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Comparação do quadrado do livro "A Trégua" com alguma praça mais atual e moderno

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Por:   •  7/11/2014  •  Resenha  •  771 Palavras (4 Páginas)  •  217 Visualizações

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1. Introdução

Este trabalho tem como objetivo comparar a praça do livro “A Trégua” com alguma praça mais atual e moderno, mostrando as diferenças de métodos planejamento e organização utilizados nas praças.

2. Trecho do Livro

Terça, 27 de agosto

Frio e sol. Sol de inverno, que é o mais afetuoso, o mais benévolo. Fui até a Plaza Matriz e me sentei num banco, depois de abrir um jornal sobre o cocô dos pombos. Diante de mim, um operário municipal limpava a grama. Fazia isso com parcimônia, como se estivesse acima de todos os impulsos. Como me sentiria eu, se fosse um operário municipal limpando a grama? Não, essa não é minha vocação. Se eu pudesse escolher outra profissão diferente desta que tenho, outra rotina diferente desta que me desgastou durante trinta anos, nesse caso escolheria ser garçom de café. E seria um garçom ativo, memorioso, exemplar. Buscaria suportes mentais para não esquecer os pedidos de todos. Deve ser magnífico trabalhar sempre com caras novas, falar livremente com um sujeito que hoje chega, pede um café, e nunca mais voltará por aqui. Gente é algo formidável, divertido, potencial. Deve ser fabuloso trabalhar com gente, em vez de trabalhar com números, com livros, com planilhas. Mesmo que eu viajasse, mesmo que fosse embora daqui e tivesse a oportunidade de me surpreender com paisagens, monumentos, caminhos, obras de arte, nada me fascinaria tanto como a Gente, como ver passar a Gente e esquadrinhar seus rostos, reconhecer aqui e ali expressões de felicidade e de amargura, ver como se precipitam todos rumo aos seus destinos, em insaciada turbulência, em esplêndida azáfama, e dar-me conta de como avançam, inconscientes de sua brevidade, de sua insignificância, de sua vida sem reservas, sem jamais se sentirem encurralados, sem admitir que estão encurralados. Creio que, até agora, eu nunca havia tido consciência da presença da Plaza Matriz. Devo tê-la atravessado mil vezes, talvez tenha amaldiçoado, em outras muitas ocasiões, o desvio que é preciso fazer para contornar o chafariz. Eu a vi antes, claro que a vi, mas não me havia detido para observá-la, para senti-la, para captar seu caráter e reconhecê-lo. Fiquei um bom tempo contemplando a alma agressivamente sólida do Cabildo, a face hipocritamente lavada da Catedral, o desalentado cabecear das árvores. Creio que nesse momento armou-se denitivamente em mim uma convicção: eu sou deste lugar, desta cidade. Nisso (e provavelmente em nada mais), creio que devo ser um fatalista. Cada um é de um só lugar na terra e ali deve pagar sua cota. Eu sou daqui. Aqui pago minha cota. Esse que passa (o de sobretudo comprido, orelha de abano, passo capenga e raivoso), esse é meu semelhante. Ainda ignora que eu existo, mas um dia me verá de frente, de perl ou de costas, e terá a sensação de que entre nós existe algo secreto, um recôndito laço que nos une, que nos dá forças para nos entendermos. Ou talvez esse dia nunca chegue, talvez ele não atente nunca para esta praça, para este ar que nos faz próximos, que nos emparelha, que nos comunica. Mas não importa; seja como for, é meu semelhante.

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