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Adam Smith

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Por:   •  28/10/2014  •  3.004 Palavras (13 Páginas)  •  173 Visualizações

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A Riqueza das Nações, Adam Smith

Introdução. Todos os bens necessários à vida e ao conforto consumidos anualmente por uma nação são fornecidos pelo seu trabalho anual e consistem na produção imediata desse trabalho ou em bens que essa produção permite comprar de outras nações. A produção é semelhante àquilo que ela permite comprar. A proporção entre a produção e o número de pessoas que devem consumi-la é determinada por dois fatores: primeiro, a habilidade, a destreza e o critério com os quais em geral se executa o trabalho da nação (forças produtivas do trabalho); em segundo, a proporção entre o número dos empregados em trabalho útil e o número dos desempregados. O primeiro fator é mais importante que o segundo. Nas nações civilizadas e prósperas, mesmo que grande parte pessoas não trabalhem, a produção do trabalho total da sociedade permite que todos se encontrem largamente providos e que mesmo o trabalhador da categoria mais pobre possa desfrutar de uma parcela maior de bens do que qualquer habitante de uma nação selvagem, em que todo indivíduo capaz de trabalhar está empregado em trabalho útil.

Livro I, Capítulo 1. A divisão do trabalho se caracteriza pela distinção entre diversas atividades e empregos de uma única atividade ou emprego. Nela, o conjunto do trabalho constitui uma atividade específica, e a maior parte das tarefas em que o trabalho está subdivididotambém consistem em ocupações especializadas. Seu grande efeito é o aperfeiçoamento e o aumento proporcional das forças produtivas do trabalho. A divisão pode ser mais facilmente notada nas manufaturas pequenas e triviais do que nas grandes manufaturas, que não comportam numa mesma oficina todos os diferentes ramos do trabalho. A divisão do trabalho é uma características das sociedades desenvolvidas e não está presente em estágios primitivos de sociedade. A agricultura não se encontra sujeita à mesma facilidade com que a divisão do trabalho é realizada na manufatura e, por isso, o aprimoramento das forças produtivas da agricultura nem sempre acompanha o da manufatura. As nações mais ricas se distinguem das suas vizinhas mais pela sua superioridade na manufatura do que na agricultura. O aumento da quantidade de trabalho executado por um conjunto de pessoas promovido pela divisão do trabalho deve-se a três fatores: aumento da destreza dos trabalhadores, economia de tempo e invenção de máquinas apropriadas que facilitam e abreviam o trabalho. À medida que a sociedade avança, até mesmo a filosofia e a ciência tornam-se ocupações específicas de uma determinada classe de cidadãos e subdividem-se em ramos distintos e especializados, aumentando sua extensão e o volume de trabalho que realizam. A multiplicação da produção realizada pela divisão do trabalho permite que as classes maisbaixas atinjam níveis de opulência, pois através troca dos produtos do trabalho entre os operários toda a fartura produzida é difundida pela sociedade. Assim, um operário de uma nação europeia desenvolvida pode ter necessidades maiores do que um rei africano.

Capítulo 2. A divisão do trabalho não foi projetada pela sabedoria humana, mas surgiu como consequência necessária da propensão da natureza humana a cambiar, permutar e trocar uma coisa pela outra. O homem é a única raça de animais que realiza contratos e acordos, e a certeza de poder trocar o excedente de produção do próprio trabalho pelo excedente de produção do trabalho de outros homens estimula todo homem a dedicar-se a uma atividade específica para a qual possui maior destreza. A diferença de talentos entre os homens não é natural e não cria a divisão do trabalho, mas é fruto dela. Entre os cães existe uma grande variedade de talentos naturais, mas, por não possuírem propensão à troca e terem de prover-se individualmente de todas as coisas de que necessitam para a vida e o conforto, os cães não podem ser úteis para a própria espécie nem tirar vantagem do talento de outros cães. O resultado da divisão do trabalho é a criação de um patrimônio comum que permite a cada homem adquirir todas as partes produzidas pelo talento de outros.

Capítulo 3. A divisão do trabalho é originada pelo poder de troca, e a sua extensãoé sempre limitada pela extensão desse poder, isto é, pela extensão do mercado. Em mercados reduzidos, onde a possibilidade de trocar os excedentes é limitada, não existe estímulo para a realização de atividades especializadas. Por isso, certos gêneros de atividade só podem ser encontrados em grandes cidades. Como o transporte aquático, por ser maior, mais rápido e mais barato, abre um mercado mais amplo a todo gênero de trabalho do que o proporcionado pelo transporte terrestre, as atividades de todos os tipos subdividem-se e aperfeiçoam-se primeiro nas costas marítimas e nas margens de rios navegáveis.

Capítulo 4. Numa sociedade em que há divisão do trabalho, todos os homens vivem da troca da parte do produto do seu próprio trabalho que excede o consumo próprio, pois podem satisfazer apenas uma pequena parte das suas necessidades com o produto do seu próprio trabalho. Para evitar o inconveniente da situação em que um homem não possui excedentes de sua própria produção para trocar por excedentes da produção de outro homem, na qual não há possibilidade de comércio, os homens, desde que a divisão do trabalho surgiu, administram seus negócios de modo que sempre tenham consigo mercadorias que dificilmente são rejeitadas em troca de produtos. Algumas sociedades utilizam como instrumento comum de comércio o sal, o açúcar, gado, tabaco, pregos etc. Em todos os países, no entanto,razões inelutáveis levaram o homem a adotar os metais para essa finalidade: sua durabilidade e sua capacidade de ser dividido e reunido por fusão. Diferentes nações adotaram diferentes metais: ferro, cobre, prata, ouro, etc. Na antiguidade, o metal foi utilizado sob a forma de barras toscas, sem nenhuma marca ou cunhagem, o que ocasionava dois inconvenientes: as operações difíceis e tediosas de pesagem e de avaliação da pureza, sem as quais as pessoas estavam sempre expostas a fraudes. Para prevenir esses abusos, facilitar as trocas e incentivar o comércio, verificou-se ser necessário imprimir uma marca oficial sobre certas quantidades de tais metais que eram ordinariamente usados para comprar mercadorias, e assim surgiram a moeda cunhada e as instituições públicas denominadas Casas da Moeda. Originalmente, as denominações das moedas exprimiam o peso ou a quantidades de metal nelas contidas. No entanto, em todos os países do mundo, os príncipes e Estados soberanos, para pagarem suas dívidas com uma quantidade de metal menor do que a que lhes seria necessária, fizeram

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