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A ética protestante e o espírito do capitalismo

Por:   •  15/6/2017  •  Resenha  •  1.804 Palavras (8 Páginas)  •  910 Visualizações

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WEBER, Max: A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO. Tradução de  M. Irene de Q. F. Szmrecsányi e de Tamás J. M. K. Szmrecsányi. Livraria Pioneira Editora, 1967, São Paulo.

A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

        

        O Max Weber (1864-1920), em sua obra: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, considerado um dos mais expressivos de seus livros, procura fornecer explicações do que é o capitalismo e de como ele surge, em uma visão diferente daquela do Karl Marx, para o Weber a capitalização é a racionalização da sociedade.

        A obra é um ensaio que tenta responder o motivo pelo qual os protestantes eram bem sucedidos no comércio, ao contrário dos católicos. A partir desse pressuposto, começa a sua obra com uma introdução bastante esclarecedora de suas ideias sobre o capitalismo.

        INTRODUÇÃO:

        Em sua introdução o Weber evidencia aspectos culturais da civilização ocidental que atingiram desenvolvimento universal de valor significativo, tais como: a ciência, o Estado, a arte, a academia e, finalmente, o capitalismo. Para o Max Weber o racionalismo ocidental é bem específico com relação às demais formações culturais, e isso é apontado como um dos motivos, por exemplo, para que o oriente não tenha alcançado o mesmo desenvolvimento do ocidente.

        Nesta perspectiva, Weber compreendia o Capitalismo como sendo um sistema econômico cujas ações eram racionalmente calculadas visando lucro continuado, diferentemente da ânsia ou ganância em lucrar.

        Para o Max Weber o capitalismo, assim como outros aspectos culturais, não é exclusividade do mundo ocidental moderno, pois ocorreram em várias épocas e em outras regiões do mundo. No entanto, em nenhum período se registrou o capitalismo em tal grau de desenvolvimento quanto no ocidente moderno, ou seja, um capitalismo moderno, racional e burguês.

        CAPÍTULO I - FILIAÇÃO RELIGIOSA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL:

        O Max Weber começa mostrando a tendência de predomínio protestante nos empreendimentos capitalistas, bem mais do que os católicos, e essa relação entre a religião e o capitalismo chamou a atenção de Weber.

        O provérbio “coma ou durma bem” explica a diferença entre o protestante e o católico, já que o primeiro prefere comer e saciar-se, enquanto que o segundo prefere dormir e não ser incomodado. Identifica-se um racionalismo econômico como elemento fundamental para este fato, e que reafirma que a orientação racional tomada pelos protestantes frente às possibilidades econômicas é um fator central nesse processo, pois, no capitalismo quanto mais “fome” se tem, melhor. 

        Segundo o autor, entre as religiões protestantes o calvinismo tinha pouco integrantes na época da expansão do protestantismo, no entanto era tida como a “essência da economia capitalista”, nos países em que surgiu. O calvinismo desenvolveu o espírito do capitalismo muito mais do que o luteranismo, por exemplo. Por outro lado, a igreja romana, recusara os prazeres materiais para que o espírito se mantivesse fortalecido em Deus, característica essencial para os diferentes desenvolvimentos das duas religiões no capitalismo.

        CAPÍTULO II - O ESPÍRITO DO CAPITALISMO:

        A “ética social” e o “espírito do capitalismo” são os principais conceitos apresentados pelo Weber nesse capítulo. A “ética social” é assim descrita: “E, na verdade, esta ideia peculiar do dever profissional tão familiar a nós hoje, mas, na realidade, tão pouco evidente, é a mais característica da “ética social” da cultura capitalista, e, em certo sentido, sua base fundamental. E uma obrigação que o indivíduo deve sentir e que realmente sente, com relação ao conteúdo de sua atividade profissional, não importando no que ela consiste, e particularmente, se ela aflora com uma utilização de seus poderes pessoais ou apenas de suas possessões materiais (como “capital”).” (WEBER, p. 33-34). 

        E este é o “espírito (moderno) do capitalismo”: “A questão das forças motivadoras da expansão do capitalismo moderno não é, em primeira instância, uma questão de origem das somas de capitais disponíveis para uso capitalístico, mas, principalmente, do desenvolvimento do espírito do capitalismo. Onde ele aparece e é capaz de se desenvolver, ele produz seu próprio capital e seu suprimento monetário como meios para seus fins, e não o inverso”. (WEBER, p. 44-45).

        Para autor o espírito do capitalismo funciona como uma vocação, um dever necessário para impulsionar a cultura capitalista de aumentar seu capital, de forma racional, através do lucro continuado. O espírito do capitalismo rompe o tradicionalismo de uma cultura econômica pré-existente. Para o Max Weber a racionalidade, por si só, não bastou para construir o capitalismo moderno; também e principalmente essa reeducação que cria novos hábitos econômicos. Para exemplificar, o caso dos trabalhadores que não aumentavam seu ritmo de trabalho por maiores salários, e algumas vezes diminuíam, ou seja, trabalhavam menos para manter seu estilo de vida. Consequentemente, se criou novas demandas, que só seriam supridas com o aumento do ganho.

        O espírito do capitalismo é fruto dessa reeducação, que insere os indivíduos numa nova perspectiva de vida na qual o trabalho não é um meio para manter um determinado estilo de vida ou de obter ganho pura e simplesmente; e sim “como um fim em si: como uma vocação” (WEBER, p. 39). Nisso consiste o espírito do capitalismo, defendido pelo Weber.

        CAPÍTULO III - A CONCEPÇÃO DE VOCAÇÃO DE LUTERO; TAREFA DA INVESTIGAÇÃO:

        É a partir de uma conotação religiosa “-  a de uma tarefa ordenada, ou pelo menos sugerida por Deus,” - que o Weber traça a origem do termo ‘vocação’, no sentido de uma plano de vida ou de trabalho. Segundo o autor, nem os povos católicos nem os povos da antiguidade clássica conheciam expressão semelhante; no entanto, é predominantemente de conhecimento dos protestantes. Não é um termo do texto original da bíblia, e apareceu pela primeira vez em tradução feita por Lutero. O autor argumenta que isso não está relacionado às características étnicas, mas da própria religiosidade protestante. O seu significado é produto da Reforma, enquanto um novo momento histórico, uma nova era, “esta valorização do cumprimento do dever” (WEBER, p. 53). Tal pensamento mostra o único modo aceitável para Deus é o cumprimento das tarefas seculares impostas ao indivíduo por sua condição no mundo, e isso é vocação.

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