As Formas Elementares da Vida Religiosa

Teoria Sociológica

Fichamento

Texto:  DURKHEIM, E. Definição do fenômeno Religioso e da Religião. In. ________________. As Formas Elementares da Vida Religiosa. O sistema totêmico na Austrália. Tradução de Paulo Neves. Martin Fontes: São Paulo, 2000.

Nome: Thaísa Tavares Caetano

Ciências Sociais 2018.2

No livro “As Formas Elementares de Vida Religiosa”, Durkheim elabora uma pesquisa a respeito da religião no tentamento de apresentar uma teoria comum da religião, uma forma de compreender a essência desse fenômeno e sua relevância para a vida social, até em que parte a ciência pode apresentar na compreensão mais abstrata.

De princípio, Durkheim determina um método diferenciado para a pesquisa e a análise das religiões: busca começar seu estudo a partir da religião mais fácil e primária. Mesmo que esse fato aparente incoerente, Durkheim explica que, se tiver uma confrontação entre as formas mais superiores do pensamento religioso com as mais inferiores, provavelmente acontecerá um rebaixamento das superiores ao nível das inferiores, e isso não deve acontecer, pois afirma que “Todas são igualmente religiões, como todos os seres vivos são igualmente vivos, dos mais humildes plastídios ao homem. “ (DURKHEIM,2000, Introd. p.7)

Deste modo, Durkheim escolhe o sistema religioso mais primitivo fundamentado em dois princípios: antes de tudo, certa religião deve ser a mais entendível possível, em seguida, para esclarece-la não deve ser usada nem um componente carregado de qualquer religião anterior. Esta seleção metodológica é adotada por Durkheim, pois, de acordo com ele, no momento em que se dispõe a compreender alguma coisa, é fundamental retroceder progressivamente até seu estado mais primitivo.

“é preciso começar por remontar à sua forma mais simples e primitiva, procurar explicar os caracteres através dos quais ela se define nesse período de sua existência, fazendo ver, depois, de que maneira ela gradativamente se desenvolveu e complicou, de que maneira tornou-se o que é no momento considerado”. (DURKHEIM, 2000, Introd. p.8)

Como Durkheim diz no início do capítulo 1, anteriormente de pesquisar que religião é a mais fácil e primitiva se faz fundamental pontuar o que verdadeiramente é religião. Como de praxe Durkheim utiliza o método do corte das explicações concorrentes, onde perpassa os conceitos fundamentais de religião e os nega, até que, finalmente, inclui a sua própria visão.

Para alcançar isso, Durkheim, vai buscar o que existe de universal na religião. Primeiramente Durkheim pontua o conceito de sobrenatural, que geralmente relacionado à religião, não pode ser apontado como sendo alguma coisa característica da mesma, já que é relacionado ao incomum e surpreendente. Além de que, o sobrenatural é uma definição misteriosa a muitas sociedades.

“Pois as concepções religiosas têm por objeto, acima de tudo, exprimir e explicar, não o que há de excepcional e anormal nas coisas, mas ao contrário, o que elas têm de constante e regular. ” (DURKHEIM, 2000, p.10)

Um outro quesito pelo qual se buscou por muitas vezes determinar religião foi pela noção de divindade. Entretanto essa noção não é uma coisa que se expanda a todas as religiões, um exemplo é o budismo, jainismo e outras religiões da Índia, onde a ideia de Deus ou de um Espirito Superior é inexistente. Esse trecho do texto descreve bem essa associação em relação ao budismo:

“Em vez de rezar, no sentido usual da palavra, em vez de voltar-se para um ser superior e implorar a sua assistência, concentra-se em si mesmo e medita.”. (DURKHEIM, 2000, p.13)

Com o exemplo acima Durkheim demonstra uma forte religião onde a concepção de Deus ou divindade é inexistente, desta forma, esses princípios não conviriam para demonstrar as manifestações religiosas.

 De que maneira então definir religião? As pesquisas que precedem a obra de Durkheim observavam a religião como algo formado de um padrão inflexível, único. Quando, de fato, é um conjunto constituído por elementos.

“Procede-se como a religião formasse uma espécie de entidade indivisível, quando ela é um todo formado por partes; é um sistema mais ou menos complexo de mitos, de dogmas, de ritos, de cerimônias”. (DURKHEIM, 2000, p.18)

Portanto, de uma perspectiva metodológica, o que se deve pesquisar são os fenômenos fundamentais de que é constituída a religião. Durkheim considera que os fenômenos religiosos se dispõem perante duas classes essenciais: os ritos e as crenças.

 “Os fenômenos religiosos classificam-se naturalmente em duas categorias fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras são estados de opinião, consistem em representações; os segundos são modos de ação determinados. Entre esses dois há exatamente a diferença que separa o pensamento do movimento. ” (DURKHEIM, 2000, p.19)