A Modernização da Antropologia por meio da Revolução do Fieldwork
Por: Fernanda ortiz • 20/6/2016 • Resenha • 844 Palavras (4 Páginas) • 1.962 Visualizações
A modernização da antropologia por meio da revolução do fieldwork
Fernanda Ortiz Peixoto*
O documentário a ser referenciado pertence série “Strangers Abroad”, traduzido em “Estranhos no Exterior”, a qual retrata os passos dos pioneiros da antropologia através de seus trabalhos e vida. O episódio de interesse nesta resenha, ” Off the Verandah - Bronislaw Malinowski”, em português, “Fora da Varanda – Bronislaw Malinowski”, apresenta o trabalho do antropólogo polaco Malinowski.
O vídeo foi produzido em 1985 pela Films for the Humanities & Sciences e liberado em 1986 pelo Royal Anthropological Intitute com a duração de 54 minutos. Os créditos da obra vão para o diretor e produtor André Singer com o roteiro de Bruce Dakowski e contribuição de Karl Sabbagh. Steven Seidenberg foi o pesquisador nesta operação buscando conteúdos que fossem necessários para a produção do filme, com a ajuda de Bruce Dakowski que através de uma viagem de reconhecimento agregou maiores informações a obra. A pesquisa em bibliografias não era suficiente para a produção, portanto houve entrevistas com o círculo social do antropólogo. Essa pesquisa auxiliar conta com aspectos da vida de Malinowski relatada por sua neta. Professores também deram sua contribuição como o Prof. Sir Raymond Firth – Emeritus professor, London University, Prof. Lucy Mair – Emeritus professor, London University e o doutor em antropologia, Dr. Peter Riviere.
A obra, um documentário expositivo narrativo, traz como tema o trabalho de campo desenvolvido pelo antropólogo Bronislaw Malinowski. Após se sentir incomodado com a distância que havia entre ele e o objeto de estudo, Malinowski reinicia sua pesquisa de campo com um outro povo, os Trobriand. Inicialmente houve uma dificuldade por sua parte em vivenciar, de fato, a rotina e cultura dos nativos, mas refletindo que isto era de suma importância para o estudo, o antropólogo se insere na vida da aldeia. Com essa convivência, Malinowski relata com uma certa propriedade o dia a dia desse povo. Eles acolhem o homem branco com hospitalidade e seu impacto nessa sociedade é lembrada por muito tempo. Esse trabalho de Malinowski era revolucionário para sua época de vivência, mudando a concepção que se tinha de antropologia e seus métodos de pesquisa. O mais importante no trabalho de Malinowski e o que levou a ser reconhecido positivamente com êxito foi o conhecimento do Kula.
Bronislaw Malinowski (1884 – 1942) nascido em Kraków na Polônia, pertencia a uma família de aristocratas. Em 1908 concluíra seu PhD em matemática, física e filosofia, seu interesse em antropologia se deu na London School of Economics (LSE), além de professor visitante na Universidade de Yale, Connecticut. Conheceu sua esposa na Austrália. Lecionou etnologia na LSE e posteriormente ocupou o cargo de Presidência da Antropologia Social até 1942. Veio a óbito por consequência de um ataque cardíaco em 16 de maio de 1942. Malinowski foi de certa forma pioneiro da experiência etnográfica, em suas considerações ele defende que uma sociedade deve ser estudada enquanto totalidade. Elaborou a teoria do funcionalismo e também dizia que o homem devia ser estudado por meio da perspectiva de ser um ser biopsicossocial. O antropólogo tinha uma personalidade muito controvertida e isso se evidenciava também em sua obra, foi o fundador da antropologia moderna. François Laplatine em sua obra Aprender Sociologia, traz uma visão da antropologia por Malinowski, “Com Malinowski, a antropologia se torna uma ”ciência” da alteridade que vira as costas ao empreendimento evolucionista de reconstituição das origens da civilização, e se dedica ao estudo das lógicas particulares características de cada cultura. [..]”.
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