A Natureza Humana e Ordem Social

NATUREZA HUMANA E ORDEM SOCIAL

Comte considera a natureza humana como dupla ou tripla. Pode-se dizer que o homem se compõe de um coração e de uma inteligência; ou pode-se dividir o coração em sentimento (ou afeição) e atividade, considerando que o homem é ao mesmo tempo sentimento, atividade e inteligência. Portanto, o homem deve comandar – por ser ativo e inteligente, e a mulher deve obedecer, por ser essencialmente sensível. Contudo, o poder espiritual, que é o mais nobre de todos, pertence a mulher. É ele quem rege a vida interior dos homens e os une para que possam viver e agir em comum.  Tendo esta perspectiva como base, afirma-se que o homem é ativo, sentimental e inteligente – foi feito para agir, porém, o impulso vem do coração e não da inteligência. Segundo Comte, é preciso agir por afeição e pensar para poder agir. Apesar de não ser sua teoria mais relevante, Auguste Comte teoriza sobre o que denominou ser o “quadro cerebral”, no qual a inteligência está localizada na parte frontal do cérebro – consequentemente, ligada aos sentidos. A afeição, por sua vez, estaria localizada na parte traseira do cérebro, e esta estaria ligada aos órgãos motores (córtex). A classificação dos sentimentos, na perspectiva comtista, é bastante curiosa. Enumera os instintos egoístas (nutritivo, maternal, sexual) e as inclinações que, ainda egoístas, são ligadas as relações com outros indivíduos: militares, que nos impulsiona a destruir os obstáculos; e as industriais, que nos induz a construir meios. As inclinações não-egoístas seriam a amizade, de uns pessoa por outra; a veneração, do discípulo ao mestre, por exemplo; e a bondade, que em princípio, tem extensão universal e que deve se realizar plenamente na religião da humanidade. Esta, por sua vez, teria uma divisão ternária característica na natureza humana, que seriam o aspecto intelectual – o dogma; o aspecto afetivo que se exprime no culto, no caso, o amor; e o aspecto prático, que Comte batiza de regime.

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