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A Descoberta da ignorância - Yuval Harari

Por:   •  11/12/2017  •  Resenha  •  502 Palavras (3 Páginas)  •  2.656 Visualizações

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No capítulo “A descoberta da ignorância”, Yuval Noah Harari estende a seu livro Sapiens uma discussão acerca das circunstâncias em que surgiu a ciência  moderna, focando em quais foram as transições no modo de vida e percepção humana sobre o mundo para que tal evento fosse possível. Comparando com sua breve apresentação inicial sobre a evolução do conhecimento e sua forma de disseminação, o autor distingue tal ciência moderna da antiga apresentada basicamente pela constante aquisição de novas capacidades de estudo e observação (sejam de transmissão de conhecimento ou tecnologias) e, fundamentalmente, o que por ele é descrito como a “disposição para admitir a ignorância”.

Com esta diferenciação, a Revolução Científica é colocada não apenas como a separação entre a Ciência e a Teologia, mas também como a consequente compreensão de que ainda não se detém conhecimento sobre tudo possível e consequentemente afastando-se ainda mais das dogmáticas religiosas defensoras de que, parafraseando o autor, tudo aquilo considerado relevante a se saber sobre o funcionamento do mundo já era conhecido e não necessitava de maior indagação. A percepção da ignorância, desta forma, é vista como elemento-chave para a superação da Idade das Trevas - na qual se acreditava saber de tudo - para a modernidade conhecida como Idade da Luz, que por sua vez é ironicamente é definida a partir da compreensão da humanidade acerca de sua própria ignorância.

Uma das características apresentadas como mais importantes da Ciência Moderna é como sua não-dogmática (resultante da admissão da “ignorância coletiva” da sociedade) passa a significar uma busca incessante por cada vez mais conhecimento, a partir do momento em que se detém a noção de que nenhum saber é visto como verdade única, eterna e imutável. E, diferentemente de uma sociedade pautada na justificação por divindade ou autoridade capaz de recusar a validação de um novo conhecimento, a Revolução Científica abriu espaço para mudanças empíricas baseadas em uma justificação por racionalização, que podem obter sentidos lógicos aptos a transformar a verdade atual. Em sua tese, Harari transparece que é esse motivo que torna-se um dos maiores incentivos para a perseverança no estudo científico, uma vez que saber que os conhecimentos atuais podem não representar a verdade absoluta é justamente o que instiga a busca por novas demonstrações que superem as teorias vigentes.

A descoberta da ignorância, portanto, resultou em transformações tanto no modo de vida dos seres humanos quanto na maneira que a busca pelo conhecimento é almejada. E a evolução deste conhecimento é apontada como fator essencial para o desenvolvimento do grupo que o produz, no que o autor relaciona como um ciclo retroativo cujo progresso da ciência teórica que contribui para o avanço tecnológico e consequentemente social, que por sua vez é necessário para a evolução da própria ciência. Desta forma, Harari projeta em sua obra que a produção de conhecimento científico é determinada tal como determinante sobre as respectivas relações sociais de poder da sociedade na qual está inserido, sendo intrinsecamente correlacionado com a visão do homem de si mesmo perante ao mundo externo.

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