Comentário sobre o Documentário “O Homem Urso”
Por: th4isalves • 19/6/2016 • Resenha • 661 Palavras (3 Páginas) • 576 Visualizações
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Ciências Sociais (Licenciatura) – 1º período
Thaís Alves Oliveira
Data: 04/05/2016
Teoria Antropológica – Daniela Manica
Comentário sobre o documentário “O Homem Urso” e textos discutidos em sala de aula;
Gostaria de iniciar este breve comentário sobre o filme já afirmando ser impossível falar e relatar tudo o que eu desejaria. Começarei pelo óbvio e bem explícito no documentário: o conflito entre os termos Natureza e Cultura. Digo que o paradoxo é explícito pois o próprio diretor, Werner Herzorg, dá uma perspectiva totalmente naturalista á película.
Timothy Treadwell, o amante dos ursos, têm esses como amigos, e atribui à eles (e também às raposas) a consciência e alma, a wakan, características humanas. Treadwell, repleto de sentimentalismo, diz se identificar com a vida selvagem e já se considera um urso, a filosofia do protagonista aproxima-se, se não é, do animismo, crê que todas as formas identificáveis da natureza possuem alma. Opondo-se ao animismo encontra-se a concepção do diretor e da maioria dos comentaristas que colaboram para a visão naturalista e moderna que o filme passa. Estes nomeiam Timothy como o “louco por ursos” que não soube respeitar o espaço da vida selvagem, um invasor do território dos ursos. Em um dos depoimentos, o antropólogo Sven Haakanson, curador do museu Alutiiq de Kodiak, critica Treadwell por ter invadido o “território dos ursos”, sem discutir a já invasão que nós, seres humanos, fizemos para com toda a natureza. Haakanson implicitamente critica a domesticação que este achou ter Timothy feito com os animais em contato, controlando a natureza através de sua cultura, quando na verdade, contesto, e digo que aparenta o contrário: a natureza animalizando a cultura do protagonista. E torna-se mais real ainda se os relatos de que Treadwell em contato com pessoas após a volta de seus meses com os ursos, rangesse e tivesse atitudes “selvagens” com elas, forem fatos.
Outro comentário bastante interessante foi o do agente de resgate que operou na procura por evidências na morte de Treadwell. Seus comentário podem ser considerados a personificação do paradoxo. Este diz que Timothy não deveria ter se aproximado tanto da vida animal e que sabia dos perigos e suas possíveis conseqüências. Ao mesmo tempo que possui esta linha de pensamento que se assemelha a do diretor e do antropólogo já citado, o mesmo refere-se aos ursos como “pessoas vestidas de ursos”, expondo involuntariamente uma visão animista e totemista; “Os animais são humanos que se disfarçam sob um corpo animal e ,ao mesmo tempo, não são humanos porque deixaram de sê-lo no tempo do mito.” Como aponta Renato Sztutman em “Natureza & Cultura, versão americanista – Um sobrevôo.
Não obstante, o agente de resgate diz que Timothy durou muitos anos nesta jornada junto à vida selvagem porque talvez os ursos achassem que ele era mentalmente doente, e o urso que o comeu cansou de tê-lo como “visitante deficiente”, reforçando mais ainda sua aparente perspectiva animista. Apesar de parecer ironia por parte do emissor do comentário, não o é. No momento da fala é perceptível a seriedade do agente.
Opondo-se à tais comentários conflitantes encontravam-se os amigos de Timothy, que pareciam partilhar do sentimentalismo do amante dos ursos e entender o por quê de sua aproximação com a natureza. Um exemplo disso é a namorada que morreu junto á ele, e que ao observar nas filmagens pareceu aos poucos aproximar-se mais dos ursos, como se fosse uma aprendiz de Treadwell.
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