A Queda Do Céu: Uma Reflexão Antropológica E Etnográfica
Por: jksilvasouza • 21/5/2023 • Resenha • 2.720 Palavras (11 Páginas) • 69 Visualizações
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce.
A QUEDA DO CÉU: UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA E ETNOGRÁFICA
John Kenedy Silva de Souza
Prof°. Dr. Manuel Ferreira Lima Filho Faculdade de Ciências Sociais – FCS/UFG
Graduação em Ciências Sociais
19/03/2022
RESUMO
A obra “A queda do céu”, do influente líder índigena, Davi Kopenawa Yanomami em parceria com o renomado antropólogo francês, Bruce Albert é um verdadeiro convite para não apenas visualizar questões inerentes ao contexto social e ambiental, mas também para se constituir uma transposição de pensamento a cerca dos fatores culturais, etnicos, e etnográficos aos quais estão dispostos de forma central os debates presentes nessa obra. Nesse sentido a obra além de remontar discussões emblemáticas referentes a sabedoria e o conhecimento da população Yanomami, propõe também a necessidade de se produzir uma compreensão tendo em vista as arguras que o povo Yanomami segue vivenciando ainda sobretudo nos dias atuais.
A preocupação de Davi Kopenawa Yanomani e de Bruce Albert, assim vai diretamente ao encontro de serem porta-vozes desse povo, mas não apenas retratando as condições desumanas aos quais os Yanomamis são submetidos em detrimento do garimpo, da poluição das águas, das florestas, da mineração em suas terras e das epidemias. Ela vai muito além e busca sobrepujar inclusive o senso comum, pois é altiva e recozijante ao passo que menciona e insere demais fatores como a cultura e etnicidade dessa população indígena. Em contraponto a isso ambos os autores, ambicionam fazer também uma discussão ao que diz respeito ao viés antropológico e entográfico que automaticamente torna-se determinante para esse campo de conhecimento. Portanto, a obra trata-se muito mais do que o leitor que a vê ou lê imagina, pois ela permite com que o leitor além de conhecer de forma crua as angústias do povo Yanomani, vislumbre também respectivamente sua ancenstralidade bem como sua cultura.
Palavras-chave: Yanomami, Etnográfico, Cultura, Etnicidade, Antropológico.
INTRODUÇÃO
A Antropologia está intensamente atrelada a discussões que dizem respeito as culturas, as sociedades, bem como a questões políticas, ambientais e sociais. Todas essas facetas pertencentes ao debate público, que podem ser acessadas através dos meios de comunicação de massa dão o tom da verdadeira discussão que Davi Yanomami Kopenawa e Bruce Albert, nós convida a fazer ao passo em se motivam a escrever um livro tendo justamente como pano de fundo o destaque para esses seguintes assuntos que sobretudo nos dias de hoje são caros para toda uma humanidade. A obra “A queda do céu” de Kopenawa e Albert, não é somente um relato de um Xamã Yanomami com aportes teóricos de um antropólogo francês, mas sim uma reunião de palavras sobre a treajetória de um índigena para se tornar uma xamã, narrando consoantemente assim, os anos vastos anos de seu trabalho na Fundação Nacional do Índio – (FUNAI), bem como suas impressões a cerca de si próprio e da sua própria cultura.
A obra é um construída e narrada em sua total parte por um indigena, que não utliza da voz de terceiros para falar por ele, mas sim da própria voz que se faz ecoar em cada página do livro intitulado “A queda do céu”. Assim, essa necessidade de um local de fala aberto e canalizado propriamente para o indigena é algo que é repercurtido por Kopenawa no primeiro capítulo da obra. Kopenawa (2015), ao propiciar um convite aos leitores para que os mesmo conheçam sua própria história em “A queda do céu” diz: “Vocês não me conhecem e nunca me viram. Vivem numa terra distante. Por isso quero que conheçam o que os nossos antigos me ensinaram.” (p.74).
Essa afirmação de Kopenawa ressoa como um convite? Claro que sim. Mas, não é somente isso por que ao tratar de sua própria história e de seus ante-passados, Kopenawa têm como objetivo desconstruir uma visão de senso comum que esse leitor por ventura carregue consigo. Ao se referir aos que os antigos o ensinaram, Kopenawa enaltece a sabedoria, o aprendizado e conhecimento que foi delegado a sua pessoa graças a conservância do idéario cultural perpassado pelos seus antigos. Dessa forma é por conta disso, que em enormes capítulos, fotografias, textos de apoio e notas a obra “A queda do céu”, retrata dentro de uma visão panorâmica e global a cultura, a rotina, e as visões de mundo dos Yanomami, isso é a mesma visão de mundo que Kopenawa já se encarrega de expôr nas primeiras partes de sua obra.
Todo esse arcabouço teórico, descritivo e ilustrativo que se utiliza de recursos para solidificar o relato de Davi Kopenawa como um legítimo Yanomani e um representante de seu próprio povo é combinado as palavras dos xamãs, que servem de vigilância para aqueles que desconhecem a própria história dessas populações e o modo de cultura dessas sociedades que foi ressignificado durante inúmeros anos. Outro aspecto que o relato de Kopenawa infere é sobre a questão ambiental o que diz respeito assim, a destruição dos territórios indigenas causados pela ganância humana. Em relação a isso, Kopenawa (2015), em sua obra “A queda do céu” argumenta que: “Os brancos não pensam muito adiante no futuro. Sempre estão preocupados demais com as coisas do momento. É por isso que eu gostaria que eles ouvissem minhas palavras através dos desenhos que você fez delas; para que penetrem em suas mentes.” (p.64).
Com essas palavras, Kopenawa, busca explicitar como é desenvolvido o imaginário dos homens brancos, destacando assim o pensamento constante desses pelo presente, sem enxergar no momento o futuro que se avizinha. Claro, também sem esquecer de que esse pensamento constante unicamente pelo presente, se concretiza através de suas práticas muitas vezes destrutivas com requintes de ecocídio, o que fragiliza a vida ambiental, a vida animal e a vida das comunidades tradicionais sejam essas do campo, das águas, das florestas ou das matas. A sanha destrutiva do homem branco é algo que desde os primórdios sempre condenou todas essas populações e o resultado disso deu-se em detrimento de um genocídio mortífero deliberado de inúmeras populações tradicionais. Mas, não é somente em conta disso que a sanha destruitiva do homem branco está diretamente associada.
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