A RESENHA DO LIVRO DE KRENAK
Por: g.galvao22 • 21/4/2021 • Resenha • 477 Palavras (2 Páginas) • 207 Visualizações
O universo de modo geral sempre foi pensado pela ótica de seus habitantes em diversos momentos da história e em lugares distintos como um espaço a qual oferece riquezas naturais e supria suas necessidades quanto ser humano. Contudo ao decorrer do tempo, este universo não permaneceu apenas como um local que apenas retirava o necessário, mas sim, passou a ser observado como algo vendível, um lucro para sobreviver em diferentes sociedades onde a estrutura hierarquizada estava presente. A cobiça e inveja de seus moradores e a necessidade pelo poder transformaram o mundo em uma guerra, quanto na realidade deveria ser uma relação de plena harmonia.
Dentro desse processo de jogos de interesses, atualmente, a sociedade capitalista visando o seu acumulou de riquezas naturais como mercadoria, ignora os habitantes (povos indígenas) que vivem há milênios nestes territórios, as quais são os detentores de conhecimentos tradicionais e usam os recursos naturais para o seu sustento, tendo o seu tempo e ocupação para viver em comunidade e em harmonia com o meio ambiente. É justamente sobre este tema no qual o escritor se debruça em seu livro, buscando chamar a atenção para o verdadeiro sentido da sociedade está presente no século XXI.
Ailton Krenak é líder indígena, da etnia Krenak de Minas Gerais, ambientalista e escritor reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Especialmente em 1988, pode participar na Assembleia Nacional brasileira que elaborou a constituição de 1988, na ocasião fez um discurso na tribuna e pintou seu rosto com tinta preta (jenipapo ) como forma de protesto ao retrocesso na luta pelos direitos dos povos indígenas. Krenak, não é apenas um autor que coloca palavras nos livros, ele transcede o que sua alma grita e as escreve como um desejo de reproduzir ao mundo.
A sua obra Ideias para adiar o fim do mundo, publicada em 2019, é um conjunto de duas palestras ocorridas em 2017 e 2019, e um texto publicado no catálogo de conferências-dançada Antroprocenas em 2017 (KRENAK, 2019). O autor versa sobre o desastre ambiental nesta era e a resistência indígena perante o não reconhecimento da diversidade cultural presente especialmente no território brasileiro.
No primeiro capítulo Ideias para adiar o fim do mundo, no qual é o mesmo título do livro, Krenak relata sua experiência em Lisboa (Portugal) e sua aversão em visitar o país devido ao genocídio e etnocídio que foi imposto aos povos indígenas no período colonial, e infelizmente se perpetua atualmente, mas forma institucional. E é a partir dessa indagação, ele questionar os leitores: “como é que, ao longo dos últimos 2 mil ou 3 mil anos, nós construímos a ideia de humanidade? Será que ela está na base de muitas escolhas erradas que fizemos, justificando o uso da violência” (KRENAK, 2019, p. 10).
O principal ponto de vista é o questionamento se realmente existe uma humanidade, e que humanidade é esta que permite inúmeras atrocidades com as populações consideradas periféricas.
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