O Capitalismo Livro Oque é Sociologia
Por: Edielson Bezerra • 6/9/2021 • Resenha • 1.796 Palavras (8 Páginas) • 87 Visualizações
O desenvolvimento desta ciência tem como pano de fundo a existência de uma burguesia que se distanciara de seu projeto de igualdade e fraternidade, e que, crescentemente, se comportava no plano político de forma menos liberal e mais conservadora. O aparecimento das grandes empresas, monopolizando produtos e mercados, a eclosão de guerras entre as grandes potências mundiais, a intensificação da organização política do movimento operário e a realização de revoluções socialistas em diversos países evidenciavam também o caráter transitório e passageiro da própria sociedade moldada pela burguesia.
O desmoronamento da civilização capitalista, fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses da ordem estabelecida. As ciências sociais, de modo geral, passaram a ser utilizadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente. A sociologia em boa medida, passou a ser empregada como técnica de manutenção das relações dominantes. As pesquisas de inúmeros sociólogos foram incorporadas à cultura e à prática das grandes empresas, do Estado moderno, dos partidos políticos, à luta cotidiana pela preservação das estruturas econômicas, políticas e culturais do capitalismo moderno. O sociólogo passou a desenvolver o seu trabalho, em complexas organizações privadas. Evidentemente, algumas tendências críticas da sociologia, principalmente as que receberam a influência do pensamento socialista, continuaram a orientar os objetivos e as pesquisas de diversos sociólogos, mas foi ignorada no meio acadêmico e marginalizada pelos institutos de pesquisa.
A absorção do sociólogo moderno na luta pela manutenção das relações de dominação - o que acarretou a burocratização e a domesticação do seu trabalho - foi um acontecimento que se deu a partir da Segunda Guerra Mundial. Durante as primeiras décadas do século passado, algumas ciências sociais mais diretamente ligadas aos problemas práticos da sociedade capitalista, como o direito, a economia e a contabilidade, foram mais utilizadas. Tal fato permitiu que diversos sociólogos desenvolvessem no interior das universidades um conhecimento que não correspondia tão prontamente às exigências práticas de conservação da dominação burguesa, que mostrava sua faceta conservadora, defrontando-se com um movimento operário organizado, e testemunhasse também um acontecimento como a instalação do poder soviético na Rússia, conseguia, não obstante, controlar até certo ponto as ameaças dos movimentos e dos grupos revolucionários. Durante aquele período, a sociologia conheceu uma de suas fases mais ricas em termos de pesquisa. Foi o momento em que a pesquisa de campo firmou-se nesta disciplina, propiciando o levantamento de informações originais para a reflexão. Permaneceram, durante este período, no trabalho de diversos pesquisadores alguns temas de investigação que preocuparam os estudiosos clássicos, como a formação histórica do capitalismo, a questão da divisão do trabalho e dos mecanismos sociais que possibilitam o funcionamento da ordem social.
Na França, o pensamento de Durkheim constituiu considerável fonte de inspiração para a realização de numerosas pesquisas. Seus seguidores realizaram, a partir dos pressupostos do "fundador da escola sociológica francesa", ricas análises sobre diversos aspectos da vida social. Marcel Mãuss, por exemplo, efetuaria o seu famoso trabalho, "O ensaio sobre o dom", procurando demonstrar que nas chamadas sociedades primitivas a troca de produtos significava com frequência mais uma permuta de presentes do que uma mera e simples transação econômica. Dessa forma, a troca primitiva possuía, segundo ele, um significado moral e religioso. Esta preocupação de investigar os aspectos sociais da vida dos chamados povos primitivos mereceria também a atenção de Levy Bruhl, por exemplo, que procurou desvendar o conteúdo da mentalidade destes povos. Outro de seus discípulos, Maurice Halbwachs, retomou a linha de estudos do suicídio como fato social. Realizou também este pensador um interessante trabalho sobre a importância dos contextos sociais para os indivíduos, focalizando a questão da memória social, e procurando evidenciar que, sem os diversos grupos que compõem a sociedade, como a família e o gruporeligioso, o indivíduo não seria capaz de reconstituir o seu passado.
Na Alemanha, foram efetuados no período em foco importantes estudos, principalmente quanto à reconstrução de fatos históricos, como a preocupação e o interesse de Max Weber pela investigação da origem e da natureza do capitalismo moderno. Os trabalhos de Sombart foram realizados também com o propósito de elaborar uma exposição sistemática do capitalismo moderno. Deve-se mencionar também os trabalhos de historiadores do vulto de um Marc Bloch e de um Henri Pirenne. Datam também dessa época os esforços de Max Scheller e de Karl Mannhein para desenvolver o que chamavam de uma "sociologia do saber". O trabalho de Mannheim, "Ideologia e Utopia", publicado em 1929, constituiu uma exposição sistemática das origens sociais do conhecimento, procurando estabelecer algumas relações entre as diferentes ideologias e os contextos sócio históricos em que elas foram elaboradas. A obra de Mannheim, além de fornecer preciosas correlações entre os modos de pensamento e as suas origens sociais, procurou transformar a sociologia numa técnica de controle social. Ele considerava que vários problemas políticos e econômicos do seu tempo poderiam ser enfrentados a partir do "planejamento social". Durante esse período, vários estudiosos buscaram formular e classificar os diferentes tipos de relações sociais que ocorrem em todas as sociedades, independente do tempo e lugar. Os estudos de Pareto sobre a ação humana, de Von Wiese sobre os processos básicos da vida social, os trabalhos de Roos sobre os mecanismos e as variedades do controle social constituem exemplos ilustrativos desta tradição de pesquisa. Não seria exagero afirmar que até a década de 1930 a história da sociologia americana se confunde com as atividades de pesquisas realizadas pelo Departamento de Sociologia da universidade de Chicago, que se concentraram no estudo dos novos estilos de vida que surgiram na corrida de uma urbanização extremamente veloz, provocando, vários "problemas sociais" e uma situação de "desorganização urbana".
Um trabalho que ficaria particularmente famoso na sociologia foi elaborado por um dos personagens significativos desta “Escola de Chicago”, William Thomas, em co - autoria com Znaniecki, no entanto juntamente com Thomas a figura de Robert Park constituiu outra personagem fundamental no desenvolvimento da pesquisa de campo na sociologia, eles foram responsáveis pela formação de uma atuante geração de sociólogos. Na Alemanha, as tentativas de “completar”, de “refinar” o método dialético, de “libertá-lo” de sua concepção “normativa” e “dogmática”, visavam claramente a minimizar e neutralizar a sua influência no meio acadêmico. Segundo Mannheim “a disputa que a sociologia alemã travou com o marxismo impulsionou-a possibilitando um avanço no conhecimento sobre a sociedade”. Além disso, algumas destas investigações também possuíam sérias implicações ideológicas, pois preocupados com a “desorganização social”, aceitavam, conscientemente ou não, a realidade social tal como ela se apresentava.
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