DIAS, Vagno E. M. “A escola unitária em Antonio Gramsci”

Resenha Crítica

DIAS, Vagno E. M. “A escola unitária em Antonio Gramsci”. In.: DIAS, Vagno E. M. A educação integrada e a profissionalização no ensino médio. Tese (Doutorado) em Educação, São Carlos, UFSCar, 2015

O aspecto central deste capítulo se encontra na proposta de Gramsci a um modelo de escola voltado para principios democráticos e humanistas, de modo a se pensar as relações sociais dentro da formação profissional, nao passando somente pela formação técnica. Interessante observar como as idéias de Gramsci retratam problemas atuais da educação brasileira.

A idéia de Gramsci, portanto, é pensar a “escola unitária”, essa escola que tem tanto a base da formação profissional quanto a base da formação humanizada. DIAS (2015) relatou que a percepção escolar gramsciana não deixou de estar atrelada à concepção de homem em Marx, especialmente de adolescentes que estão justamente no ensino médio. Para Gramsci, é preciso tratar os estudantes do ensino médio como adolescentes e não como criancas ou adultos. Ficou evidente que Gramsci nao negou a função reprodutora da escola, porém seu pensamento teve desde o início um compromisso com a transformação da sociedade, e ele procurou encarar a escola como uma instituição que, apesar de produzir o conformismo e a adesão, dentro de certas condições, também pode trazer um esclarecimento que contribui para a elevação cultural das massas.

Gramsci observou a tendência das escolas em fornecer uma formação com objetivos imediatistas, escolas estritamente preocupadas com a formação tecnica, ou seja, o uso do instrumento do trabalho pelo proprio trabalho, como se a educação servisse apenas para meios tecnicos profissionais trabalhistas. Para ele, o homem deveria ser o centro da discussão sobre a profissionalização, pois antes de ser considerado simples trabalhador, o homem tem outras necessidades mais complexas.

A questão que se apresenta na união trabalho e ensino é uma discussão de viés político. Indiscutivelmente a educação em Gramsci, portanto, é essencialmente política, no sentido de formar o homem como ser político, ser histórico. Então é enfatizada a necessidade de o trabalho assumir a mediação entre o homem e a natureza. Para ele, a necessidade histórica da escola do trabalho é também reconhecida pela educação socialista, como meio de elevar a produção social necessária à vida social, mas com viés completamente diferente da educação capitalista.

A crìtica que se faz sobre a criação de escolas profissionalizantes é que esse tipo de escola acirra as diferenças sociais. Em vez de qualificar para um determinado posto de trabalho, Gramsci defendeu que a escola capacite todo o indivíduo, mesmo que abstratamente, a ser dirigente.