg22, tentando transmitir que a total concentração no pensamento é de tal modo esgotante que as pessoas que, alguma vez na vida conseguiram atingir esse ponto, acabam por ficar exaustos muito cedo: “As explosões de concentração do pensamento dirigido, a coerção da focalização absoluta, poderão acarretar o risco de exaustão ou danos mentais subsequentes.”. pg22
Com isto, Steiner chega à conclusão de que o pensamento vulgar é bastante mais simples, não trazendo qualquer tipo de esgotamento, de exaustão, visto que, para este, não é necessária uma concentração total: “… o pensamento vulgar é muito mais frequentemente um empreendimento confuso e amadorístico.” pg22. Porém, na minha opinião, o pensamento vulgar não é satisfatório, tratando-se de algo do dia a dia, algo habitual, algo pelo qual não temos de “lutar”, de treinar, apenas “acontece”.
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