A SOCIOLOGIA DAS FINANÇAS E O NOVO ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Por: Andrew Batista Souza • 16/10/2016 • Resenha • 781 Palavras (4 Páginas) • 570 Visualizações
A SOCIOLOGIA DAS FINANÇAS E O NOVO ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Introdução
No presente artigo pretendemos estabelecer relações entre o texto A sociologia das finanças e a nova geografia do poder no Brasil de Roberto Grün e O Novo Espírito do Capitalismo de Luc Boltanski, no que se trata às relações entre a flexibilização do mercado financeiro e os conceitos de trabalho e propriedade. Trataremos, também, de outros de outros assuntos ligados às leituras do semestre, porém de forma mais breve e apenas como conhecimento complementar à construção do artigo.
1 Flexibilização
A nova configuração do capitalismo possui um enfoque na importância da flexibilização e da menor estabilidade e enraizamento das empresas. Além da maximização dos lucros, a flexibilização de uma empresa permite que essa tenha mobilidade para fugir de uma decadência de lucros no setor ou local em que atua, logo que a especulação e os investimentos feitos ativos sobre ela durante seu momento de ascensão podem ser rapidamente remanejadas por seus investidores para outros mercados e/ou locais, o que, antes desta flexibilização, tinha o potencial de levar inteiros setores à crise. O menor enraizamento de uma empresa, ou de um investimento, permite com que se mova conforme a economia demanda, buscando os mercados com melhores especulações de retorno financeiro para seus investidores. Em sumo, a empresa, nesta configuração, tem de tornar-se dinâmica o suficiente para adaptar-se às inexoráveis mudanças do mercado, promovidas pelos remanejos de capital.
Essas mudanças no mercado financeiro e no capitalismo levaram à redefinição dos conceitos de trabalho e propriedade. Deixando de apenas o meio social influenciar o meio econômico, mas também o inverso, a economia passa a influenciar o meio social.
Segundo Boltanski, a influência da financeirização sobre o trabalho encontra-se, não somente, mas majoritariamente, pela flexibilização do seu trabalho e o esmaecimento da distinção entre vida social e vida financeira. A estabilidade financeira é substituída pela adaptação constante ao mercado: “O executivo assalariado de tempo integral, que ocupava emprego estável numa grande empresa, que encarna o segundo espirito do capitalismo, é substituído pelo colaborador intermitente” (BOLTANSKI, 2009), esse colaborador possui um ritmo de trabalho que pode ser muito mais irregular que o trabalhador da configuração anteriormente dominante. A junção entre a vida privada e vida profissional ocorre de modo que, segundo Boltanski: “Torna-se então difícil fazer a distinção entre o tempo da vida privada e o tempo da vida profissional, entre jantares com amigos e jantares de negócios, entre elos afetivos e relações úteis etc” (BOLTANSKI, 2009). Isto ocorre através de duas mesclas: entre qualidades pessoais e as propriedades de sua força de trabalho; e entre a posse pessoal e a propriedade social.
O homem desta chamada sociedade em rede é proprietário de si mesmo, é produto de seu próprio trabalho sobre si, utilizando-se do crescente mercado do melhoramento pessoal: moda, saúde, cosmética, coaching, para se tornar um melhor agente econômico; cada um é responsável pelo seu próprio corpo e “seu sucesso, seu destino. ” (BOLTANSKI,
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