Análise do Filme Não sei como ela consegue
Por: Andréa Dionízio • 10/11/2017 • Resenha • 736 Palavras (3 Páginas) • 624 Visualizações
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Disciplina: Tópicos em Psicologia do Trabalho – Cinema e Trabalho
Professor: Anísio Araújo
Andréa Dionízio da Silva – 11329901
Análise do Filme “Não sei Como ela consegue”, direção de Douglas McGrath .
O filme “Não sei como ela consegue” trata das dificuldades que uma mulher tem para conciliar a vida profissional e a vida pessoal sendo esposa e mãe.
As primeiras cenas em que personagens que convivem com kate (personagem principal) contam sobre aspectos da rotina dela, algumas mulheres se reconhecendo, outras não entendo bem mas elogiando o fato dela fazer muito e outras que não concordam com o tipo de vida que escolhido.
Nas cenas em que kate sai perturbada para cumprir horários nos compromissos com a família e com o trabalho, mostra de forma engraçada, até exagerada, o quanto a rotina da mulher é estressante. Outro ponto sobre este aspecto é o fato do uso de uma lista de tarefas diárias que serve para manter-se numa programação infinita até antes de dormir com revisão mental do que foi listado.
O filme também mostra algumas cenas (No momento em que Kate envia uma mensagem errada para o chefe; na reunião que tem com o mesmo chefe fica coçando a cabeça; numa videoconferência em que está arrumando a roupa), em que a postura de Kate, a meu ver, parece inadequada para uma profissional, entendo que faz parte da questão tragicômica que o filme transmite, mas chama a atenção também que para a mulher se inserir em trabalhos muito masculinos, precisa não perder a feminilidade ou mesmo se comportar como os homens, mas manter uma postura formal, cuidado, atenção e também um distanciamento seguro nas relações pessoais no ambiente de trabalho para que determinadas ações não sejam mal interpretadas. Tudo isso já parece ser bem desgastante e quando somado às demais responsabilidades e à discriminação simbólica, torna-se necessário um olhar especial para a saúde da trabalhadora.
Em algumas cenas, existe um sentimento de culpa de kate por passar muito tempo em reuniões e viajando, por não presenciar momentos que ela considera importante no crescimentos dos filhos, como o corte de cabelo do filho mais novo. Por outro lado, tem o apoio do marido, que é atencioso e compreensivo, apesar de demonstrar e chegar a falar sobre a distância da esposa. Sobre a relação conjugal e a mulher autorrealizada e bem sucedida na vida profissional, Dejours escreve que essa emancipação produz uma desestabilização, que no caso do filme é possível notar pelas cobrança com relação à negligência em aspectos domésticos simples e nos horários extras.
O conflito maior acontece quando Kate resolve assumir um compromisso maior no trabalho e com isso, menos horas de folga, mais trabalho, sendo difícil até se desligar do celular quando está com a família. Ou mesmo, tendo que sair de uma comemoração familiar para resolver problemas no trabalho e, não deixando o celular ligado durante uma reunião com o chefe quando ocorreu uma emergência familiar em que seu filho estava hospitalizado. Fazendo com que começasse a questionar o que era prioridade na sua vida. Dejours fala sobre uma fonte de resistência à mudança para uma boa saúde do trabalhador, a dificuldade que existe entre ter independência da vida no trabalho e fora dele. Ainda, coloca que a adaptação psíquica à vida do trabalho e à vida privada, que para uma boa saúde, implica em conciliar o funcionamento psíquico dos dois lados, o que não é fácil. Dessa forma, mesmo quando se atinge essa conciliação e se consegue estar mais ou menos bem no trabalho e mais ou menos bem na vida amorosa, e de forma mais ampla na vida afetiva e familiar, não se quer mudar essa situação. Cita ainda, que de acordo com pesquisas estatísticas realizadas em países que fazem estatística entre homens e mulheres, indicam que as mulheres sofrem muito mais no trabalho que os homens.
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