ADAM SMITH ERA UM LIBERAL?
Por: Fabio Assis • 15/2/2021 • Dissertação • 1.374 Palavras (6 Páginas) • 156 Visualizações
ADAM SMITH ERA UM LIBERAL?
Autor: Fabio Aparecido de Assis
É patente compreender inicialmente que a visão anticolonialista de Smith aparecem como aporte para o conjunto dos seus ensaios que compuseram os volumes de Riquezas das Nações. Circunscreve-se naquele compêndio que a natureza humana sempre conduziu o sujeito econômico à tentativas de diálogos sociais. As ideias inversas ao colonialismo geraram motivações e discrepâncias que questionavam sobre o legado mercantilista à coroa. Smith (1996) infere que a divisão de trabalho é a forma que se tem de assumir os efeitos da produção manufatureira para uma sociedade que prezasse pela sua economia no sentido mais amplo:
“Compreenderemos mais facilmente os efeitos produzidos pela divisão do trabalho na economia geral da sociedade, se considerarmos de que maneira essa divisão do trabalho opera em algumas manufaturas específicas. É comum supor que a divisão de trabalho atinge o grau máximo de manufaturas muito pequenas; não, talvez, no sentido de que nessas a divisão do trabalho seja maior do que em outras de maior importância; acontece, porem, que nessas manufaturas menores, destinadas a suprir as pequenas necessidades de um número pequeno de pessoas, o número total de trabalhadores é necessariamente menor, e os trabalhadores empregados em cada setor de trabalho muitas vezes podem ser reunidos no mesmo local de trabalho e colocados imediatamente sob a perspectiva do espectador.” (SMITH, 1996, p. 61)
As ideias colonialistas pouco favoreceriam a divisão de tarefas para maximizar a produção e, assim, Smith contempla como essas partes poderiam ser organizadas para a fabricação de produtos abastecendo a economia e gerando mais atividades. Ele defende o princípio mercantil o qual fundamenta a economia e a geração de riqueza.
A dominação colonial que fomentava a mão de obra escrava, para Smith, não geraria os mesmos ganhos e forma que cada colônia pouco contribuiria para o ideário aristocrático da amplificação dos bens. Com base nisso, a ideia de torná-las independentes para reduzir o prejuízo econômico, seria uma ideia cara a Smith. Ele atraía a simpatia das ideias independente porque elas dariam suporte aos princípios mercantilistas. Smith coloca que a mão de obra escrava seria um bem móvel e que não teriam como gerar amplitude de riqueza:
“O Sr. Locke adverte para uma diferença entre o dinheiro e os outros bens móveis. Segundo ele, todos os outros bens móveis são de natureza tão consumível que não se pode confiar muito na riqueza consistente deles, e uma nação que num determinado ano tem abundância deles pode ter grande escassez no ano seguinte, mesmo sem exportá-los, simplesmente em decorrência de seu próprio uso e abuso. Ao contrário, o dinheiro é amigo constante que, embora possa circular de mão em mão, desde que consigamos evitar que ele saia do país, está sujeito ao desgaste e ao consumo. (SMITH, 1996, p. 416)
Smith (1996) reservara-se à preocupação da saída do dinheiro do país porque a Coroa Britânica tinha as colônias americanas como representantes da liberalização e das possessões que elas geravam para o império. Com isso, o sistema de representação de riqueza que era mantido pelas colônias eram um canal de evasão da riqueza da Inglaterra e um motivo pelo qual esse dinheiro não constituísse valor para o império.
Evocando as ideias críticas coloniais, Smith defenderia que o sistema colonial não permitira uma reformulação mercantilista e o liberalismo seria tardio. Essa geração de riquezas defendida por Smith eram exclusivas de quem enriquecesse com a expansão ultramarina o que nem sempre qualificava geração de valor para o país. Ele também imputava ao colonialismo a dissipação e forças políticas as quais não sedimentariam no país a coesão do seu sistema político. Além disso, as relações não igualitárias e a despesas que o império tinha com expedições ultramarinas representariam escassez material para o país e evasão de valores econômicas que poderiam trazer dificuldades administrativas para a Coroa Britânica.
Os encargos sucessivos gerados pela manutenção das colônias resumiam-se em tributos recolhidos e a esses monopólio comerciais que Adam Smith classificava como possibilidades de preservar os canais econômicos do império uma vez que essas colonias pagavam suas taxas coroa por administrarem negócios locais. Fora essa tributação, o colonialismos era oposto à uma lógica mercantil.
O acúmulo de riquezas presentes nas colônias também eram dispêndio e não dariam garantia de geração de riqueza e estabilidade política. Acumular minérios e produtos que eram extraídos na colônia não significava ter dinheiro.
“[…] o ouro e a prata em algum momento estivessem aquém da demanda efetiva, em um país que tivesse com que comprar esse metais, seria muito mais fácil substituí-los do que importar, em geral, qualquer outra mercadoria. Se houver falta de gêneros alimentícios, a população passa fome. Mas se faltas dinheiro, o escambo supre a sua falta, embora com muitos inconvenientes.” (SMITH,1996, p. 421)
Nesse ponto, Smith (1996) contradiz-se quando sugere a sua crítica ao colonialismo face a um mercantilismo que evoca a independência, contudo sugere que as bases colonias continuem sendo mantidas pelo Império Britânica a fim de que seus monopólios continuem sendo a constituição geradora de renda. Gerar a independência das colônias para continuar a prevalecer com os monopólios em prol do enriquecimento da coroa não institui uma ideia liberal.
Ao pensar o enriquecimento do império, Smith que moldar novas formas econômicos e gera alguns entraves como a imposição de tarifas de forma que, para serem parte de um cenário de países independentes elas fossem parte da coroa, não mais como colônias, mas como frutos de sequenciais expansões territoriais que outrora foram dominadas pela coroa. Esse liberalismo econômico, para não de desligar das riquezas geradas e tributos pagos não deixariam de desvincular a natureza das colônias do império e seriam continuamente dependentes economicamente do seu território majoritário.
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