Análise Critica do Filme Ponto de Mutação

ANÁLISE CRÍTICA DO FILME: PONTO DE MUTAÇÃO (MINDWALK)

Quando paramos para pensar na influência que a globalização e a modernidade tem sobre as nossas vidas, podemos, por um lado, exaltar os seus benefícios. Mas, por outro lado, existe a face escura da modernidade: resíduos tóxicos, poluição e escassez de recursos naturais, o genocídio de culturas milenares, os fenômenos da expansão urbana proporcional a criminalidade, o crescimento do poder de armamento que deixa o mundo em alerta por outra guerra iminente e etc. É esta realidade gritante de um mundo em risco que nos leva a imaginar o que nos trouxe até aqui ou como o homem chegou a esse ponto e o que fazer para resolver os nossos problemas tão complexos.

É a mensagem que Frijof Capra tem colocado diante do "Ponto de Mutação", um filme baseado em seu livro de mesmo nome. O filme é ambientado na ilha de Mont St. Michel, uma ilha medieval localizada no noroeste da França que até o sec. X foi considerada como um lugar sagrado para muitas pessoas em busca de esclarecimento e de renovação espiritual. Um milênio depois, nos anos finais do século XX, esse cenário torna-se o local de uma conversa entre dois homens e uma mulher.

Jack, um político dos Estados Unidos, que acaba não conseguindo ser eleito presidente e desanimado com a política e os negócios de arrecadação de recursos necessários para a sua próxima campanha, procura seu velho amigo poeta que agora vive na França, Thomas que está sempre fazendo piadas e recitando poesia, o convida para deixar Washington temporariamente e passar algum tempo com ele. Tomando rumo para o interior da França, eles acabam no Mont. St Michel.

Lá, eles engatam uma conversa poética, filosófica, política e cientifica junto uma mulher chamada Sonia, que está em um ano sabático da sua vida. Ela havia trabalhado no desenvolvimento de um laser de raio-x e esperava que poderia ser usado para visualizar as células holograficamente, mas ao saber que sua descoberta estava sendo usada como uma arma, mesmo sem considerar as aplicações médicas, ela acabou por perder a fé e a confiança no sistema e se mudou para a França para pensar sobre a responsabilidade ética do cientista. Cada um deles com experiência em campos nos apresentam uma fascinante viagem sobre os sistemas e a teia da vida, um tanto quanto difícil de acompanhar em alguns momentos.

Mas, "Ponto de Mutação" é muito mais do que apenas uma "viagem” para o nosso pensamento, também é um filme que nos convida a examinar os hábitos de nosso estilo de vida que preferimos velar ou negar; hábitos que são responsáveis ​​pela destruição generalizada de todos os sistemas naturais e a perda de nossa capacidade de comungar com a nossa “terra”. Capra se refere a este processo de negação como uma "crise de percepção”, e uma forma de superar essa crise de percepção seria começar a questionar o pensamento linear e mecanicista de Descartes e Newton citados pelos personagens do filme para que possamos deixar de enxergar o mundo como uma máquina programada, mas enxerga-lo em seus variados sistemas como uma grande teia viva em que tudo está conectado e depende do bom funcionamento de uma interdisciplinaridade para seguir o seu curso de forma menos caótica.