Conflitos sobre o controle de recursos naturais e alimentares como uma realidade constante

Em sociedades mais ou menos complexas, observamos ao longo de toda história, choques de poder e conflitos pelo controle dos recursos naturais e alimentares como uma realidade permanente. Esses conflitos assumem características diversas de acordo com o seu desenvolvimento em comunidades social e culturalmente coesas, ou envolvem relações de natureza diversa entre comunidades e culturas diferentes. Por exemplo, na sociedade feudal europeia da Idade Média vê-se um grupo dominante de “senhores” que controlam o trabalho camponês e a economia alimentar. Esse controle levou a protestos camponeses que tinham como objeto a manutenção dos direitos adquiridos. A liberdade de acesso aos recursos naturais era um motivo central nas reivindicações dos camponeses ingleses em 1381, e também na Alemanha em 1525. Mais complexos são os conflitos “transversais” verificados não em uma única agregação social e política, mas entre uma sociedade e outra. A sociedade mais forte exerce uma relação de domínio sob a outra passando a controlar seus recursos alimentícios.  Percebemos que essa relação, dominante-dominado, se aplica em maior escala em sistemas políticos mais complexos.  Exemplo disso é a Inglaterra moderna, que, por meio da classe dos proprietários de terras, exerce um controle estreito sobre os recursos alimentares Irlandeses, canalizando para si os produtos de prestígio e deixando no lugar, destinados ao consumo local, somente os produtos de menor valor nutritivo. Mesmo em contextos diferentes e modificados, tudo isso reapresenta o tema da luta de classes e reafirma o poder nas mãos da classe alta.

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