A Antropologia

Territorialidade

No Jardim das Oliveiras, antiga Praça de Lisboa, repara-se que encontramos dois tipos de territorialidade: uma pública e uma secundária. A divisão destes dois tipos de espaços é muito evidente. Esta é feita através da separação física em duas plataformas que são unidas por um percurso que atravessa o jardim. Este percurso liga o jardim à Praça dos Leões e ao Jardim da Cordoaria e permite que haja uma circulação pelo jardim sem interromper as pessoas que o estão a usar. Do lado do café, pode-se constatar que a territorialidade é secundária pois nesta parte são estimulados o convívio e a interação social, enquanto do outro lado é mais público, onde as pessoas estão mais dispersas e não se encontram tanto em grupo.

Neste jardim também conseguimos perceber que tem um papel social importante pois este é hoje em dia uma referência no Porto e que os indivíduos sabem o que fazer neste local, embora este não tenha uma sinalética muito clara, para além do uso de marcas territoriais, sabemos qual o tipo de comportamento correto através da música e através da diferença de materiais utilizados em cada lado.

Espaço Informal

Neste espaço consegue-se de facto observar vários tipos de espaços informais. Percebemos que o mais comum é a distancia pessoal. As pessoas encontram-se em grupos de 3/4 pessoas, contudo nunca invadem a distância intima de cada um. Também encontramos outros tipos de distância como a íntima, nomeadamente em casais, e a pública em pessoas que se encontram sozinhas a ler, desenhar, etc. Conseguimos quase perceber que existe uma evolução de distâncias, começando na pública e acabando na intima. Assim podemos afirmar que este lugar é de facto sociopéto.

Este jardim é um espaço que agrega mais a introversão, onde as pessoas podem estar a conviver sossegadamente, por isso o seu público alvo é essencialmente jovens entre os 18-30 anos, de classe média.

Este espaço promove também mais a externalidade, tranquilidade e a proteção do exterior, esta ultima através da guarda e da altura que esta possui. Estes fatores fazem com que o individuo se abstraia da densidade urbana à sua volta.

Privacidade

Em termos de privacidade, sendo um espaço público aberto existe tanta privacidade como teríamos num espaço público fechado, como uma biblioteca. Contudo, consegue-se ter privacidade em relação ao exterior do jardim existindo, ainda, um certo grau de intimidade. É possível observar que entre cada grupo existe privacidade, embora não seja total, é ideal. Através das diferentes distâncias, conseguimos ter privacidade suficiente para não nos sentirmos intimidados pelos outros, mas também confortados pela presença das pessoas à nossa volta dando-nos uma sensação de segurança.

Esta privacidade é conseguida através da vegetação da parte exterior da grelha envolvente e da topografia que filtra os sons vindos do exterior do jardim, sendo que um dos lados (o do café) tem uma topografia mais complexa que o outro lado. Isto para separar os espaços de modo a dar mais privacidade aos clientes do café. Esta característica arquitetónica é fundamental para o bom funcionamento do espaço.